Serie A

Os brasileiros da Serie A 2017-18

Poucos países tem tanta ligação com o Campeonato Italiano quanto o nosso. Embora nos últimos anos boa parte dos principais jogadores brasileiros tenham ido atuar em outros mercados europeus, a Itália nunca deixou de receber grandes contingentes de atletas do Brasil. Nesta temporada, 41 disputarão a primeira divisão da Velha Bota. Cinco deles, com dupla cidadania, já receberam convocações para a seleção azzurra.

No total, 16 equipes tem jogadores brasileiros em seus plantéis: somente Benevento, Chievo, Crotone e Genoa não contam com qualquer atleta tupiniquim em suas fileiras. A distribuição de nossos compatriotas pelas outras agremiações é bastante desigual e é na capital do Belpaese que a maior parte dos brasileiros joga. Onze estão na Cidade Eterna, divididos entre Roma (seis) e Lazio (cinco). Atalanta, Cagliari, Inter, Napoli, Udinese e Verona também contam com significativas colônias brasileiras. Confira a lista completa no nosso especial.

Atalanta: Rafael Toloi, João Schmidt e Rodrigo Guth


Ú
nico brasileiro titular da Atalanta, Rafael Toloi esteve muito próximo de sair do clube neste verão, mas acabou permanecendo. O ex-jogador de Goiás, São Paulo e Roma é uma das forças da equipe de Gian Piero Gasperini, que surpreendeu a todos com o quarto lugar inédito na última Serie A. Toloi está em sua terceira pelos nerazzurri de Bérgamo e tem tanta moral que assumiu o posto de vice-capitão do time.

João Schmidt, que também teve passagem pelo São Paulo, chegou há poucos meses, contratado como agente livre e ainda busca espaço em Zingonia. O volante, porém, tem características para convencer Gasperini a utilizá-lo com frequência nesta temporada, especialmente em um ano em que a Dea tem calendário lotado por causa da Liga Europa. Promessa do Coritiba, o zagueiro Rodrigo Guth foi uma das últimas contratações da Atalanta na última janela de transferências e fará parte do fortíssimo setor juvenil do clube, podendo ser relacionado para algumas partidas dos profissionais.

Bologna: Angelo da Costa


Veterano goleiro revelado pelo Santo André, Da Costa – conhecido como Júnior Costa por aqui – completará uma década de Itália em 2018. Após passagens por Varese, Ancona e Sampdoria, acertou com o Bologna em 2015 e sempre foi um valoroso reserva. Na última temporada, o paulista jogou um turno inteiro por causa dos problemas cardíacos que afastaram o titular Mirante – o goleiro italiano recuperou o posto já no final do ano e Da Costa voltou ao banco. Este é seu último ano de contrato com o clube emiliano.

Cagliari: Rafael, João Pedro e Diego Farias


O Cagliari continua com seu trio de brasileiros em sua segunda temporada após o retorno à elite. Os três foram titulares no em 2016-17, mas isso deve mudar neste campeonato. João Pedro completa seu quarto ano na Sardenha, onde sempre teve um espaço generoso no time, e hoje é o camisa 10 e o trequartista da equipe de Rastelli.

O treinador também conta com o veloz Diego Farias, que está na Itália desde 2005, quando chegou ainda adolescente na base do Chievo Verona: pouco conhecido no Brasil, o atacante é protagonista dos casteddu e acumula 29 gols em 92 partidas pelo time. Já Rafael, aos 35 anos, é mais um veterano no futebol italiano, e depois de nove anos e mais de 300 partidas pelo Hellas Verona representa os rossoblù desde janeiro de 2016. Titular na reta final da última temporada, dessa vez começa como opção ao jovem Cragno.

O sorriso engana: primeiros passos de Vitor Hugo na Fiorentina não são positivos (Firenze Viola)

Fiorentina: Vitor Hugo


O zagueiro Vitor Hugo foi um dos primeiros a desembarcar em Florença para dar
início à reformulação da Fiorentina, que contratou 15 novos jogadores. Campeão brasileiro pelo Palmeiras, o paulista já estava acordado com o clube ainda antes da janela de transferências ter aberto e chegou com moral, mas viu sua boa reputação ser abalada ainda na pré-temporada.

