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Os 10 maiores brasileiros da história da Inter

Sul-americano na Itália? A associação com a Inter é quase inevitável. E os brasileiros também tiveram, e ainda têm, participação na história do clube. Ao todo, 37 já vestiram a camisa nerazzurra. E um dado interessante: desde 1995, com a compra do clube por Massimo Moratti e sua internacionalização, 23 foram contratados e quase todas as temporadas tiveram algum brasileiro em campo – a sequência foi interrompida em 2021.

Ausente no top 10, fica o registro de Achille Gama, nascido no Pará, que fez parte da construção do clube e foi atacante entre 1909 e 1914. Gama, que teve curta carreira de jogador, foi o autor do primeiro gol interista em um dérbi de Milão, em 1909. Também a lembrança de flops inigualáveis, como Vampeta, Mancini, Gilberto, Luciano e Caio Ribeiro, ou veteranos que apenas fizeram parte do grupo, como Luís Vinício, ídolo em Napoli e Vicenza, e Zé Maria, que esteve ligado a projetos do clube.

Outros brasileiros com passagem regular foram Maxwell, por três temporadas o lateral-esquerdo de Mancini e Mourinho, revezando com Grosso, Zanetti e Chivu, e o pequeno Philippe Coutinho, contratado como promessa, mas mal aproveitado na Pinetina.

Para montar as listas, o Quattro Tratti levou em consideração a importância de determinado jogador na história do clube, qualidade técnica do atleta versus expectativa, identificação com a torcida e o dia a dia do clube (mesmo após o fim da carreira), grau de participação nas conquistas, respaldo atingido através da equipe e prêmios individuais. Listas são sempre discutíveis, é claro, e você pode deixar a sua nos comentários!

Observações: Para saber mais sobre os jogadores, os links levam a seus perfis no site. Os títulos e prêmios individuais citados são apenas aqueles conquistados pelos jogadores em seu período no clube. Também foram computadas premiações pelas seleções nacionais, desde que ocorressem durante a passagem dos jogadores nos clubes em questão. Confira também: Os 10 maiores jogadores da história da Inter.

Brasileiros da história da Inter (em ordem alfabética e depois no ranking)
Achille Gama, Adriano, Alex Telles, Alonso Piola, Caio, César, Dalbert, Daniel Bessa, Dodô, Éder, Felipe Melo, Gabriel Barbosa, Gilberto, Guilherme Siqueira, Hernanes, Jair da Costa, Jonathan, Juan Jesus, Juary, Julio Cesar, Luciano, Lúcio, Luís Vinício, Maicon, Mancini, Maxwell, Miranda, Philippe Coutinho, Rafinha, Roberto Carlos, Ronaldo, Thiago Motta, Vampeta, Wallace, Wellington Pinto Fraga, Yago Del Piero, Zé Elias e Zé Maria.

10º – ­Juary

Posição: atacante
Período em que atuou: de 1982 a 1983
Títulos conquistados: nenhum
Prêmios individuais: nenhum

O craque da primeira geração dos “Meninos da Vila”, Juary (à esquerda na foto) muito prometia quando surgiu no Santos na segunda metade da década de 70, mas ficou por isso. Uma eterna promessa, que não conseguiu construir uma carreira sólida, mas que ainda teve bons momentos. O que não aconteceu por sua rápida passagem por Milão, contudo.

Um dos dois reforços estrangeiros para o time de Rino Marchesi, chegou com boa expectativa após ótimo ano no surpreendente Avellino de Luís Vinício e Claudio Tobia, oitavo colocado na Serie A 1981-82, quando terminou como artilheiro do time. Fez parte de uma Inter sólida defensivamente (a defesa menos vazada em 1982-83), mas que tinha problemas no vestiário, como as brigas entre Evaristo Beccalossi e Hansi Müller. Versátil atacante, ainda assim fez bons jogos e ensaiou boa dupla com o artilheiro Alessandro Altobelli. Com 36 partidas e quatro gols, saiu para a chegada do outro flop Ludo Coeck e as voltas de Carlo Muraro e Aldo Serena.

9º – Roberto Carlos

Posição: lateral-esquerdo
Período em que atuou: de 1995 a 1996
Títulos conquistados: nenhum
Prêmios individuais: nenhum

A segunda aquisição mais cara da primeira temporada da era Moratti, Roberto Carlos chegou com a pompa de virar o dono da lateral esquerda interista por muitos anos. E tinha qualidade e potencial para isso. Mas Roy Hodgson não viu assim, e a passagem do camisa 6 durou apenas uma temporada. Comprado por 10 bilhões de liras, foi vendido por 7 ao Real Madrid.

