A 31ª rodada contou com fortes emoções nas duas pontas da tabela. Na briga pelo título italiano, a Juventus chegou a dar esperanças ao Napoli, enquanto tropeçava no Benevento, mas reagiu e colocou pressão nos napolitanos. Pressão que foi sentida no San Paolo: até os minutos finais do confronto contra o Chievo, os azzurri praticamente davam adeus ao scudetto, mas numa virada épica, conseguiram ao menos manter os quatro pontos de distância para a líder. Roma e Inter tropeçaram e quem agradeceu foi a Lazio, que assumiu a terceira colocação. Na parte de baixo, Crotone e Verona aumentaram as esperanças de tentar se salvar do rebaixamento: do 14º colocado para baixo, existe o risco de queda à segunda divisão.
Napoli 2-1 Chievo
Milik (Insigne) e Diawara | Stepinski
Tops: Milik (Napoli) e Sorrentino (Chievo) | Flops: Mertens (Napoli) e Meggiorini (Chievo)
O Napoli segue vivo e a disputa pelo título da Serie A segue aberta. Mas foi sofrido, mais até do que se esperava. Jogando em casa contra um ameaçado Chievo, os napolitanos saíram atrás do marcador e só conseguiram a vitória nos minutos finais, com gols de Milik e Diawara. O guineense, aliás, marcou seu primeiro gol na Serie A, após 69 partidas. E não havia hora mais importante, já que a virada só saiu aos 48 do segundo tempo. Até então, o Napoli criava as principais jogadas pela esquerda, em cima de Depaoli, mas o ataque não funcionava. Aliás, o poder ofensivo azzurro tem sido algo que preocupa, uma vez que a equipe (que tem média de gols de mais de dois por partida) tinha feito apenas quatro gols nas últimas quatro rodadas.
Sem marcar há três, Mertens teve a chance de quebrar o tabu de nunca ter anotado ante o Chievo, mas o belga perdeu um pênalti, parando em Sorrentino. Fazer gol a partir de penalidades no experiente goleiro, aliás, tem sido uma difícil missão: apenas um dos quatro cobrados não parou em suas mãos. O drama que se instalava no olhar dos torcedores ficou ainda maior quando Stepinski abriu o marcador aos 27 da segunda etapa, aproveitando um vacilo de Koulibaly na saída de bola. Se lançando por completo ao ataque, o Napoli chegou ao gol de empate aos 88. Insigne deu belo lançamento e Milik completou de cabeça para reacender o San Paolo. No minuto seguinte, o polonês quase virou, mas foi no último lance do jogo que Diawara, com uma frieza tremenda, colocou com categoria a bola no ângulo de Sorrentino e garantiu a vitória, comemorada com muita intensidade por torcedores e jogadores.
Benevento 2-4 Juventus
Diabaté (Guilherme) e Diabaté (Viola) | Dybala (Cuadrado), Dybala (pênalti), Dybala (pênalti) e Douglas Costa
Tops: Diabaté (Benevento) e Dybala (Juventus) | Flops: Djimsiti (Benevento) e Rugani (Juventus)
Com a cabeça no jogo da próxima quarta e na busca de uma improvável reação contra o Real Madrid, pela Liga dos Campeões, a Juventus foi pela primeira vez ao Ciro Vigorito encarar o lanterna Benevento com um time totalmente modificado. Dos 11 que começaram o jogo de Turim contra os madrilenhos, apenas Alex Sandro e Dybala estavam em campo. E o argentino foi o nome do jogo, anotando três gols e fazendo desta sua melhor temporada em termos de gols marcados: são 21, superando os 19 de 2015-16. Já na defesa, cresce a preocupação de Allegri. A dupla formada por Benatia e Rugani teve uma apresentação fraca e destoou, levando a Juve a sofrer, contra o lanterna, o mesmo número de gols dos 17 últimos compromissos. Com isso, a equipe bianconera não igualou a marca do Milan de Capello, que ficou oito jogos sem ser vazado como visitante em 1993-94 – a Juve parou em seis.