Pudera: chegou como substituto do veterano Rodríguez, ex-capitão e ídolo da torcida, mas gerou desconfiança com apresentações irregulares nos amistosos. Titular na primeira rodada da Serie A, conheceu Icardi, a quem declarava nunca ter visto jogar: 3 a 0 para a Inter e dois gols do argentino, que lhe foi amplamente superior. Vitor Hugo acabou perdendo o posto para Pezzella, contratado no final do mercado, e virou o primeiro reserva da zaga titular, completada pelo capitão Astori. Ele também tem a concorrência da promessa sérvia Milenkovic, que brilhou na Euro sub-21 deste ano.

Inter: Éder, Miranda e Dalbert


Sai Gabriel Barbosa, entra Dalbert. A promessa do Santos acabou emprestada ao Benfica, depois de um apagado ano de estreia no futebol europeu (foram apenas dez presenças e um gol), enquanto o lateral que veio do Nice é a última esperança para resolver os problemas do lado esquerdo da defesa interista e enfim relegar Nagatomo ao banco.

Por sua vez, Miranda entra no seu último ano de contrato com a Inter depois de uma temporada em que o próprio foi bastante criticado, mas tem boas chances de renovar: nos primeiros jogos, tem tido bom desempenho ao lado da revelação Skriniar e é um dos líderes da equipe de Spalletti. Com cidadania italiana, Éder segue muito valorizado no clube e funciona como um coringa para o ataque nerazzurro. É o primeiro reserva de Icardi e Perisic.

Bicampeão italiano, Alex Sandro segue firme como titular da Juventus (Getty)

Juventus: Douglas Costa e Alex Sandro


Neto cansou de ser reserva do highlander Buffon e embarcou para Valência, mas Alex Sandro não ficou sem um parceiro brasileiro em Turim. O lateral-esquerdo, aliás, foi alvo de forte interesse do Chelsea, mas não fez questão de sair do clube, que também rejeitou as várias ofertas recebidas. Convocado para a Seleção para substituir Marcelo, é uma das referências da equipe de Allegri e um dos melhores do mundo na sua posição.

Ao seu lado, agora conta com o veloz e habilidoso Douglas Costa, contratado para solucionar um problema constante da Velha Senhora: a certa dificuldade para acelerar o jogo, especialmente na Liga dos Campeões. O ex-jogador de Grêmio, Shakhtar Donetsk e Bayern de Munique também liga o alerta para Cuadrado, que vem de más atuações e pode perder o lugar no time.

Lazio: Lucas Leiva, Felipe Anderson, Wallace, Luiz Felipe e Maurício


Nenhuma cidade abriga tantos brasileiros da Serie A quanto Roma. A Lazio conta com cinco deles, sendo três peças importantes no sistema de Inzaghi. No seu quinto ano na Itália, Felipe Anderson segue protagonista e é o jogador mais criativo da equipe, mesmo com suas (já habituais) atuações irregulares. O brasiliense ainda não entrou em campo nesta temporada por causa de uma lesão, que o tirou da pré-temporada e afetou sua preparação, abrindo espaço para Luis Alberto. Para a infelicidade de Felipe Anderson, o espanhol tem aproveitado a chance e o experiente português Nani chega para ser seu concorrente de peso à titularidade.

Falando em veterano com currículo na Inglaterra, Lucas Leiva saiu do Liverpool depois de uma década para substituir o capitão e xará argentino Biglia. Titular na Supercoppa contra a Juventus, esteve ausente na estreia na Serie A e retornou na segunda rodada contra o Chievo, atuando por 60 minutos. Presença constante no time, o zagueiro Wallace gera desconfiança pela irregularidade, mas não deixa de ser um jogador valorizado na equipe e ganhou espaço desde a mudança para a defesa com três zagueiros. Outros dois da posição, Luiz Felipe e Maurício não têm espaço no elenco, e enquanto o primeiro jamais atuou pelo time principal e veio de um ano sem destaque na Salernitana (clube satélite de propriedade do presidente Claudio Lotito), o segundo retornou de empréstimo e nem mesmo foi inscrito na Serie A. Só ficou na Cidade Eterna porque não recebeu ofertas.

Milan: Gabriel


Um dos vários goleiros brasileiros na Itália, Gabriel segue sem espaço no Milan, clube com o qual tem contrato até 2019. O mineiro de Unaí não tem nenhuma perspectiva de ser utilizado pelo Diavolo: foi emprestado em janeiro ao Cagliari, teve apenas três presenças e nem voltou a jogar depois de sofrer cinco gols da Inter, em março. Nesta temporada, não foi inscrito na Serie A: seria o quarto goleiro do elenco, atrás dos irmãos Donnarumma e do veterano Storari. Como não há exigência para que arqueiros reservas estejam inscritos previamente para poderem ser relacionados em partidas, pode aparecer no banco em caso de lesão dos colegas.