Ainda assim, teve bom ano em 1995-96. Foram 30 partidas e cinco gols na Serie A, já mostrando suas qualidades para a Europa, como o forte chute de canhota e a força física incomum para alguém de apenas 1,68m. Estava adaptado ao futebol italiano e tinha as características de um terzino fluidificante – ou seja, um lateral muito incisivo no ataque, que dá fluência ao jogo, tão apreciado na Bota. Porém, ele era considerado indisciplinado taticamente por Roy Hodgson, o que levou o lateral, inclusive, para o meio-campo no seu 4-4-2. Roberto não aceitou a mudança, pediu para ser transferido e a história fala por si: na Espanha, o brasileiro se tornou um dos maiores laterais do mundo.

8º ­- Zé Elias

Posição: volante
Período em que atuou: de 1997 a 1999
Títulos conquistados: Copa Uefa (1997-98)
Prêmios individuais: nenhum

José Elias Moedim Júnior, ou apenas Zé Elias, o “Zé da Fiel”. Se faltava técnica, Zé compensava como muita raça e proteção na frente da defesa. E mesmo sem nunca ter sido titular nos dois anos que ficou em Milão, o volante pode dizer que fez bem com a camisa nerazzurra.

Um leão numa Inter de guerreiros, foi peça importante no time de Luigi Simoni, que primava pela segurança defensiva (apesar dos contestáveis Colonnese e West) e jogava para Ronaldo desequilibrar com a ajuda de Djorkaeff, Zamorano, Simeone e Zanetti. Na sua primeira temporada, em que fez 30 partidas e desbancou Cauet e Paulo Sousa, fez dois importantes gols na campanha que trouxe o primeiro título da era Moratti. Na segunda temporada, porém, perdeu espaço em ano conturbado, no qual a Inter teve quatro treinadores e nenhum padrão tático. Acabou saindo no verão, com a chegada de Marcello Lippi, que levou a Milão Di Biagio e Jugovic.

7º ­- Adriano

Posição: atacante
Período em que atuou: 2001-02, de 2004 a 2008, 2008-09
Títulos conquistados: 3 Serie A (2005-06, 2006-07 e 2008-09), 2 Coppa Italia (2004-05 e 2005-06), 3 Supercoppa Italiana (2005, 2006 e 2008), 1 Copa América (2004), 1 Copa das Confederações (2005), 1 Sul-americano sub-20 (2001)
Prêmios individuais: artilheiro da Copa América (2004), artilheiro da Copa das Confederações (2005), melhor marcador do ano IFFHS (2005), artilheiro do Sul-americano sub-20 (2001)

Adriano, o Imperador de Milão. E se seu homônimo teve um império marcado pela tolerância, eficiência e esplendor das artes e da filosofia, o centroavante traçou caminho totalmente inverso. Cheio de altos e baixos, foi ídolo, goleador e também uma das maiores decepções futebolísticas do século XXI. Talvez por isso não tenho alcançado melhor posição no nosso ranking.

Com 74 gols em 177 partidas e oito títulos em três passagens pelo clube, Adriano foi tudo isso e mais um pouco. Um combo entre força física e técnica pouco comum, conviveu com e depois substituiu outro bomber que poderia ter tido melhor final (Vieri) e viu o sueco Ibrahimovic tomar seu trono quando começara a dar sinais da queda, pós-2006. Em duas temporadas e meia, entre 2004 e 2006, fez 59 gols em 107 partidas, mas problemas psicológicos deram fim a uma carreira que tinha tudo para ser gigante, mas ficou no quase.

6º ­- Thiago Motta

Posição: volante
Período em que atuou: de 2009 a 2012
Títulos conquistados: 1 Serie A (2009-10), 2 Coppa Italia (2009-10 e 2010-11), 1 Supercoppa Italiana (2010), 1 Liga dos Campeões (2009-10), 1 Copa do Mundo de Clubes (2010)
Prêmios individuais: nenhum

Em dois anos e meio e 83 partidas, além de 12 gols e seis títulos, Thiago Motta foi referência no meio-campo da Inter. Viveu o auge da era Moratti e também a sua queda. O ítalo-brasileiro, contudo, permaneceu com seu status intacto. Saiu ainda jogando em alto nível, mesmo com os problemas físicos. Preferiu seguir Leonardo e ser titular esporádico no ambicioso projeto do Paris Saint-Germain do que ser absoluto em uma Inter com problemas financeiros e muita confusão nos bastidores.

