Listas

Os 5 maiores técnicos da história do Napoli

Figurões: não trabalhamos. Ao longo de seus 90 anos de existência, o Napoli teve 65 treinadores e pouquíssimos deles chegaram ao clube com um currículo cheio de títulos. Portanto, a história azzurra foi construída passo a passo juntamente com técnicos “sem pedigree”, que quase sempre já tinham identificação com o clube como jogadores ou que fizeram sucesso somente no San Paolo.

Além dos nossos cinco escolhidos para a lista final, outros técnicos tiveram relevância para o Napoli. Anton Kreutzer foi o primeiro treinador azzurro, mas foi Eraldo Monzeglio que venceu o primeiro título do clube (uma Serie B, em 1950), nos sete anos que ficou em Fuorigrotta. Amedeo Amadei e Rino Marchesi também conseguiram bons resultados na Campânia, ao passo que Edoardo Reja é bastante respeitado por ter levado os sulistas da terceira para a primeira divisão, na crescente do renascimento napolitano nos anos 2000. Maurizio Sarri, atualmente no comando do time, já merece ser mencionado por causa da excelente campanha em 2015-16 e caminha para entrar no hall dos cinco maiores.

Curiosamente, o Napoli é o time da Velha Bota que teve mais treinadores brasileiros: foram quatro, no total. O primeiro deles foi Paulo Innocenti, que comandou o clube em 1943 – o gaúcho também teve a honra de ter sido o primeiro capitão da equipe, que defendeu de 1926 a 1937. Também comandaram os napolitanos Angelo Sormani e Cané (de forma interina), além do nosso quinto colocado. Vamos à lista!

Critérios
Para montar as listas, o Quattro Tratti levou em consideração a importância de cada técnico na história do clube, do futebol italiano e mundial. Dentro desses parâmetros, analisamos os títulos conquistados, a identificação com a torcida e o dia a dia do clube (mesmo após o fim da carreira), respaldo atingido através da passagem pela equipe, grau de inovação tática e em métodos de treinamento e, por fim, prêmios individuais.

5º – Luís Vinício

Período no clube: 1973-76 e 1978-80
Títulos conquistados: nenhum

Pouco conhecido no Brasil, o mineiro Luís Vinícius de Menezes se transformou em Luís Vinício quando trocou o Botafogo pelo Napoli, ainda como jogador. Atacante de faro de gol e raro poder de finalização, Vinício se tornou ídolo dos azzurri nos anos 1950 e, ao virar técnico partenopeu, duas décadas depois, teve tanta importância quanto teve como jogador. Em sua primeira passagem como treinador pela Campânia, conquistou um terceiro lugar (1973-74) e um vice-campeonato (1974-75) da Serie A, igualando os melhores resultados dos napolitanos até aquele momento.

Em seus três primeiros anos comandando a equipe de Nápoles, Luís Vinício aplicou um estilo de jogo ofensivo, “à holandesa”, aproveitando ao máximo os brasileiros Cané e Sergio Clerici, que formavam a espinha dorsal do Napoli juntamente aos italianos Antonio Juliano, Giuseppe Bruscolotti e Tarcisio Burgnich. Além das boas campanhas no Campeonato Italiano, o ex-atacante por pouco não faturou a Coppa Italia em 1976: os azzurri bateram o Verona, mas o treinador natural de Belo Horizonte havia deixado a equipe ao fim da Serie A e não a comandou na fase final da copa, tendo sido substituído pelos auxiliares Alberto Delfrati e Rosario Rivellino. A segunda chance de Vinício sob a sombra do Vesúvio não foi das melhores, mas ainda assim o carinho da torcida permanece – Luís Vinício, inclusive, continua vivendo em Nápoles e costuma assistir a equipe no San Paolo, mesmo aos 85 anos.

