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Utilitário, o polonês Marek Kozminski passou a maior parte de sua carreira na Itália

Marek Kozminski foi um daqueles curingas que todo treinador gosta de ter em seu elenco. Lateral ou ala esquerdo de origem, o polonês podia ser improvisado também no flanco direito e até quebrou um galho como zagueiro no fim da carreira. Integrante da geração que levou a Polônia à medalha de prata na Olimpíada de 1992, em Barcelona, o atleta chegou à Itália após o feito e construiu a maior parte de sua trajetória no esporte na Velha Bota.

Nascido em 7 de fevereiro de 1971, em Cracóvia, foi na sua cidade natal que Kozmisnki deu seus primeiros passos no futebol, até se tornar jogador profissional no Hutnik Kraków. No pequeno clube bicolor, Marek conseguiu chegar às semifinais da Copa da Polônia e a um honroso quinto lugar na máxima divisão nacional logo no ano que marcou o acesso à elite.

Com bom desempenho, passou a defender a seleção sub-21 do país e, em 1992, também foi chamado para a Olímpiada de Barcelona, na Espanha. Titular em todas as seis partidas disputadas, Kozminski marcou um gol no último jogo da fase de grupos, em empate por 2 a 2 contra os Estados Unidos. Apesar de ter feito uma ótima campanha e de ter chegado a final com quatro vitórias e apenas um empate, a Polônia não conseguiu bater a Fúria, dona da casa, e ficou com a medalha de prata.

Suas atuações lhe renderam o posto de revelação do ano na Polônia e chamaram a atenção da Udinese, que estava de olho no futebol polonês. Para 1992-93, a equipe bianconera também buscou o zagueiro e volante Piotr Czachowski, que era conhecido como “Frank Rijkaard do Leste Europeu” e havia brilhado por Stal Mielec e Legia Varsóvia – pelo time da capital polaca, foi semifinalista da Recopa Uefa e acabou eleito como melhor jogador do país em 1991. O colega era badalado, mas só ficou uma temporada no Friuli. Quem se consolidou mesmo foi Kozminski, que não tinha o mesmo cartaz.

Kozminski foi titular da Udinese em anos difíceis e acabou perdendo espaço quando a situação da equipe melhorou (EMPICS/Getty)

A Udinese voltava à elite após biênio na segunda divisão, mas a temporada começou com uma reviravolta: a demissão do técnico Adriano Fedele pouco antes do início do campeonato. Alberto Bigon, campeão pelo Napoli em 1990, foi o substituto, mas isso não significava que os bianconeri tinham grandes ambições. Aos trancos e barrancos, uma equipe incapaz de vencer fora de casa precisou de ótimos desempenhos dos argentinos Roberto Néstor Sensini e Abel Balbo para se salvar do descenso – o que ocorreu graças a um triunfo sobre o Brescia num jogo extra. Ainda em adaptação, Kozminski atuou em 24 partidas, anotando gols num empate com o Pescara e em vitória sobre o Ancona. No mesmo ano, estreou pela seleção principal da Polônia num 1 a 1 em amistoso contra Israel.

Mais maduro, Kozminski ganhou a titularidade absoluta da lateral esquerda da Udinese em 1993-94, um ano muito complicado para a equipe. O veterano Azeglio Vicini, que comandara a seleção italiana na Copa do Mundo de 1990, substituiu Bigon, mas durou somente sete partidas – Fedele, então, acabou retornando. Sem Balbo e Sensini, negociados com Roma e Parma, respectivamente, os friulanos sofreram e foram rebaixados para a Serie B.

Na segundona, o polonês se manteve como um dos jogadores mais regulares da equipe de Údine, que viu Giovanni Galeone assumir o comando, na qualidade de substituto de Fedele, com a temporada em andamento. A Udinese ganhou fôlego com o futebol ofensivo do técnico napolitano e, contando com ótimas atuações de Kozminski, abocanhou o vice-campeonato e o retorno imediato à elite.

Contando com total confiança da torcida e dos técnicos até então, Marek se viu em mais lençóis a partir de 1995-96, quando a Udinese contratou Alberto Zaccheroni. Para a equipe, a chegada do treinador foi ótima, visto que o desempenho cresceu de forma substancial: com Zac, os friulanos obtiveram uma salvação tranquila, um quinto e um terceiro lugares, que resultaram em classificações inéditas para a Copa Uefa. Para Kozminski, contudo, foi o início do fim de sua passagem pelo nordeste da Itália.