Um gentleman, apesar de alguns momentos de exaltação, combinava leitura de jogo, saída de jogo e chegada ao ataque com muita técnica e força. Ao lado de Cambiasso, formou a melhor dupla de volantes do futebol europeu em 2009-10, quando viveu o auge da carreira. Recém-chegado à Inter, marcou um gol contra o Milan e, já no final da temporada, ainda teve atuação de gala na primeira semifinal da Liga dos Campeões, quando anulou Messi; e mesmo com a expulsão, rigorosa, no jogo de volta, não foi crucificado pelos interistas, que enxergam nele peça importante para a Tríplice Coroa.

5º – ­Lúcio

Posição: zagueiro
Período em que atuou: de 2009 a 2012
Títulos conquistados: 1 Serie A (2009-10), 2 Coppa Italia (2009-10 e 2010-11), 1 Supercoppas Italianas (2010), 1 Liga dos Campeões (2009-10), 1 Copa do Mundo de Clubes (2010)
Prêmios individuais: FIFA/FIFPro World XI (2010)

Por três temporada como titular absoluto, Lúcio foi o xerifão da zaga nerazzurra. Ainda assim, não teve um final tão bonito quanto o começo. Nas mãos de Mourinho, o único que conseguiu lhe “adestrar”, terminou 2009-10 como referência da solidez interista e o melhor zagueiro europeu da temporada. Naquele ano, formou uma das maiores duplas de zaga da história da Inter ao lado de Samuel.

Mas a idade chega, e o seu auge foi embora rapidamente. Já irregular em 2010-11, caiu bastante em 2011-12, como seu companheiro de zaga, e viu a defesa perder força com as saídas de outros veteranos, como Córdoba e Materazzi. Debandou do clube pelo alto salário, rescindindo o contrato para fazer quatro partidas pela rival Juventus.

4º ­- Maicon

Posição: lateral-direito
Período em que atuou: de 2006 a 2012
Títulos conquistados: 4 Serie A (2006-07, 2007-08, 2008-09 e 2009-10), 2 Coppa Italia (2009-10, 2010-11), 3 Supercoppas Italianas (2006, 2008 e 2010), 1 Liga dos Campeões (2009-10), 1 Copa do Mundo de Clubes (2010), 1 Copa América (2007), 1 Copa das Confederações (2009)
Prêmios individuais: melhor defensor da Uefa (2010), time do ano Uefa (2010), FIFA/FIFPro World XI (2010), All-Star Team Fifa da Copa do Mundo (2010)

O colosso da lateral direita nerazzurra. Por seis temporadas, Maicon foi o titular absoluto e o faz-tudo do lado direito dos times de Mancini e Mourinho. Sob a batuta do italiano formou dupla muito entrosada e talentosa com Zanetti, que dava o equilíbrio para o lateral desequilibrar a defesa adversária. Graças à sua explosão, ultrapassagem, entradas em diagonal, cruzamentos e um chute potente, justamente o eterno Zanetti mudou de posição (também pela idade, claro). Maicon pedia passagem, e conseguiu.

E nem mesmo o argentino (que virou volante), Bergomi (zagueiro), Oriali (volante), Burgnich (líbero) e outros tiveram a consistência do brasileiro na lateral direita. Maicon fez história com a camisa 13 em 248 partidas, decisivos 20 gols (como os golaços contra Milan, Juventus e Barcelona) e pouco mais de 50 assistências. Como outros integrantes do time que alcançou o Triplete, não teve final feliz e a decadência física, mas também o alto salário, o fizeram sair mal do clube em que tudo ganhou.

3º ­- Julio Cesar

Posição: goleiro
Período em que atuou: de 2005 a 2012
Títulos conquistados: 5 Serie A (2005-06, 2006-07, 2007-08, 2008-09 e 2009-10), 3 Coppa Italia (2005-06, 2009-10 e 2010-11), 4 Supercoppa Italiana (2005, 2006, 2008 e 2010), 1 Liga dos Campeões (2009-10), 1 Copa do Mundo de Clubes (2010), 1 Copa América (2007), 2 Copas das Confederações (2009 e 2013)
Prêmios individuais: Oscar do futebol AIC de melhor goleiro (2009 e 2010), melhor goleiro Uefa (2010)

Julio Cesar não foi um imperador, mas foi ‘L’Acchiappasogni‘ (literalmente “o apanhador de sonhos”), ou simplesmente ‘Julione’ para os interistas. Por sete temporadas, fez história num clube de tantos goleiros marcantes e tem seu lugar importante no meio deles. Foi o substituto perfeito de Toldo, com quem tanto cresceu, e no lugar do italiano, fez 300 partidas com a camisa nerazzurra e sofreu 273 gols – retrospecto inferior apenas ao de Zenga, maior arqueiro da história do clube.