O show de Dybala começou logo aos 12 minutos, com um belo chute no ângulo de Puggioni. Com duas vitórias e dois empates nas últimas seis partidas em casa, o Benevento queria aumentar sua pontuação no campeonato e pressionou a Juventus. O empate, consequentemente, não demorou a chegar. Szczesny brilhou no chute de Djuricic, mas no rebote, Guilherme cruzou para Diabaté igualar. Com o auxílio do VAR, o árbitro Fabrizio Pasqua assinalou pênalti em Pjanic, e Dybala colocou os bianconeri novamente na frente. Mas a equipe sannita tinha Diabaté. O malinês igualou o marcador logo aos 6 da segunda etapa, anotando sua segunda doppieta em quatro dias e o quinto gol nos últimos três jogos. Sem conseguir desenvolver seu futebol, Allegri mexeu na Juve, colocando Douglas Costa e Higuaín. As modificações deram resultado. O argentino sofreu pênalti (polêmico) e Dybala cobrou para fazer o terceiro. Já nos minutos finais, foi a vez de o brasileiro balançar as redes, com belo chute de fora da área.
Udinese 1-2 Lazio
Lasagna (Stryger Larsen) | Immobile (Lulic), Luis Alberto (Immobile)
Tops: Immobile e Lucas Leiva (Lazio) | Flops: Adnan e Bizzarri (Udinese)
A terceira colocação tem novo dono. A Lazio soube aproveitar os tropeços de Roma e Inter, venceu a Udinese de virada, em tarde de recordes, e se recoloca com força na briga por uma vaga na Champions League. Os recentes resultados ajudam a reforçar a tese. Os laziali têm apenas uma derrota nas últimas sete rodadas e chegram à décima vitória fora de casa na temporada, uma marca inédita para o clube. Para a Udinese, entretanto, a derrota coloca ainda mais pressão sobre Massimo Oddo: já são oito derrotas consecutivas para o time do Friuli, a pior marca da história da equipe, que despenca na tabela e vê o fantasma do rebaixamento voltar a dar sinal de vida em um momento crucial da competição.
Mesmo dividindo as atenções com a Liga Europa, Inzaghi colocou força máxima em campo. O vacilo no início, que levou ao gol de Lasagna, fez a Lazio chegar a cinco jogos consecutivos sofrendo gols. Mesmo assim, não abalou a equipe da capital, que reagiu rápido com Immobile, confirmando sua fama de carrasco dos bianconeri, contra os quais já fez seis gols. Ciro chegou a 27 bolas na rede na Serie A, se tornando o primeiro jogador da história do clube a alcançar a marca, superando Crespo e Signori, ambos com 26. Ainda no primeiro tempo, Luis Alberto virou e fez o 75º gol da equipe no campeonato: nunca a Lazio tinha marcado tantas vezes numa única campanha. A Udinese bem que tentou buscar o empate na segunda etapa, mas, desordenada e sem criatividade, pouco incomodou.
Roma 0-2 Fiorentina
Benassi (Saponara) e Simeone
Tops: Pezzella e Sportiello (Fiorentina) | Flops: Gonalons e Defrel (Roma)
Ao bater a Roma em pleno Olímpico, a Fiorentina chegou à sexta vitória consecutiva na Serie A e alcançou um feito que não conseguia desde a temporada 1959-60. O time de Pioli, que agora acumula cinco partidas de invencibilidade como visitante, vive uma excelente fase após o conturbado início de competição que incluiu uma profunda reformulação no elenco, superou o trauma da morte de Astori e já sonha com uma vaga na Liga Europa da próxima temporada para honrar seu capitão: a equipe está apenas 2 pontos atrás do Milan, sexto colocado. Em campo, encontrou uma Roma que ainda assimilava a goleada sofrida pelo Barcelona e que não podia se dar ao luxo de poupar tantos jogadores. Di Francesco contava com o retorno de Nainggolan no meio campo, além de ter promovido as entradas de El Shaarawy e Defrel ao lado de Dzeko no comando de ataque. Porém, quem tomou conta do jogo foi a Fiorentina e definiu a partida no primeiro tempo.
