Listas

Os melhores jogadores italianos da história da Bundesliga

Não é muito comum ver atletas italianos tomando o caminho da Alemanha. Muito pelo contrário: a tendência nos anos 1980 e 1990 era justamente das grandes estrelas alemãs assinando com prestigiadas (outras nem tanto) equipes da Serie A. Ainda assim, um seleto grupo de futebolistas do Belpaese insistiu em levar um pouco da mentalidade italiana para o antes restrito campeonato germânico.

Alguns exemplos de sucesso ficaram para a história. Mas não foi sempre que o casamento entre culturas tão diferentes deu certo. Por exemplo: o pioneiro italiano na Alemanha foi o atacante desconhecido Raffael Tonello, que jogou entre 1994 e 1997 no Fortuna Düsseldorf e jamais atuou por um clube de seu país.

Depois dele, um nome um tanto mais reconhecido pelos fãs da Serie A: Ruggiero Rizzitelli, que teve sua melhor fase em Roma e Torino, passando pelo Bayern Munique entre 1996 e 1998. Rizzi-gol esteve na Bavária durante a movimentada gestão de Giovanni Trapattoni à frente dos Roten, naquele que talvez seja o período mais lembrado da presença dos italianos em solo germânico.

Foi mesmo nos anos 2000 que a Bundesliga começou a apostar de fato em atletas da Itália. Isso se viu em contratações como a de Luca Toni pelo Bayern, Mauro Camoranesi pelo Stuttgart, Andrea Barzagli e Cristian Zaccardo pelo Wolfsburg, e mesmo a de Ciro Immobile pelo Borussia Dortmund.

Não é difícil pensar em quais deles tiveram sucesso na competitiva Bundesliga. Que tal relembrar os cinco principais nomes?

Critérios
Para montar as listas, a Calciopédia levou em consideração a importância de determinado jogador na história dos clubes que defendeu, qualidade técnica do atleta versus expectativa, identificação com as torcidas e o dia a dia do clube (mesmo após o fim da carreira), grau de participação nas conquistas, respaldo atingido através da equipe, desempenho por seleções nacionais e prêmios individuais.

5º – Cristian Zaccardo

Posição: zagueiro e lateral-direito
Clube em que atuou: Wolfsburg (2008-09)
Títulos: Bundesliga (2009)

Famoso por sua passagem pelo Palermo que rendeu uma convocação para a seleção italiana na Copa de 2006, o defensor Cristian Zaccardo não deixou muita saudade em outros lugares fora da Sicília. Revelado pelo Bologna e contratado pelos rosanero em 2004, foi um dos nomes menos badalados do elenco de Marcello Lippi no Mundial da Alemanha.

Difícil esquecer do gol contra que ele marcou na primeira fase, contra os Estados Unidos. Zaccardo perdeu lugar para Gianluca Zambrotta já contra a República Checa e apenas entrou ao fim do jogo das quartas, quando a Itália eliminou a Ucrânia. Curiosamente, essa breve participação, somada à sua carreira no Palermo, serviram para que o Wolfsburg assinasse contrato por uma temporada.

Sorte ou não, Zaccardo esteve no único time campeão nacional pelo Wolfsburg, participando de 22 partidas na campanha vitoriosa em 2008-09. Aquele time também tinha Andrea Barzagli, outro italiano campeão mundial de 2006 com passagem pelo Palermo.

Zaccardo não durou muito na Alemanha. Logo após o primeiro ano, disputou mais uma partida em 2009-10 e retornou à Itália no início daquela temporada, para assinar com o Parma. Já no fim da carreira, o defensor chegou a fazer um perfil profissional no LinkedIn, passou pelo futebol de Malta e continua tendo apenas um título por clubes no currículo.

4º – Cristian Molinaro

Posição: lateral-esquerdo
Clube em que atuou: Stuttgart (2009-2013)

Com um rosto comum para italianos médios, o narigudo Cristian Molinaro foi revelado pela modesta Salernitana, passando pelo Siena até chegar à Juventus. Titular em anos complicados, quando a Juve retornava à Serie A depois do Calciopoli, o lateral-esquerdo teve seus bons momentos quando foi contratado pelo Stuttgart.

Ao todo, foram quatro anos oscilantes nos suábios. Molinaro foi titular durante grande parte do período, sobretudo na primeira temporada, quando se destacou e jogou na campanha de oitavas de final da Liga dos Campeões. O Stuttgart apanhou do Barcelona e jamais retornou à esta fase da competição continental. Nessa época, inclusive, o lateral foi eleito como um dos melhores da posição na Bundesliga e recebeu suas duas únicas convocações para a Nazionale.

Em seu segundo ano, o italiano se firmou no time titular, com muita regularidade e colaboração ofensiva. O clube ficou em sexto na classificação. A queda de rendimento do Stuttgart nos anos seguintes também afetou o italiano, que teve participações mais discretas em 2011-12. Condenado a ficar no meio da tabela, em seus últimos anos, o lateral preferiu deixar a Alemanha e aceitou um convite para voltar à Itália, desta vez pelo Parma. O fato de ele ter sido um dos últimos bons laterais-esquerdos do Stuttgart diz muito sobre o que os suábios tem feito recentemente.