Napoli: Rafael, Allan, Jorginho e Leandrinho


Outro goleiro relegado ao ostracismo na Itália, Rafael é o brasileiro que há mais tempo está em Nápoles. Isso não significa, porém, que seja visto com bons olhos por Sarri: nunca mais voltou a ter espaço depois de ter sido titular em boa parte da temporada 2014-15 e ainda vem convivendo com problemas físicos desde então. Se Cabral não goza de prestígio em Fuorigrotta, por outro lado, o meio-campo, setor de mais destaque no sistema de Sarri, conta com dois brasileiros: Allan e Jorginho.

O ex-volante do Vasco teve três ótimos anos na Udinese e foi protagonista no primeiro no Napoli, mas no último teve que suar por um lugar no time graças à concorrência de Zielinski – a rotação de elenco permanece nesse ano. Por sua vez, Jorginho começou 2016-17 em ritmo lento, perdeu espaço para o jovem Diawara, mas finalizou a última temporada em ótima fase e se consolidou como um dos grandes mediocentros do futebol europeu atualmente, ainda que Ventura não reconheça o fato e o ítalo-brasileiro não tenha chances na Nazionale. O garoto Leandrinho segue treinando com o time principal e está na lista de inscritos na Serie A, porém ainda não estreou pelo time principal. No sub-19, deixou ótima impressão atuando como centroavante, mas, como é classe ‘98, não poderá mais jogar regularmente no Primavera.

Alisson terá espaço na Roma e titularidade garantida em vista do Mundial de 2018 (Getty)

Roma: Alisson, Juan Jesus, Bruno Peres, Gerson, Emerson e Leandro Castán


A equipe mais brasileira da Serie A conta com pelo menos quatro jogadores do nosso país ocupando lugares importantes no elenco. Os outros dois apenas compõem o grupo e não deverão ter muitos minutos em campo. Depois de um ano na reserva, jogando Coppa Italia e Liga Europa com bom rendimento, o goleiro Alisson enfim virou titular e, em ano de Copa do Mundo, tem voltadas para si boa parte das atenções do público no Brasil: há grande expectativa para acompanhar seu crescimento no campeonato. Juan Jesus começou a temporada como titular da defesa por causa dos problemas físicos no setor, e mostrou sua utilidade nas duas primeiras rodadas, embora continue o mesmo defensor inseguro de sempre. Não falta concorrência para Bruno Peres na lateral direita (Florenzi e Karsdorp estão sedentos para jogar), mas o lateral tem seu espaço e começou o ano como titular, embora agora também esteja machucado.

Por falar nisso, Emerson Palmieri se recuperou muito rápido de lesão no tendão que o tirou da primeira convocação para a seleção italiana em junho, e até mesmo já foi procurado pelo Liverpool, ainda que o negócio não tenha sido concluído na última janela. Titular com Spalletti, começa o ano como reserva de Kolarov e espera recuperar a forma em breve. Recuperado de um tumor cerebral, Leandro Castán não deixou boa impressão no Torino e teria sido negociado pela Roma, o que não aconteceu porque problemas físicos na defesa romanista levaram-no a ser reintegrado ao grupo. Castán, tal qual o jovem meia-atacante Gerson, não tem muito espaço no sistema de Di Francesco. Os dois apenas recheiam o extenso elenco romanista.

Sampdoria: Dodô


Dodô estagnou. Sem deixar os problemas físicos para trás, o lateral não conseguiu uma sequência na Sampdoria desde que chegou, em janeiro de 2016, quando terminou a temporada como titular. A partir da contratação do técnico Giampaolo, o ex-jogador de Corinthians, Bahia, Roma e Inter voltou a perder espaço, assim como na Beneamata. Dodô deixou boa impressão no início do trabalho com Mazzarri, foi até convocado para a Seleção e não voltou mais a jogar depois de uma lesão e da mudança de treinador. Para piorar sua situação em Gênova, a diretoria blucerchiata contratou dois laterais canhotos: Murru e Strinic. Ou seja, depois da transferência frustrada para o São Paulo por causa da falta de tempo, ele ficará mais um ano parado.