Benassi, com uma bela assistência de Saponara, e Simeone, em uma jogada em que fez valer seu porte físico, souberam aproveitar as chances da equipe toscana. O argentino volta a viver um bom momento, chegando à terceira partida consecutiva marcando gols, o que não acontecia desde janeiro de 2017. A Roma, por sua vez, criou diversas oportunidades mas, não conseguiu ser eficiente: encontrou do outro lado um inspirado Sportiello, que por duas vezes ainda teve a ajuda do travessão para segurar o ataque giallorosso. Com a sexta derrota em casa, a Roma igualou seu pior desempenho como mandante desde a temporada 1947-48 e já vê em risco sua vaga na Champions League da próxima temporada. Ultrapassada pela rival Lazio, os giallorossi só permanecem entre os quatro primeiros graças ao tropeço da Inter.
Torino 1-0 Inter
Ljajic (De Silvestri)
Tops: Sirigu e Nkoulou (Torino) | Flops: D’Ambrosio e Perisic (Inter)
Meta da Inter para a temporada, a vaga na Liga dos Campeões está ameaçadíssima: a surreal derrota para o Torino tirou os nerazzurri do grupo dos quatro primeiros colocados. O revés quebra também uma sequência de cinco jogos sem derrota da equipe de Milão, mas foi ainda mais lamentado pelos interistas porque a equipe poderia ter vencido por uma boa margem de gols, assim como contra o Milan. No final das contas, a Beneamata criou o suficiente para fazer seis pontos em dois jogos, mas conquistou apenas um. Desperdício que pode custar a vaga na Champions e alguns milhões de euros.
O jogo se desenhou com um amplo domínio da Inter, com Borja Valero e Candreva tentando controlar o jogo. A única grande chance de Icardi, num voleio, obrigou Sirigu a fazer uma magnífica defesa – uma das várias que fez na tarde de domingo. Por duas vezes, a trave também ajudou o Torino, que ficou postado na defesa e partia em contra-ataque. Num deles, Ljajic aproveitou erro de Perisic e D’Ambrosio, um passe de De Silvestri e fez valer a lei do ex – os granata tinham vários ex-interistas no duelo, como Burdisso, Ansaldi, Obi e o técnico Mazzarri. Com o resultado, o Toro voltou a vencer a Inter em seus domínios pela primeira vez desde 1994 e chegou à sua terceira vitória consecutiva, o que não acontecia desde novembro de 2016.
Milan 1-1 Sassuolo
Kalinic (Musacchio) | Politano (Mazzitelli)
Tops: Kessié (Milan) e Consigli (Sassuolo) | Flops: Bonaventura (Milan) e Berardi (Sassuolo)
O Milan desperdiçou uma grande oportunidade de encostar no grupo das equipes que estarão na Liga dos Campeões. Em casa, contra o Sassuolo, que flerta com a parte de baixo da tabela, o rossonero não foi além de um empate (o primeiro da história entre as equipes), conquistado apenas nos minutos finais. O Diavolo chegou a três jogos consecutivos sem vencer na Serie A, estacionou na sexta colocação e vê seus adversários mais bem colocados se distanciarem, enquanto os debaixo se aproximam. Os neroverdi comemoraram bastante o ponto conquistado fora de casa, fundamental na briga contra o rebaixamento.
Diante de um rival indigesto (são quatro vitórias do Sassuolo em nove jogos), o Milan começou melhor e teve várias chances de abrir o placar, mas Consigli, numa noite inspirada, fez defesas incríveis – pelo menos cinco de alto nível. O segundo tempo foi uma cópia do primeiro. O Milan atacava e o Sassuolo se lançava em esporádicos contra-ataques. E justamente em um lance fortuito, Politano apareceu no meio da má postada defesa milanista e acertou um chute indefensável para Donnaruma. Gattuso mudou e colocou os dois atacantes de área, André Silva e Kalinic. E o croata, que não marcava havia quatro meses e já havia se envolvido em discussões com o treinador, enfim desencantou, empatando o jogo já nos minutos finais.
Sampdoria 0-0 Genoa
Tops: Torreira (Sampdoria) e Perin (Genoa) | Flops: Zapata (Sampdoria) e Lapadula (Genoa)
No Derby della Lanterna, Sampdoria e Genoa fizeram um jogo de poucas oportunidades. Faltou inspiração para ambos os ataques e sobrou vitalidade nas duas defesas. No fim das contas, melhor para o time de Ballardini, que somou mais um ponto precioso para se distanciar do rebaixamento e terminar a temporada de forma digna. O resultado impediu que os blucherchiatti fizessem história vencendo a quarta partida consecutiva pela primeira vez na história. Mais que isso, dificulta a briga por uma vaga na Liga Europa: pelas contas do técnico Giampaolo, são necessárias quatro vitórias nos sete últimos jogos para que a Samp alcance o objetivo.