3º – Ruggiero Rizzitelli

Posição: atacante
Clube em que atuou: Bayern Munique, 1996-1998
Títulos: Bundesliga (1997), Copa da Liga Alemã (1997) e DFB Pokal (1998)

Querido pela torcida da Roma pela sua ótima contribuição ao fim dos anos 1980 e início da década de 1990, Ruggiero Rizzitelli, o Rizzi-gol, viveu seus tempos mais prolíficos com a camisa do Torino, onde fez gols de quase todos os jeitos e se destacou em uma equipe fadada ao desastre do rebaixamento.

Ponta velocíssimo e de muita força, o baixinho podia jogar em qualquer posição ofensiva. Mas era pelas laterais que se destacava. Em 1996, após o descenso do Torino, foi chamado por Giovanni Trapattoni para jogar no Bayern Munique, que queria recuperar a coroa de campeão nacional depois de um breve domínio do Borussia Dortmund. Rizzi-gol tomou o caminho da Bavária e fez sua graça, em bom nível. Não marcou muitos gols, mas colaborou demais com a criação, sobretudo quando entrava no segundo tempo, dando mais dinâmica ao time de Trapattoni.

Ruggiero venceu a Bundesliga e a Copa da Liga em sua temporada de estreia, anotando sete gols na temporada. O seu segundo e último ano vestindo a camisa dos bávaros foi igualmente glorioso: reconhecido por sua habilidade de armar e acelerar contragolpes, fez menos jogos, mas comemorou outra conquista ao fim da campanha: o da DFB Pokal, contra o Duisburg. Naquele ano, a Alemanha se rendeu ao sucesso do Kaiserslautern de Otto Rehhagel, que voltou da segunda divisão e levou o título da primeira de maneira fascinante. Desprestigiado com a chegada de Ottmar Hitzfeld ao Bayern, Rizzitelli voltou para a Itália para defender o Piacenza. Se aposentou dois anos depois, pelo Cesena.

2º – Andrea Barzagli

Posição: zagueiro
Clube em que atuou: Wolfsburg (2008-2011)
Títulos: Bundesliga (2009)

Finalmente um jogador italiano que viveu, de forma incontestável, grande fase na Alemanha. Andrea Barzagli foi recrutado do Palermo para fazer sucesso no histórico time do Wolfsburg que ficou com o título nacional em 2009. Paredão defensivo intransponível, esteve em todas as partidas dos Lobos na campanha vitoriosa.

Antes de ir para a Alemanha, Barzagli quase se tornou jogador da Fiorentina e já havia deixado claro seu desejo de assinar com a Viola. Contudo, as negociações esfriaram e ele acabou acertando mesmo com o Wolfsburg, time no qual conheceu Felix Magath, o homem que mudou os rumos de sua carreira. A disciplina rígida fez de Barzagli um jogador ainda mais competente e focado – palavras do próprio zagueiro.

O Wolfsburg não repetiu o sucesso e perdeu força na temporada seguinte, com a saída de Felix Magath para o Schalke. Barzagli, por outro lado, manteve a forma e durou mais uma temporada e meia em alto nível. Qualidade suficiente para fazer com que ele recebesse uma proposta da Juventus, na janela de inverno em 2010-11. O resto é história.

1º – Luca Toni

Posição: atacante
Clubes em que atuou: Bayern Munique (2007-2010)
Títulos: Copa da Liga Alemã (2007), Bundesliga (2008) e DFB Pokal (2008)
Prêmios individuais: Artilheiro da Bundesliga (2008)

A trajetória do goleador Luca Toni na Alemanha poderia ter sido ainda melhor do que a realidade. Contratado em 2007 com vínculo de quatro anos, o italiano perdeu espaço na segunda metade da passagem pelo Bayern Munique.

Não por questão de desempenho. Toni vinha em forma excelente, tanto que acabou a primeira temporada como artilheiro da Bundesliga, com 24 gols. Na campanha seguinte, manteve a regularidade até enfrentar problemas no tendão de Aquiles. A lesão impediu que ele entrasse em campo na metade decisiva da temporada e o Bayern sentiu a falta de seu bomber.

Toni fazia gols de todas as maneiras. E mesmo sem estar em seu auge, foi muito importante para os bávaros. Depois de 2009, a vida de Luca virou um inferno no Bayern, em virtude da chegada de Louis van Gaal. Disciplinador e notório “xarope”, o treinador holandês exigia demais do elenco e passava dos limites constantemente. Em um desses episódios inesquecíveis, Van Gaal avisou que tinha “bolas” para tirar qualquer estrela do time. E abaixou as calças na frente dos jogadores para provar.

O constrangimento foi apenas uma pequena parcela da relação turbulenta entre Toni e Van Gaal. Sem espaço e prestígio, o italiano se queimou quando foi embora do estádio no intervalo, após ter sido substituído pelo holandês. Em 2010, quando o ambiente estava insuportável, o centroavante foi emprestado à Roma. Começava ali uma fase muito negativa do goleador, que só voltou a se destacar a partir de 2012-13, com as camisas de Fiorentina e Verona.

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