Em mais de 110 anos de existência, o Verona tem apenas cinco títulos conquistados. Um deles, porém, da maior importância: a Serie A, em 1985. A história de poucas taças, mas de muita paixão e tradição, também foi construída por brasileiros, que desde os primeiros anos do Hellas ocuparam papel de destaque.
O Verona foi fundado em 1903, e já em 1914 contratou um dos primeiros oriundi (estrangeiros descendentes de italianos) do futebol do Belpaese. Este oriundo foi um brasileiro: o atacante Arnaldo Porta, nascido em Araraquara e que, em 16 anos de Verona (1914-30), se tornou o maior artilheiro da história do clube, com 74 gols. Apesar da marca, ele não consta em nossa lista, pela falta de informações e fotos da época – sem falar que, quando ele jogou, o Campeonato Italiano era dividido em grupos e o Verona não se destacava.
Outros jogadores brasileiros que não entraram na lista são Jorginho e Rômulo, que também têm cidadania italiana – à luz da história que construírem no futebol, podem subir na lista no futuro. Entre o nosso escolhidos estão o goleiro Rafael, que entrou em campo pelos butei em três diferentes divisões; Adaílton,
ex-Juventude e Parma, ídolo da torcida; e o craque Dirceu, que jogou três Mundiais com a Seleção.
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Para montar a lista, o Quattro Tratti levou em consideração a importância dos jogadores na história do clube; a qualidade técnica do atleta versus expectativa; sua identificação com a torcida e o dia a dia do time (mesmo após o fim da carreira); grau de participação nas conquistas; respaldo atingido através da equipe e prêmios individuais conquistados. Também foram computadas premiações pelas seleções nacionais. A partir disso, escolhemos os brasileiros que marcaram a história da equipe e escrevemos breves biografias dos cinco maiores. Antes, veja também a lista completa daqueles que já vestiram a camisa do clube veronês.
Brasileiros da história do Verona
Adaílton, Anderson, Arnaldo Porta, Babú, Cláudio Winck, Diego Farias, Dirceu, Emanuele Del Vecchio, Emerson, Fernandinho, Gilberto, Gladstone, Gustavo Campanharo, João Pedro, Jorginho, Marquinho, Matuzalém, Nenê, Nícolas, Rafael, Rafael Marques, Raphael Martinho, Reinaldo, Rômulo, Samir, Sergio Clerici e William.
5º – Emanuele Del Vecchio
Posição: atacante
Período em que atuou no clube: 1957-58
Títulos: nenhum
Com passagens por Santos, São Paulo, Boca Juniors, Napoli e Milan, Del Vecchio teve no Verona o seu primeiro clube no futebol italiano. Formado no Santos, o atacante ficou três anos no clube, chegou a ser convocado para a Seleção, mas perdeu espaço para Pelé e preferiu se transferir. Acabou ficando longe do radar canarinho, mas construiu carreira digna na Bota.
A única temporada do atacante descendente de italianos no Hellas foi positiva do ponto de vista individual: o jogador paulista anotou 13 tentos – cinco deles em um 5 a 3 contra a Sampdoria – e foi um dos goleadores da Serie A 1957-58. As atuações abriram as portas para que ele se transferisse ao fim da temporada para o Napoli, grande rival dos butei. O Verona, porém, acabou na lanterna do campeonato e foi rebaixado.
4º – Sergio Clerici
Posição: atacante
Período em que atuou no clube: 1969-71
Títulos: nenhum
Quase desconhecido no Brasil, Sergio Clerici teve poucas experiências por aqui: como jogador, passou pelos juvenis da Portuguesa Santista e, como técnico, teve pouco tempo em equipes como Ferroviária de Araraquara, Santos e Palmeiras. Na Itália, ao contrário, ele jogou por sete clubes, e atacante atuou por Lecco, Bologna e Atalanta antes de fechar com o Verona, no final da década de 1960.
Em dois anos pelo clube do Vêneto, o ítalo-brasileiro, apelidado de “El Gringo”, teve boas atuações, que lhe conferiram o posto de jogador mais importante do clube, ao lado de Emiliano Mascetti. Clerici foi o artilheiro dos butei em ambas as temporadas, com oito e 10 gols, respectivamente, e ajudou a equipe do estádio Marcantonio Bentegodi a permanecer na Serie A. Atacante de boa técnica e finalização apurada, ele também se destacou por Lecco, Bologna e Napoli, e está no time dos 100 maiores artilheiros da história da Serie A, com 103 gols.