Exceto pela desastrosa temporada 2011-12, sua última, teve média inferior de um gol/partida em todos os outros anos. Em terra de Buffon, foi o goleiro menos vazado com mais de 30 partidas por cinco anos seguidos. Dos brasileiros que participaram das conquistas do clube na última década, foi o único que ganhou uma despedida pública no estádio (com direitos a suas famosas e muitas lágrimas), o que mostra que ele ganhou muita identificação com o clube e a torcida.

2º – Jair da Costa

Posição: ponta-direita
Período em que atuou: de 1962 a 1967; 1968 a 1972
Títulos conquistados: 4 Serie A (1962-63, 1964-65, 1965-66 e 1970-71), 2 Copas Europeias (1963-64 e 1964-65), 2 Copas Intercontinentais (1964 e 1965)
Prêmios individuais: nenhum

Simplesmente o melhor e maior ponta-direita da história da Inter. Protagonista no time mais marcante da Beneamata, ninguém fez tanto com a camisa 7 nerazzurra quanto o brasileiro. Em 260 partidas, 69 gols, nove temporadas e oito títulos, Jair deixou um legado enorme para os seus compatriotas no lado azul de Milão.

Não foi o primeiro a vestir a camisa, mas foi o primeiro a fazer sucesso, que só seria alcançado, muito mais pela genialidade do que pela história, pelo primeiro lugar da nossa lista, e quase três décadas depois. Peça-chave no sistema de Helenio Herrera, era quem dava profundidade, brilho individual e fazia diagonais fantásticas partindo da ponta direita. Também se mostrou ótimo marcador, quase um ala. No mais, Jair foi o homem que fez o gol da segunda “orelhuda” da Inter, garantindo mais um troféu da Copa dos Campeões ao clube, um dos destaques do futebol nos anos 60.

1º­ – Ronaldo

Posição: atacante
Período em que atuou: de 1997 a 2002
Títulos conquistados: 1 Copa Uefa (1997-98), 1 Copa do Mundo (2002), 1 Copa América (1999), 1 Copa das Confederações (1997)
Prêmios individuais: Bola de Ouro (1997), Melhor Jogador do Mundo Fifa (1997), Jogador do Ano World Soccer (1997), Melhor Jogador da Copa (1998), Seleção da Copa (1998 e 2002), Atacante do Ano da Uefa (1998), Jogador do Ano da Uefa (1998), Oscar del Calcio: Melhor jogador estrangeiro (1998), Oscar del Calcio: Melhor jogador (1998), Artilheiro da Copa América (1999), Artilheiro da Copa do Mundo (2002) e Integrante da lista Fifa 100

Ronaldo Luís Nazário de Lima, o Fenômeno. Uma lenda que, apesar dos problemas físicos e disciplinares, foi insuperável dentro de campo. Por cinco temporadas, mas apenas uma em forma física perfeita, os interistas acompanharam de olhos arregalados um gênio que fazia parecer tudo mais fácil, com explosão física, dribles antológicos e gols, muitos gols.

Foram 59 gols em 99 jogos, 34 deles só em 1997-98, seu auge com a camisa nerazzurra. Na Serie A, 49 em 68, média de 0,72, superior a Meazza, Boninsegna, Altobelli e até Vieri, seu “substituto”. Números que só não são mais fantásticos por duas lesões gravíssimas, que o fizeram atuar em metade de 1998-99, um quarto de 1999-00, nada em 2000-01 e um terço de 2001-02, quando ainda assim teve ótimas marcas: 24 gols em 36 partidas. O último deles nesta cobrança de falta. Mesmo atuando menos vezes do que poderia, em cinco anos, Ronaldo, até hoje está na memória dos interistas. Pudera, apenas ele e Matthäus foram eleitos como melhores jogadores do mundo pela Fifa vestindo a camisa azul e preta.

Atualizado em 27 de fevereiro de 2023.

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