Poucos ex-jogadores podem dizer que só vestiram camisas de clubes grandes. O zagueiro Alex é um deles. Revelado pelo Santos, o beque fluminense ainda defendeu PSV Eindhoven, Chelsea e Paris Saint-Germain antes de encerrar a carreira pelo Milan. Não era o melhor time rossonero da história, mas o brasileiro ajudou a segurar as pontas.
Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, Alex deu seus primeiros passos no estado vizinho: frequentou a base do Juventus, de São Paulo, e ainda na condição de juvenil foi parar no Santos. No litoral paulista, surgiu como uma das grandes promessas do histórico time dos “Meninos da Vila”. Ainda aos 18 anos, encantou o futebol brasileiro não só por formar uma excelente dupla de zaga com André Luís, mas também pelos gols de cabeça e o talento para bater faltas, especialmente as de longa distância. O fluminense ostenta até os dias de hoje o posto de zagueiro com mais tentos da história do Peixe.
Com a camisa do Santos, Alex viveu ascensão repentina e se tornou ídolo do clube, pelo qual foi eleito duas vezes para a Bola de Prata da revista Placar, em 2002 e 2003 – o zagueiro ainda participou da conquista do Brasileirão de 2002 e do início da campanha do título de 2004. Em alta, chegou à Seleção, pela qual foi vice da Copa Ouro de 2003, e chamou a atenção do futebol europeu.
Em sua terceira temporada como profissional, o zagueiro foi vendido ao Chelsea. Porém, após ter problemas com o visto de trabalho para atuar na Premier League, Alex foi emprestado por três anos ao PSV Eindhoven, da Holanda. Por lá, fez parte de um time vitorioso, que faturou o tricampeonato da Eredivisie e mais uma copa nacional, além de ter sido semifinalista da Champions League em 2005 – na ocasião, os boeren foram eliminados pelo Milan.
Alex se firmou de vez como uma das grandes esperanças da defesa para a seleção brasileira. O zagueiro chegou a ser cogitado na lista canarinho para a Copa do Mundo de 2006, mas um problema físico impediu que pudesse estar na convocação final. No ano seguinte, formou com Juan a dupla de zaga titular na conquista da Copa América.
Ainda em 2007, o niteroiense foi finalmente regularizado para atuar na Premier League, onde formou uma segura dupla de zaga com o histórico John Terry. Após a lesão do português Ricardo Carvalho, Alex ganhou mais espaço em 2008-09 e se destacou com um gol de falta nas quartas de final da Liga dos Campeões, contra o Liverpool – o Chelsea foi eliminado nas semifinais, pelo Barcelona.
O brasileiro só voltou ao banco no ano seguinte, por conta de uma lesão. E novamente, às vésperas da Copa do Mundo da África do Sul, Alex sofreu com problemas físicos e ficou de fora do grupo principal – Dunga o inseriu na lista de sete reservas para a competição. Gradativamente, apesar da conquista da Premier League, o zagueiro foi perdendo espaço em Londres e, em janeiro de 2012, acertou com o Paris Saint-Germain, da França. Por ter disputado partidas da Liga dos Campeões, o beque também pode ser considerado vitorioso do torneio pelos Blues.
No PSG, Alex foi titular tanto na gestão de Carlo Ancelotti quanto na de Laurent Blanc. Nesse período de sua carreira, o brasileiro ajudou o clube a ser soberano em plano nacional – e até marcou um gol decisivo para a conquista da Supercopa da França, em 2013. No entanto, os parisienses amargaram repetidos fracassos internacionais, mesmo endinheirados pelo grupo do Catar que assumiu o controle. Assim, após ver o time se reforçar com David Luiz, o zagueiro optou por não renovar o contrato e se tornar agente livre.