O polonês recuperou minutagem no Brescia e integrou elenco histórico do time lombardo (imago/Buzzi)

Zaccheroni preferia improvisar o lateral-direito Valerio Bertotto – que depois se consolidaria como zagueiro – no flanco oposto e também enxergava Raffaele Sergio à frente na hierarquia. Para piorar, Kozminski passou a sofrer com lesões: sofreu uma contratura na coxa e, depois, uma inflamação no calcanhar que o afastou de quase toda a temporada 1996-97, na qual só atuou uma vez. Ao longo de dois anos, disputou apenas 14 jogos.

O polonês recuperou a forma física na Udinese, durante a pré-temporada de 1997-98, mas se viu sem espaço e acabou encerrando a sua passagem pelo Friuli com 108 jogos. O lateral acabou se transferindo ao Brescia, que voltava à Serie A após um biênio na segundona, e voltou a ter prestígio. Mostrando que havia deixado os problemas para trás, Marek foi titular absoluto do time lombardo – que, contudo, viveu um ano de caos, mesmo com as boas atuações de um jovem Andrea Pirlo e do veterano Dario Hübner; além, claro, do próprio Kozminski.

Giuseppe Materazzi e Paolo Ferrario não deram jeito nos biancazzurri e, na reta final do campeonato, o presidente Gino Corioni fez uma aposta ousada ao entregar o comando ao preparador físico Adriano Bacconi, que trabalhava no clube havia sete anos e sequer tinha diploma de técnico na época – por isso, Egidio Salvi tinha de assinar as súmulas. Ainda que a dupla tenha vencido dois dos três últimos jogos da campanha, o rebaixamento do Brescia era inevitável.

O Brescia passou dois anos seguidos na Serie B, nos quais Kozminski teve seus últimos momentos de importância no time. Com Silvio Baldini, que não conseguiu o acesso, não conservou o status de titular absoluto dos biancazzurri, mas era bastante utilizado; com Nedo Sonetti, que levou os lombardos ao terceiro lugar da categoria e ao acesso à elite, recuperou o posto.

Nos últimos anos da carreira, Kozminski sofreu com problemas físicos (Allsport)

Novamente na Serie A, o Brescia teve a ousadia de contratar Roberto Baggio, que faria uma dupla histórica com Hübner. Comandado pelo técnico Carlo Mazzone, o time lombardo conseguiu o oitavo lugar, naquela que é a melhor campanha já registrada pelos biancazzurri – a colocação rendeu ao clube a possibilidade de disputar a Copa Intertoto. Reserva, Marek só atuou 15 vezes no campeonato e foi mais utilizado na Coppa Italia: disputou os oito jogos dos andorinhas, que foram eliminados pela Fiorentina nas quartas de final da competição.

Em 2001-02, Kozminski atuou pouquíssimo, mas ainda ajudou o Brescia a ficar no meio da tabela da Serie A e, principalmente, a ser finalista da Copa Intertoto e semifinalista da Coppa Italia – nas ocasiões, o time perdeu para Paris Saint-Germain e Parma, respectivamente. Insatisfeito, o lateral encerrou sua passagem pelo clube em março de 2002, depois de 132 aparições, ao rescindir o seu contrato. Dias depois, assinou com o Ancona, então na segundona, e fez somente cinco partidas pelos dorici, que terminaram a competição no oitavo lugar.

Apesar de atravessar, inegavelmente, um período de baixa em nível de clubes, Marek conseguiu concluir a sua trajetória pela seleção polonesa no ápice. Entre 2000 e 2001, o lateral já havia ajudado a Polônia a superar uma chave complicada nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002: as águias ficaram à frente de Ucrânia, Belarus, Noruega, País de Gales e Armênia, voltando à competição após 16 anos de ausência.

No intuito de manter boa parte do plantel que obteve a classificação para o Mundial, o técnico Jerzy Engel levou Kozminski para o torneio e o escalou como titular em todos os jogos da Polônia na fase de grupos. No entanto, os poloneses ficaram na lanterna da chave, que ainda tinha a anfitriã Coreia do Sul, Estados Unidos e Portugal. Após a Copa, Marek se aposentou da seleção e vestiu as camisas de PAOK, da Grécia, e Górnik Zabrze, de sua terra natal, antes de pendurar as chuteiras, em 2003.

Marek Jan Kozminski
Nascimento: 7 de fevereiro de 1971, em Cracóvia, Polônia
Posição: lateral-esquerdo
Clubes: Hutnik Kraków (1989-92), Udinese (1992-97), Brescia (1997-2002), Ancona (2002), PAOK (2002) e Górnik Zabrze (2003)
Títulos: Prata Olímpica (1992)
Seleção polonesa: 45 jogos 1 gol

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