4º – Walter Mazzarri

Período no clube: 2009-13
Títulos conquistados: Coppa Italia (2012)

Sem pedigree, Mazzarri é um dos vira-latas que conseguiram devolver a imponência ao Napoli. Muitos podem olhar torto para o toscano, principalmente depois que ele saiu chamuscado de sua pobre passagem pela Inter, mas não há como negar que WM foi um dos grandes responsáveis por fazer o time azzurro trilhar um dos melhores momentos de sua existência, atrás apenas da era de ouro maradoniana. Mazzarri deixou legado em Nápoles: o bom trabalho de Maurizio Sarri em Fuorigrotta atualmente só é possível porque o sósia de Dustin Hoffmann iniciou um projeto sólido anos antes, continuado pelo nada carismático Rafa Benítez. Os conceitos táticos e a abordagem filosófica do esporte são diferentes, mas foi o treinador nascido em Livorno que impregnou uma mentalidade vencedora e batalhadora na equipe, que passou a brigar por títulos desde sua chegada.

Quando Mazzarri aterrissou em Nápoles, o time partenopeo estava na Serie A havia apenas dois anos, depois de um período razoável nas divisões inferiores. Logo de cara, o treinador limpou a bagunça deixada por Roberto Donadoni e implementou seu 3-5-2, baseado em muita combatividade no meio-campo, rápidas transições e contragolpes laterais fortíssimos. Depois de oito meses no San Paolo, já obteve um bom resultado: 6ª posição e vaga na Liga Europa. Dali em diante, só fez a equipe crescer, baseando-se sobretudo no tridente formado por Ezequiel Lavezzi, Edinson Cavani e pelo capitão Marek Hamsík. Os feitos do toscano incluem duas classificações à Liga dos Campeões – que o clube só havia disputado com Maradona em campo –, um vice-campeonato da Serie A e uma taça da Coppa Italia, além de partidas memoráveis contra a rival Juventus. Cinco anos memoráveis para ele, que viveu o auge da carreira na Campânia, e para a torcida.

3º – Alberto Bigon

Período no clube: 1989-91
Títulos conquistados: Serie A (1990) e Supercopa Italiana (1990)

Se Albertino Bigon fosse um músico, seu Napoli teria sido um one hit wonder. O treinador vêneto estava na hora certa e no local certo, no único trabalho realmente relevante de toda sua carreira: foi ele o responsável por dirigir o Napoli nos dois últimos anos do ciclo maradoniano, o grande momento da história azzurra. Antes de treinar a equipe de Fuorigrotta, Bigon havia apenas passado pela Reggina e salvado o Cesena do rebaixamento em duas edições da Serie A e nem mesmo após o título italiano sua carreira decolou. De saída do Napoli, em 1991, foi treinar o Lecce na Serie B e depois disso foi pouco procurado por outros times – na Itália, dirigiu rapidamente Udinese, Ascoli e Perugia, e também rodou por Suíça, Grécia e Eslovênia.

Pouca importa agora se os acertos de Alberto Bigon em seus dois anos em Nápoles foram golpe de sorte ou se a genialidade de Diego Maradona e Careca foram as únicas responsáveis pelos títulos da Serie A e da Supercopa Italiana. Fato é que o paduano soube aproveitar a base deixada por Ottavio Bianchi e continuou fazendo o time executar bem a sua adaptação da zona mista, com líbero, três zagueiros, três volantes e liberdade para Maradona, Careca e Bruno Giordano. Na temporada do bi napolitano, a equipe de Bigon fez excelente primeiro turno, mas viu o favorito Milan de Arrigo Sacchi e Marco van Basten ultrapassá-la – justo o Diavolo, time o qual Albertino defendeu, como meio-campista, por 10 anos. Graças a uma vitória por 3 a 0 sobre os rossoneri e alguns tropeços do time de Milão, o Napoli foi campeão por dois pontos de vantagem. Após um 8º lugar em 1990-91, Bigon acabou sendo demitido.