No início da temporada 2014-15, Alex assinou gratuitamente com o Milan, que passava por momentos conturbados desde a demissão de Massimiliano Allegri, em meados da campanha anterior. O ídolo Clarence Seedorf assumiu em seu lugar e deixou o clube chamuscado, após um medíocre oitavo lugar na Serie A. Outro ícone rossonero estreante como técnico, Filippo Inzaghi, era o encarregado de fazer o time voltar a seus melhores momentos. Era esse o ambiente que o brasileiro encontrava.
A estreia de Alex não foi das melhores – o que anteciparia o fato de que ele viveria poucos momentos de paz na Lombardia. Na primeira rodada da Serie A, o brasileiro marcou um gol contra em duelo contra a Lazio. O Milan, pelo menos, venceria por 3 a 1. Ao longo da temporada, Inzaghi não conseguiu acertar a defesa dos rossoneri, que ficaram numa inglória 10ª posição e tiveram a segunda pior retaguarda dentre os times da parte superior da tabela. Para o beque, que se lesionou muito, os únicos momentos de felicidade foram a utilização da braçadeira de capitão contra o Parma e o gol marcado num tropeço ante o Sassuolo.
Por conta do mau desempenho, Inzaghi também foi demitido por Silvio Berlusconi e deu lugar ao sérvio Sinisa Mihajlovic, de passado interista. O nerazzurro fez o time ter um rendimento ligeiramente superior e contou com Alex na maior parte dos momentos, quando o brasileiro esteve fisicamente disponível: ele foi um ponto de experiência numa defesa formada por jovens, como Gianluigi Donnarumma, Mattia De Sciglio e Alessio Romagnoli.
A renovação do elenco deu esperança de dias melhores aos torcedores do Milan e, associada à experiência de algumas peças, resultou numa temporada melhor do que a anterior. Ainda que Mihajlovic tenha sido substituído por Cristian Brocchi na reta final, os rossoneri foram vice-campeões da Coppa Italia e ficaram com a sétima posição na Serie A – insuficiente para classificação para uma competição continental.
Alex foi titular na maior parte da campanha (começou jogando em 24 das 38 rodadas do campeonato) e fez gols contra Frosinone e, principalmente, Inter e Juventus. O brasileiro iniciou a vitória por 3 a 0 sobre os nerazzurri e também inaugurou o placar sobre os bianconeri, mas o Diavolo levou a virada e perdeu por 2 a 1. Sua última partida pelo Milan ocorreu em 14 de maio de 2016, em derrota por 3 a 1 para a Roma. Em fim de contrato, o defensor deixava a Lombardia após 48 aparições e quatro tentos.
Logo depois de concluir sua experiência na Itália, Alex chegou a fechar um acerto com o Porto, mas não foi aprovado nos exames médicos. Então, surgiu no Brasil a especulação de que o zagueiro voltaria ao Santos para encerrar a carreira, o que não aconteceu. Após alguns meses parado, o defensor anunciou sua aposentadoria, aos 34 anos.
Embora tivesse vestido a camisa de grandes clubes e tenha pautado a sua carreira pela solidez, Alex optou por sair dos holofotes e se afastar do futebol após pendurar as chuteiras. O ex-jogador só voltou a ser manchete em junho de 2022, quando identificou problemas cardíacos e precisou colocar quatro pontes de safena.
Alex Rodrigo Dias da Costa
Nascimento: 17 de junho de 1982, em Niterói (RJ)
Posição: zagueiro
Clubes: Santos (2002-04), PSV Eindhoven (2004-07), Chelsea (2007-12), Paris Saint-Germain (2012-14) e Milan (2014-16)
Títulos: Campeonato Brasileiro (2002 e 2004), Copa da Holanda (2005), Eredivisie (2005, 2006 e 2007), Copa América (2007), Copa da Inglaterra (2009 e 2010), Community Shield (2009), Premier League (2010), Liga dos Campeões (2012), Ligue 1 (2013 e 2014), Supercopa da França (2013) e Copa da Liga Francesa (2014)
Seleção brasileira: 17 jogos