Sassuolo: Rogério


Mais um brasileiro esquecido na Serie A. O jovem Rogério, revelado pelo Internacional, volta ao Sassuolo em empréstimo da Juventus. Rogério fez parte dos times sub-19 dos dois clubes, porém nunca foi relacionado para os jogos na primeira divisão. Na hierarquia da lateral esquerda neroverde, está atrás do veterano Peluso, do lesionado Dell’Orco e até mesmo do destro Adjapong, que às vezes é improvisado na posição. Classe ‘98, não poderá seguir na Primavera, então compõe o elenco de Bucchi e tentará mostrar serviço ao treinador.

Spal: Felipe e Gabriel Barbosa


Há quase duas décadas na Itália, Felipe foi uma das apostas para trazer experiência à Spal no seu retorno para a elite. Depois de passagens por Udinese, Fiorentina, Cesena, Siena, Parma e Inter, o veterano zagueiro estava jogando normalmente no time titular spallino durante a pré-temporada, mas sofreu lesão uma semana antes da estreia na Serie A e ainda não fez partidas oficiais. Gabigol saiu, mas a Itália segue com um atacante chamado Gabriel Barbosa. Promessa do Palmeiras, o centroavante ‘99 impressiona pela capacidade física: no momento está emprestado e, a princípio, jogará pela equipe sub-19 do clube de Ferrara.

Lyanco ainda não estreou pelo Torino, mas é bem visto por Mihajlovic (Tuttosport)

Torino: Lyanco


Outro são-paulino que chegou na Itália para esta temporada, Lyanco está em Turim desde março e embora esteja atrás de N’Koulou, Moretti e Burdisso na briga por um lugar no time titular, há grande expectativa para o seu desenvolvimento no futebol italiano. O zagueiro, inclusive, fez parte da campanha de lançamento do novo uniforme do Torino. Descendente de sérvios, agora espera uma oportunidade do seu quase compatriota Mihajlovic.

Udinese: Samir, Danilo, Ryder e Ewandro


Uma das praças mais receptivas a brasileiros na Itália é Údine e, como sempre, o time principal da Udinese conta com alguns. Para esta temporada, saíram Felipe, Gabriel Silva e Lucas Evangelista, mas outros quatro “canarinhos” permaneceram para levarem verde e amarelo para o bianconero friulano. Dois formam a defesa titular do time de Delneri: capitão desde a aposentadoria de Di Natale, Danilo está no sétimo ano no Friuli e embora tenha sofrido uma queda considerável de rendimento a partir de 2015, segue absoluto no clube. Samir já está recuperado de lesão sofrida na reta final de 2016-17 e espera manter as boas atuações, no centro da defesa ou na lateral esquerda.

História diferente para Ryder Matos: desde 2007 na Itália, estagnou em sua evolução e apenas completa o ataque, embora com a saída de Théréau haja alguma expectativa de que ganhe mais espaço. Pior ainda a situação de Ewandro, que ficou apenas no banco nesta temporada, como já aconteceu no primeiro ano na Itália.

Verona: Nícolas, Rômulo e Daniel Bessa


O Verona tem tradição com brasileiros e mantém três em seu elenco. O principal deles é um goleiro, tal qual Rafael, atualmente no Cagliari e ídolo do clube: Nícolas ganha sua primeira oportunidade na Serie A aos 29 anos, depois de ser eterno reserva do compatriota. Desde 2011 no clube, o rondoniano virou titular somente na última Serie B, atuou em todas as rodadas e manteve bom rendimento, justificando a confiança da diretoria e do treinador Pecchia.

O time titular conta com outros dois brasileiros, ambos com cidadania italiana: depois de passagem frustrada pela Juventus marcada por problemas físicos, Rômulo é um dos líderes da equipe e sua versatilidade pelo lado direito do campo é bem explorada no sistema de Pecchia. Por sua vez, Daniel Bessa (com passagens pela seleção sub-18 azzurra), enfim está correspondendo à expectativa deixada no setor juvenil da Inter. Em Appiano Gentile, Bessa foi campeão italiano e europeu em 2012, se destacando na equipe de Stramaccioni. O talentoso meia-atacante foi titular absoluto na segundona e acabou contratado em definitivo junto à Inter no ano passado. Iniciou 2017-18 com ótimo desempenho e teve até direito à braçadeira de capitão diante da ausência de Pazzini.

Benevento, Chievo, Crotone e Genoa: nenhum
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