3º – Dirceu
Posição: meio-campista
Período em que atuou no clube: 1982-83
Títulos: nenhum
Craque brasileiro dos anos 1970 e 1980, Dirceu chegou ao futebol italiano já na reta final da sua carreira, com 30 anos e três disputas de Copas do Mundo no currículo. O primeiro dos sete clubes do curitibano na Itália foi o Verona, que retornava à elite do futebol na Bota em 1982 e apostava nele como a grande contratação da temporada. Vestindo a camisa 10, Dirceu foi o líder de presenças do Hellas na temporada e um dos jogadores mais importantes do time treinado por Osvaldo Bagnoli.
Dirceuzinho comandava o meio-campo ao lado de Pietro Fanna e Antonio Di Gennaro, que serviam o artilheiro Domenico Penzo. O meia fez parte da equipe que serviu como o embrião daquele que se sagraria campeão italiano duas temporadas depois e, ao longo da temporada 1982-83, realizou 47 jogos e 6 gols. A contribuição de Dirceu foi muito importante para a equipe, que foi vice-campeã da Coppa Italia e conquistou um inédito 4º lugar na Serie A, melhor classificação na história scaligera, até então.
2º – Adaílton
Posição: atacante
Período em que atuou no clube: 1999-2006
Títulos: nenhum
“Grazie, Ada”! Poucos jogadores estrangeiros receberam uma despedida tão emocionante em Verona quanto Adaílton. Formado pelo Juventude e artilheiro do Mundial Sub-20 de 1997, ele passou por Parma e Paris Saint-Germain, mas se destacou mesmo pelo time do Bentegodi. Em sete temporadas, o gaúcho somou 52 gols em 163 partidas com a camisa gialloblù, uma marca mais que suficiente para que Adaílton seja sempre lembrado pelos torcedores. Afinal, é o quarto maior artilheiro da história veronesa – e o recordista entre estrangeiros.
Ada é lembrado não somente pelos números, mas também pelo caráter. O meia-atacante continuou com o clube, mesmo quando esse caiu para a Serie B, numa campanha em que não pode contar com seu principal atacante – lesionado, o canhoto jogou apenas três jogos na temporada. Na segundona, Adaílton enfrentou um dos piores momentos da história recente dos butei, que, falidos, lutavam para não cair. Com o brasileiro em campo, o time sempre cumpriu seu objetivo; assim que ele saiu, a queda foi inevitável.
1º – Rafael
Posição: goleiro
Período em que atuou no clube: 2007-16
Títulos: nenhum
Enquanto Adaílton defendeu as cores do Verona na segundona, Rafael chegou em momento ainda pior: os gialloblù jogavam a terceira divisão e lutavam para não caírem para a antiga Serie C2, correspondente à quarta divisão. O goleiro revelado pelo Santos foi contratado junto ao São Bento e virou titular assim que chegou ao Vêneto, aguentando a pressão do delicado momento dos butei. E assim ele continuou, praticamente inquestionável, ao longo de quase nove anos.
Goleiro bastante reativo e sem alarde, Rafael fez 314 jogos pela equipe, se tornando o quarto na lista dos atletas que mais vezes defenderam o clube – e o único estrangeiro entre os 10 primeiros. No primeiro dos oito anos como camisa 1 do time scaligero, Rafael enfrentou o play-out para evitar a queda do Hellas para a quarta divisão e, nas três temporadas seguintes, jogou na terceirona. Com a chegada do técnico Andrea Mandorlini, o Verona conseguiu o acesso à Serie B e, dois anos depois, à Serie A – na edição 2013-14 do torneio, Rafael foi o goleiro que mais defesas efetuou (157). Em janeiro de 2016, ele deixou o clube e se transferiu para o Cagliari, encerrando sua trajetória na cidade de Romeu e Julieta. Da terceira à primeira divisão, uma lealdade que não se vê por aí todos os dias: por isso, o paulistano é o maior brasileiro da história veronesa.
Rafael é um goleiraço. Sempre que acompanhava os jogos do Verona via ele salvando o time em diversas oportunidades. Com certeza tem seu lugar na história do clube.