O 98º jogo entre os grandes rivais de Gênova pela Serie A foi marcado pela Samp buscando o jogo, mas sofrendo para furar a defesa rossoblù. As principais oportunidades vieram de chutes de longa distância, todas bem interceptadas pelo goleiro Perin. Embora sofresse na defesa, o estilo de jogo característico do Genoa quase deu resultado nos raros contra-ataques. Pandev e Galabinov até marcaram, mas ambos foram flagrados em impedimento.
Spal 1-1 Atalanta
Thiago Cionek (Viviani) | De Roon (pênalti)
Top: Viviani (Spal) e Barrow (Atalanta) | Flops: Costa (Spal) e Petagna (Atalanta)
Um gol para cada lado. Quando se trata do duelo entre Spal e Atalanta o marcador não é anormal. Nas cinco últimas partidas pela Serie A, nenhuma das equipes foi capaz de marcar mais de uma vez. No primeiro turno, os times também haviam empatado em 1 a 1. A equipe de Ferrara foi melhor no confronto, saiu na frente e teve chances para ampliar, mas na reta final da partida, De Roon igualou em cobrança de pênalti.
O empate foi ruim para as duas equipes. Para a Spal, que vem reagindo nas últimas rodadas, nem tanto: são 10 pontos nos seis últimos jogos. Mesmo assim, a equipe de Ferrara permanece ameaçada, e embora ainda esteja fora da zona de rebaixamento, viu o Crotone triunfar e empatar em pontos. Já a Atalanta perde espaço na luta pela Liga Europa e foi ultrapassada pela Fiorentina.
Crotone 1-0 Bologna
Simy (Stoian)
Tops: Simy (Crotone) e Mirante (Bologna) | Flops: Ricci (Crotone) e Donsah (Bologna)
Três pontos fundamentais para o time de Walter Zenga. Graças a um gol de Simy, aposta do treinador para suprir as ausências de Budimir e Nalini, o Crotone chegou a 27 pontos e cola na Spal (16ª colocada), e segue mais vivo do que nunca na briga pela salvezza. O nigeriano foi oportunista para aproveitar o lindo lançamento de Stoian e definir o placar ainda no primeiro tempo.
Com a permanência encaminhada, o Bologna mostrou-se novamente um time apático e chegou à quinta rodada sem vitória, pior sequência da equipe de Donadoni desde março de 2017. O Crotone volta a vencer após três jogos e, mais importante, não sofreu gols pela primeira vez em sete partidas. Antes disso, havia sofrido 15 gols em seis rodadas.
Verona 1-0 Cagliari
Rômulo (pênalti)
Tops: Nícolas (Verona) e Pavoletti (Cagliari) | Flops: Souprayen (Verona) e Sau (Cagliari)
Vitória fundamental para o Verona na briga por uma dificílima salvação. Diante de sua torcida, a equipe bateu o Cagliari com um gol de Rômulo, cobrando pênalti, e quebrou uma sequência de três derrotas consecutivas. Com os três pontos, os gialloblù chegam a 25 na tabela, apenas dois atrás da Spal, primeira equipe que garantiria a permanência na elite italiana.
A rodada positiva amenizou o clima no Bentegodi, já que mais de mil torcedores protestaram contra os jogadores e pediram a saída do técnico Pecchia antes da partida. Do outro lado, a derrota mantém os sardos na parte de baixo da tabela. São cinco derrotas nos últimos sete jogos (essa última, a terceira consecutiva), o que levou o técnico López a anunciar que a equipe entrará em concentração nesta semana.
*Os nomes entre parênteses após os autores dos gols se referem aos responsáveis pelas assistências
Seleção da rodada
Consigli (Sassuolo); Nkoulou (Torino), Acerbi (Sassuolo), Pezzella (Fiorentina); Ljajic (Torino), Benassi (Fiorentina), Lucas Leiva (Lazio), Luis Alberto (Lazio); Dybala (Juventus), Diabaté (Benevento), Immobile (Lazio). Técnico: Stefano Pioli (Fiorentina).