Liga dos Campeões

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Jogadores da Juve ganham os cumprimentos do time do Barcelona antes de receberem a medalha de prata da Liga dos Campeões. A hashtag do título, que movimenta o Twitter desde o fim do jogo, resume o sentimento dos juventinos: o time sai maior dessa decisão, mesmo sem a taça (Foto: Thomas Eisenhuth/EPA)

Um viajante desavisado – e alienado – que desembarcasse no aeroporto de Turim na noite de ontem poderia até imaginar que a Juventus foi campeã de alguma coisa. Eram centenas de torcedores aglomerados na saída do local, cantando o hino do clube e exibindo com orgulho as cores da camisa da Velha Senhora. Ao se informar, o tal viajante se surpreenderia ao saber que, na verdade, a festa de recepção era para um time que acabava de perder a taça mais importante do continente. 

A derrota por 3 x 1 para o Barcelona, na final da Liga dos Campeões, fez gigantes chorarem – Pirlo aparece numa das imagens mais marcantes do pós-jogo -, mas não foi suficiente para devastar o orgulho dos juventinos. Ao contrário. A disputa “olho no olho”, de igual para igual, contra o time que mais encanta o mundo há uma década fez crescer o brio da torcida bianconera, acostumada com as conquistas locais, mas saudosa das emoções proprocionadas pelo protagonismo a nível europeu. Fez até esquecer o fato que a Juve é o time que mais vezes perdeu em finais da LC: em oito finais, foram apenas duas vitórias.

Poucos imaginavam um jogo tão parelho contra o todo poderoso Barça. Até a última bola, os italianos buscaram o gol e tiveram chance de levar o jogo à prorrogação. Chiellini não fez tanta falta quanto se imaginava antes da partida: Barzagli e Bonucci foram bem e fecharam os espaços para o ataque do Barça – na medida do possível. No primeiro gol, o erro de marcação foi dos meio-campistas, que não acompanharam a infiltração de Iniesta. Buffon foi enorme mais uma vez e fez pelo menos duas defesas “milagrosas”, em chutes de Daniel Alves e Luis Suárez. 

Na frente, Tévez não cresceu tanto quanto se esperava dele na decisão, mas ainda assim foi importante no lance do gol, girando e exigindo que Ter Stegen espalmasse a bola no pé do estrelado Morata, autor dos gols mais importantes da equipe na competição. A aplicação da equipe tornou o jogo difícil para o Barcelona e engrandeceu a final. O único que destoou talvez tenha sido Vidal, nervoso desde o apito inicial e à beira de uma expulsão a cada nova reclamação com o árbitro. 

Mas as capas dos jornais – a Gazzetta dello Sport amanheceu com a manchete “De cabeça erguida” – e o prório discurso dos jogadores, do técnico Massimiliano Allegri, dos diretores do clube e da torcida após o jogo confirmam o sentimento de que a Juve sai maior dessa decisão, mesmo com o revés. Maior não só porque recolocou a Itália em um posto em que estava ausente há anos, mas porque mostrou que pode desafiar os “papa-tudo” da Europa. “O respeito voltou”, poderia dizer o presidente Andrea Agnelli, sem soar petulante e delirante como Eurico Miranda, autor da frase. 

Futuro

Reposicionada no cenário continental, agora a Juve inicia o importante período de transferências para mostrar que pode mesmo manter as expectativas em alta para a próxima temporada. O diretor esportivo do time, Giuseppe Marotta, começa com discurso otimista, como não poderia deixar de ser. “Conversaremos com os grandes. A Juve quer continuar entre os maiores da Europa”, disse sobre a política de contratações do time. 

A semana promete ser movimentada: apesar de Marotta ter falando no desejo de permanência, Pirlo deve fazer as malas para os Estados Unidos e Khedira é seu provável substituto. Além disso, ainda é previsto para os próximos dias o anúncio do atacante Zaza, do Sassuolo e da seleção. Ao mesmo tempo, continuarão chegando as propostas por Tévez, mas não serão ofertas como a do Atlético de Madrid que devem tirar o Apache de Turim. Haverá um esforço da diretoria para manter o argentino, mas já há planos B, C, D e E, caso o desfecho não seja o desejado. Cavani, Van Persie, Mandzukic e Higuaín, nessa ordem, são os nomes escolhidos. 

