Liga dos Campeões

Italianos na Europa, semana 3: Testes para cardíacos

Buffon voltou a ser Superman e foi fundamental para vitória da Juve sobre o Lyon (AP)

A semana dos times italianos nas competições continentais pode ser definido com uma célebre expressão cunhada pelo narrador Galvão Bueno: foi teste para cardíaco, amigo. Em especial, Juventus, Napoli, Inter e Roma viveram momentos mais estressantes, com distintos desfechos.

O time que teve percalços primeiro nesta rodada europeia foi a Juventus, que visitou o Lyon na terça-feira, pela Liga dos Campeões. Já se sabia que a Velha Senhora teria um jogo complicado no Stade des Lumières, mas o OL colocou a equipe italiana contra as cordas, exigindo que Buffon fizesse uma partida impecável, do início ao fim. O lendário goleiro falhou algumas vezes nas últimas semanas, mas voltou a seu nível e calou quem ousou dá-lo como acabado. Clark Kent voltou a ser Superman.

Gigi começou sua série de defesaças pegando um pênalti. Bonucci agarrou Diakhaby na área e Buffon voou no canto esquerdo para espalmar a cobrança de Lacazette e se tornar o segundo na lista dos goleiros que mais penalidades defenderam na Liga dos Campeões – quatro. No início do segundo tempo, o camisa 1 ainda fez um milagre ao, já caído, colocar para escanteio um chute à queima-roupa de Fekir, que ainda desviou em Bonucci.

Pouco após a defesaça, a Juve viu sua vida ficar mais complicada, por causa da expulsão de Lemina. Com isso, o Lyon pressionou ainda mais e obrigou Buffon a afastar o perigo mais uma vez, colocando seus reflexos para funcionarem diante de uma forte cabeçada de Tolisso. Quatro minutos depois, a história do jogo mudou: Cuadrado havia substituído Dybala e, em um contragolpe, fez um belíssimo gol. O colombiano tirou a marcação para dançar e acertou um chutaço quase sem ângulo, sem chances para Anthony Lopes.

Nos 20 minutos de jogo restantes a equipe treinada por Max Allegri soube cozinhar e administrar o resultado, que a mantém na ponta do Grupo H. A Juventus tem 7 pontos, assim como o Sevilla, que saiu vitorioso contra o Dinamo Zagreb. Os croatas são lanternas do grupo, sem um pontinho sequer, e o Lyon vem na terceira posição, com 3.

Candreva marcou seu primeiro com a camisa da Inter e manteve a equipe viva na Liga Europa (Getty)

Ufa!
Foi muito sofrido, mas a Inter conseguiu vencer o bom time do Southampton para exorcizar o fantasma do San Siro e voltar a ter chances de classificação à próxima fase da Europa League. Os italianos seguem na lanterna do Grupo K, com 3 pontos, mas estão muito mais próximos dos adversários: Hapoel Be’er Sheva e Southampton possuem 4 pontos e o Sparta Praga ocupa a liderança, com 6.

Em nenhum momento o time treinado por De Boer se mostrou superior ao treinado por Puel. O primeiro tempo viu domínio completo dos Saints, que colocaram a Inter contra as cordas com uma marcação pressão e muito gás. Na segunda etapa, porém, a Beneamata equilibrou o jogo e chegou ao gol com uma jogada de linha de fundo, construída, pasmem, exclusivamente por italianos: Santon avançou e cruzou rasteiro para que Candreva acertasse um belo chute no ângulo. Primeiro gol do ex-esterno da Lazio com a camisa nerazzurra.

Depois do gol a Inter mostrou mais confiança, apesar de pressionada. O Southampton voltou a crescer apenas depois da expulsão de Brozovic, que fez com que o time da casa recuasse e quase cedesse o empate. Handanovic precisou operar dois milagres, diante de van Dijk e Austin, e Nagatomo ainda tirou uma bola em cima da linha. Uma vitória importante, mas sem que o time merecesse. Ao menos dá moral para o futuro na competição.

Ainda na Liga Europa, Fiorentina e Sassuolo conseguiram resultados satisfatórios fora de casa. A equipe violeta venceu o Slovan Liberec com tranquilidade, na República Checa: o 3 a 1 e os dois gols de Kalinic podem ser o ponto de partida para espantar a má fase do atacante da equipe como um todo. A equipe lidera o Grupo J, com 7 pontos, ao passo que Paok e Qarabag dividem a segunda posição, com 4 pontos, e o Liberec é o lanterna, com 1.

