Liga dos Campeões

Ainda há chance

Quatro zagueiros, gols de Ronaldo e arbitragem ridícula: Juventus, mesmo assim, ganhou sobrevida na Liga (Foto: La Presse)
Está enganado quem pensa que o Real Madrid jogou muita bola,
Ronaldo destruiu a partida e a Juventus mal entrou em campo; que o “futebol
italiano é muito ruim” ao ver o resultado da partida ao navegar na internet ou ao
ver, de relance, o 2 a 1 no placar da TV da padaria. Os espanhóis, invictos, fizeram
uma partida para o gasto, não convenceram e a Vecchia Signora – para não dizer que
teve uma vitória moral, pois essa expressão é deveras cafona – mudou completamente
seu estilo de jogo, foi superior em momentos da partida e ainda tem chance de
classificação à próxima fase da Liga dos Campeões.
O editor Nelson Oliveira escreveu sobre a temporada juventina,
na última terça-feira: a equipe teve dois jogos fáceis desde agosto e tem
apresentado um futebol morno. A Juve apresentou o esquema 3-5-2 em todos os
confrontos de 2013-14, com poucas variações. Ao defrontar o Real Madrid de
Carlo Ancelotti, Conte deu indícios, durante a semana, e usou, em Madri, um
4-3-1-2. De fato, o esquema mais parecia com dois meio-campistas de ligação e
um centroavante por ser facilmente mutável. Quando estava com a bola, Marchisio
abria pela direita, Pogba se movimentava por todo o meio, Vidal e Pirlo
guardavam posição e Tevez fechava como atacante; na defesa, o argentino cobria
o setor esquerdo e Marchisio tinha como única obrigação marcar Marcelo.
As duas bolas perdidas de maneira bisonha por Ogbonna,
improvisado como lateral-esquerdo, logo no começo da partida foram exatamente o
que o Real Madrid precisava para organizar seu ataque. Foi pela direita, com Di
María, que os donos da casa saíram na frente – gol de Cristiano Ronaldo. Essa
finalização, a de Khedira, ainda no primeiro tempo, e de Benzema foram as
únicas chances claras de balançar a rede que os Blancos tiveram nos 90 minutos.
Uma bola entrou, Buffon defendeu a segunda e Benzema tratou de errar seu
arremate.
O segundo gol do Real Madrid saiu apenas pelo pênalti
concedido por Chiellini. A arbitragem, dizem, viu que o zagueiro da Juve puxou
Sergio Ramos, que nunca chegaria na bola para desviar o cruzamento da esquerda,
dentro da área. Falando em cobranças de penalidade, Vidal pediu infração de
Illarramendi no segundo tempo, mas o chileno chutou o chão e caiu – apesar de
ter sido tocado pelo volante madrilenho; também não houve pênalti nesse lance.
Mesmo perdendo, a Juventus jogou muito bem no primeiro
tempo. A defesa, aos poucos (e com grandes méritos de Cáceres), deu uma
ajeitada, Vidal liderou o meio de campo, Marchisio teve lampejos de grande
futebol e Llorente, oportunista, fez mais um gol com a camisa bianconera.
O problema foi que Manuel Gräfe queria ser o protagonista do
jogo. A expulsão de Chiellini no começo da etapa complementar foi inaceitável.
Falta? Possível. Ronaldo se jogou? Também plausível. Cotovelada de Chiellini
para cartão vermelho? De jeito nenhum. “Estou triste pelo episódio do cartão
vermelho de Chiellini. Foi uma expulsão absurda”, disse Pogba, ao fim do jogo. Já
Conte… “Chiellini me disse que ele foi expulso por ser o último jogador. Eu
dei risada”.
Três ou quatro defensores?
A Juventus conseguiu bater de frente com o Real Madrid, um
dos favoritos ao título europeu. A manutenção dos quatro defensores é
fundamental para que a equipe consiga não somente alcançar a segunda fase da
Liga dos Campeões como buscar a Roma, líder invicta da Serie A. O 3-5-2 bianconero,
bicampeão consecutivo nacional, parece ultrapassado.
O sonho de conquistar a Orelhuda é difícil, contudo ainda
há chance. É possível bater Real Madrid e Kobenhavn em Turim, com essa mesma
pegada vista no Santiago Bernabéu, e torcer (mas torcer muito) contra o
Galatasaray.

Ficha do jogo

Real Madrid 2-1 Juventus

Real Madrid (4-3-3): Casillas; Arbeloa, Pepe, Sergio Ramos e
Marcelo; Khedira e Illarramendi (Isco, 27’/2T); Di María (Morata, 36′/2T), Modric
e Cristiano Ronaldo; Benzema (Bale, 21’/2T). T: Carlo Ancelotti
Juventus (4-3-1-2): Buffon; Cáceres, Barzagli, Chiellini e Ogbonna
(Giovinco, 23’/2T); Vidal, Pirlo (Asamoah, 14’/2T), Pogba e Marchisio; Tevez e Llorente
(Bonucci, 5’/2T). T: Antonio Conte

Árbitro: Manuel Gräfe (ALE)

Gols: Cristiano Ronaldo (4’ 1T), Llorente (22’ 1T), Cristiano Ronaldo (29’ 1T) – veja os gols aqui

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