2º – Bruno Pesaola

Período no clube: 1962-63, 1964-68, 1976-77 e 1982-83
Títulos conquistados: Coppa Italia (1962), Copa dos Alpes (1966) e Copa da Liga Ítalo-Inglesa (1976)

Nascido na Argentina, tal qual Maradona, Pesaola também foi um grande ídolo do Napoli. Apelidado de “Baixinho” – petisso, em espanhol –, ele vestiu a camisa do clube por oito anos e ainda treinou os campanos em quatro oportunidades, o que aumentou ainda mais sua identificação com o clube e o fez se tornar uma verdadeira bandeira azzurra. Pesaola, que se dizia um argentino de alma napolitana, teve seus dois primeiros períodos como treinador em Nápoles como os mais frutíferos. Ele assumiu o time na Serie B e, além de obter o acesso à primeira divisão, e ainda deu ao Napoli o seu primeiro título relevante, a Coppa Italia de 1962. O Petisso acabou deixando o time após divergências com a diretoria, que culminaram no rebaixamento, mas retornou em 1964 para fazer os azzurri entrarem definitivamente no hall dos grandes times da Itália.

Pesaola tirou o time da segundona outra vez e, na volta à elite, ganhou os reforços de José Altafini e Omar Sívori, que se juntaram a Cané e Juliano para formar a espinha dorsal de um time fortíssimo, o melhor da história do clube até Maradona aparecer. O Petisso fez os partenopei jogarem um futebol bonito, ofensivo e eficaz, que deu ao clube a taça da Copa dos Alpes e a chance de brigar pelo scudetto – em três anos, o Napoli foi quarto, terceiro e segundo colocado da Serie A. O treinador natural de Buenos Aires passou quase 10 anos rodando pela Itália, mas como era um motivador nato, foi chamado outras duas vezes para apagar incêndios na Campânia. A última temporada rendeu a Pesaola uma de suas mais marcantes lembranças: antes dos pênaltis cobrados por Moreno Ferrario, ele se agarrava a um terço e fechava os olhos. Tanta dedicação e amor às cores azuis fizeram com que o ítalo-argentino fosse selecionado para o Hall da Fama do Napoli.

1º – Ottavio Bianchi

Período no clube: 1985-89 e 1992-93
Títulos conquistados: Serie A (1987), Coppa Italia (1987) e Copa Uefa (1989)

O maior treinador da história do Napoli só poderia ser o responsável pela melhor equipe azzurra de todos os tempos e o mais vitorioso a passar pelo Vesúvio – três títulos, tal qual Pesaola. Bresciano de nascimento, Ottavio Bianchi foi um bom meia dos anos 1960 e 1970 e atingiu seu auge com a camisa do Napoli, justamente treinado por Pesaola. Como treinador, o lombardo chegou a Nápoles depois de vencer a Serie C1 com a Atalanta e realizar trabalhos dignos na elite em times de província, como Avellino e Como. Sem currículo estelar, foi uma aposta do presidente Corrado Ferlaino, que fez do carequinha sua aposta pessoal em substituição a Rino Marchesi, que não repetiu seu primeiro biênio e obteve apenas uma 8ª posição em 1984-85, mesmo com Maradona à sua disposição. El Diez já era um dos principais jogadores do mundo àquela época e Bianchi usou isso a seu favor.

O lombardo rapidamente fez os azzurri melhorarem de produção com a utilização de um 3-4-1-2 de bastante proteção defensiva e liberdade aos atacantes, mas foi a partir das chegadas de Andrea Carnevale e Fernando De Napoli, em 1986, que o time partenopeu se tornou imparável. Com mais solidez, o trio Ma-Gi-Ca (Maradona, Giordano e Carnevale) liderava a equipe, que conquistou com méritos e folga a Coppa Italia e, principalmente, o scudetto – o primeiro da história de um clube do sul e dos napolitanos. Eleito melhor técnico do país em 1987, Bianchi ainda ganhou o reforço de Careca para conduzir o Napoli ao título da Copa Uefa, em 1989, e aos vices da Serie A (1988 e 1989) e da Coppa Italia (1989). Em 1992-93, época menos badalada na Campânia, ainda retornou para tirar o clube de uma situação delicada e fazer um campeonato tranquilo.

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