Por sua vez, o Sassuolo não foi nada brilhante e, graças a um gol contra, arrancou um ponto importante fora de casa para seguir vivo no complicado Grupo F – hoje, o líder é o Genk, com 6 pontos, e o Athletic Bilbao é o último, com 3; Sassuolo e Rapid Vienna tem 4. No returno, os neroverdi disputam duas partidas em casa e largam com boas chances de passarem ao mata-mata da competição.

Totti brilhou de novo, mas a Roma tropeçou no Austria Vienna (Getty)

Os reis do desperdício
Poderia ser dia de festa para a Roma, já que Totti chega a seu centésimo jogo pela equipe em competições Uefa. Tudo caminhava para o final feliz, uma vez que o capitão deu duas magistrais assistências de trivela – já são cinco passes para gol na Liga Europa – e a Loba vencia por 3 a 1. No entanto, uma autêntica romada tomou conta do Olímpico e o Austria Vienna empatou a partida em menos de cinco minutos.

É verdade que foram os austríacos que saíram em vantagem, depois que Juan Jesus perdeu bola no campo de defesa e, com belo voleio, Holzhauser fez o primeiro. Pouco depois, porém, a Roma empatou com o primeiro de três golaços: Gerson, escalado por Spalleti mais recuado, como meia pela esquerda, deu um lançamento que seria tranquilamente assinado por seu homônimo mais famoso, campeão mundial em 1970 pelo Brasil, e El Shaarawy encobriu o goleiro Almer.

Dali para frente, espaço para o show de Totti e a “debâcle” romanista. O quarentão achou o ítalo-egípcio com um outro lindíssimo lançamento e o Faraó El Shaarawy so teve o trabalho de dominar e, com a direita, colocar o ângulo. O ritmo mais baixo após o intervalo não impediu que Totti acionasse a infiltração de Florenzi com sua trivela mágica e assistisse seu discípulo fulminar o goleiro austríaco, sem deixar a bola cair no chão. Na reta final da partida, a defesa giallorossa dormiu, permitindo que Prokop e Kayode, em um espaço de três minutos, decretassem o 3 a 3 final. As duas equipes lideram o Grupo E com 5 pontos, seguidos por Astra Giurgiu (3) e Viktoria Plzen (2).

A verve esbanjadora também foi a tônica da atuação do Napoli diante do Besiktas, pela Champions. A equipe do sul do Belpaese começou a rodada com a chance de ser a primeira equipe da história da competição a garantir a classificação às oitavas de final com apenas três partidas disputadas, mas saiu amargurada. Precisava vencer os turcos (perdeu) e torcer para que Dynamo Kyiv e Benfica empatassem (os encarnados levaram). Os azzurri continuam líderes do Grupo B, com 6 pontos, mas ligaram o sinal de alerta, já que Besiktas e Benfica agora têm 4 pontos.

O Napoli nunca esteve à frente do placar contra os turcos no San Paolo. Logo aos 12 minutos, aliás, o lateral brasileiro Adriano aproveitou uma desatenção da zaga napolitana para abrir o placar, forçando a reação dos partenopei. Sarri ousou ao escalar Mertens como centroavante e o belga aproveitou bem a chance, sendo a principal fonte de perigo dos donos da casa – foi do baixinho o gol de empate, aparecendo na área para escorar cruzamento, como um autêntico 9. O primeiro tempo, no entanto, acabou com vitória parcial do Besiktas. Assim como contra o Benfica, Jorginho errou passe crucial e permitiu que Aboubakar ficasse na cara do gol e só deslocasse Reina.

Pouco após o intervalo, o Napoli teve pênalti a seu favor, mas Insigne bateu mal e Fabrício defendeu – Lorenzinho até chorou na saída de campo, sentindo a responsabilidade. Os azzurri empataram pouco depois, em outra penalidade (esta, convertida por Gabbiadini, substituto de Insigne), e se o empate não seria o melhor dos resultados, o nigeriano Aboubakar fez questão de piorar a situação napolitana, fazendo 3 a 2. O Napoli perdeu as três últimas partidas e o presidente Aurelio De Laurentiis se mostrou bastante irritado com algumas escolhas de Sarri nestes jogos. Cheiro de crise no ar.

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