Gol de Balotelli definiu a partida no segundo tempo (Getty Images)
Se a primeira impressão é a que fica, a Itália começou com o pé direito e deu o primeiro e maior passo para passar de fase. Contra o time em tese mais forte, os comandados de Prandelli conquistaram fundamentais três pontos. Juntamente com o tropeço do Uruguai diante da Costa Rica, agora o clima é de maior tranquilidade para os jogos nos dias 20 e 24 em Recife e Natal. O que é raro, visto que a Itália tem histórico de ter uma fase de grupos conturbada em Mundiais.
Até mais do que a vitória, os azzurri saíram de Manaus com o dever cumprido: superaram a intensidade dos velozes ingleses e executaram bem o plano do treinador. A equipe teve vantagem na posse de bola, passes trocados e porcentagem de passes certos (93%, a maior em quase cinco décadas em Copas), além de maior volume de jogo em relação aos amistosos.
Na correria da primeira etapa, uma Itália guerreira e com sorte no primeiro quarto de jogo. O time suportou a intensidade da Inglaterra, que imprimia ritmo muito veloz pelos lados e com Sterling nas costas do meio-campo italiano. Se Paletta errava no posicionamento, Barzagli e Chiellini se precipitavam nos botes (devem ter esquecido que Bonucci não estava para cobrir) e De Rossi não garantia segurança na intermediária, ao menos Sirigu segurou as pontas e a imperfeição dos ingleses na conclusão das jogadas mantiveram as redes italianas invioladas.
No segundo quarto do jogo, os azzurri já tinham o controle e cerca de 70% de posse, com Pirlo e Verratti controlando o círculo central, De Rossi executando a saída a três e Darmian e Candreva imprimindo ótimo ritmo na direita. Como Chiellini não dava amplitude na esquerda, Marchisio ficou isolado e sem a possibilidade de encostar em Balotelli e explorar a deficiência inglesa entre linhas. Isso também acabou em participação tímida de Balotelli, que fazia péssimos movimentos, sempre se posicionando entre Cahill e Jagielka, ou seja, perdendo todas as bolas e cruzamentos. Além disso, era pouco efetivo nas conclusões.
Se as jogadas pela direita não resultaram em ocasiões claras, a jogada ensaiada por Prandelli entrou aos 35. Verratti cobrou escanteio curto para Pirlo, que, sem espaço para dominar, fez belo corta-luz para Marchisio receber da entrada da área e marcar o primeiro gol da partida com bom chute. Contudo, um desleixo italiano em contra-ataque resultou no empate dos ingleses. Em rápida descida pela esquerda, Rooney recebeu na ponta e cruzou certeiro para Sturridge igualar o marcador, em nova falha posicional de Paletta e Chiellini.
O gol de empate saiu em momento que a Itália dominava, porém o time de Prandelli não perdeu o controle. Seguiu com a bola e ainda criou duas ocasiões claras antes do final do primeiro tempo, com Balotelli encobrindo Hart e Jagielka cortando em cima da linha; e depois com chute de Candreva na trave. No segundo tempo, a mesma tônica. Italianos com a bola e já mostrando o que aconteceria no decorrer da segunda etapa: buscar o desmarque do atacante azzurro. Foram sete impedimentos, todos da Itália, sendo três de Balotelli, três de Immobile e um de Candreva – seis nos últimos 45 minutos.
E a jogada que não entrou no primeiro tempo vingou no segundo: Darmian e Candreva se impondo pela direita, com cruzamento do laziale e movimentação perfeita de Balotelli, saindo do encaixe de Jagielka e Cahill e aparecendo nas costas do zagueiro do Chelsea para marcar o gol da vitória com cabeceio perfeito. A estrela de Balo brilhou e mostrou o porquê da insistência de Prandelli, que no segundo tempo corrigiu a movimentação do atacante, autor de 11 gols em 17 jogos em jogos oficiais (sem contar amistosos).
O treinador também corrigiu o sistema defensivo, que passou a ter maior segurança com melhor segundo tempo de Chiellini e De Rossi, a entrada providencial de Thiago Motta (contrariando suas péssimas partidas em amistosos) e, principalmente, a participação de Candreva (depois Parolo) e Marchisio.
Os meias se multiplicaram e foram fundamentais para bloquear os lados (veja aqui), evitando espaços no setor mais explorado pelos ingleses, que, exaustos depois de correrem atrás dos italianos por quase 60 minutos, não tinham mais físico para criar chances reais de perigo (o último chute no alvo, aos 77, foi numa cobrança de falta de Baines).