O destino de Pogba é incerto, mas a tendência é que ele saia se as ofertas astronômicas que estão sendo especuladas virem realidade. É com esse dinheiro que o time terá forças para ir atrás de um trequartista de alto nível. Vidal foi quem jogou na posição nessa temporada e, apesar das conquistas, não deve ser mantido por ali na próxima temporada. Ele não rendeu tanto quanto nos anos anteriores, quando jogava mais recuado, e o brasileiro Oscar é o sonho para a vaga. Como sua liberação do Chelsea é difícil, De Bruyne é a segunda opção. A esperança, porém, é que a base seja mantida e a Juve traga novas emoções continentais para sua torcida. 

Juventus 1-3 Barcelona

Estádio Olímpico de Berlim (Alemanha)

Árbitro: Cüneyt Çakir (Turquia) 

Juventus

Buffon; Lichststeiner, Barzagli, Bonucci, Evra (Coman); Marchisio, Pirlo, Pogba; Vidal (Pereyra); Morata (Llorente) e Tévez. 

Técnico: Massimiliano Allegri.

Barcelona

Ter Stegen; Daniel Alves, Piqué, Mascherano, Alba; Rakitic (Mathieu), Busquets, Iniesta (Xavi); Messi, Suárez (Pedro) e Neymar. 

Técnico: Luis Enrique.

Gols: Rakitic, aos 4 do 1º tempo; Morata, aos 10 do 2º tempo; Suárez, aos 23 do 2º tempo; e Neymar, aos 52 do 2º tempo.

Cartões amarelos: Vidal, Pogba e Suárez.

Clique aqui para ver os melhores momentos do jogo.

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3 comentários

  • Faltou o destaque para a partidaça do Marchisio. Coadjuvante de costume, o prata da casa foi um dos mais sóbrios da Juventus antes mesmo de dar o lindo toque de calcanhar. Pogba não reencontrou seu futebol desde as sondagens que recebeu e o Tevez decepcionou lá na frente. Gostei também da partida do Morata, coroada pelo gol que deu sobrevida relâmpago pra Juve na decisão.Para a próxima temporada: recuperar o Asamoah, deixar o Pirlão ir embora (ninguém aguenta mais as bolas perdidas na frente da área), manter o Morata e contratar dois nomes de peso, para o meio e para o ataque.

    • Concordo com o amigo. O Principino, talvez, tenha sido o melhor juventino em campo, ao lado de Buffon, que foi mais uma vez monstruoso e evitou uma iminente goleada do melhor ataque da última década.

      Também gostei muito da partida do Morata, entrega total, disciplinado e efetivo numa final desse porte, o moleque tem futuro. Caso Tevez fique, espero que se reencontre porque realmente ele tem rendido muito abaixo do que pode nos últimos jogos importantes, o Apache pode muito mais que isso.

      Também concordo sobre o Arquiteto, ultimamente ele tem transmitido mais nervosismo do que segurança, talvez seja hora de procurar um time que jogue em nível mais moderado, porque as exigências de manter a Juve aonde chegou são grandes e não podem permitir tantos erros como tem acontecido. E ele sabe disso, por isso desabou após o jogo.

  • Muito boa análise, porém, eu observo dois pontos que poderiam ter feito muita diferença no resultado dessa final: se o juiz marca o pênalti Daniel-Pogba, que existiu, o rumo da partida poderia ter sido outro. Apesar dos esforços de Bonucci e Barzagli (este segundo foi gigante na partida) penso que, se Chiello tivesse jogado, creio que Suarez teria recebido uma marcação mais efetiva e não estaria sozinho para pegar aquele rebote do segundo gol, da qual Evra nem o viu se aproximar.

    Mas, sem dúvidas, estamos orgulhosos. A retrospectiva é totalmente positiva e com isso nos firmamos onde nunca deveríamos ter saído: entre os maiores do mundo.

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