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Scudetto de 2001 foi a primeira grande página escrita por Francesco Totti na Roma

Há 19 anos, a Roma conquistava o seu terceiro e último scudetto. Comandada por Fabio Capello e com um trio de ataque inesquecível, o time giallorosso superou a Lazio, sua eterna rival, e a toda poderosa Juventus na luta pelo troféu da Serie A de 2000-01. O título seria o primeiro da dinastia de Francesco Totti, que fazia sua nona temporada como profissional pelo time da Cidade Eterna.

A Roma teve anos 1990 paupérrimos. Na década, o máximo que o clube havia conseguido foi o título da Coppa Italia e o vice da Copa Uefa, em 1991, e um quarto lugar da Serie A, em 1998. Após esse período de baixa, a diretoria, encabeçada por Franco Sensi, foi atrás de um dos maiores técnicos à disposição no futebol italiano: Fabio Capello, que fora vitorioso por Milan e Real Madrid, além de ex-jogador da Loba entre 1967 e 1970.

Capello chegou à Cidade Eterna em 1999 e precisou de um ano para transformar um time cambaleante em força realmente competitiva. Com uma boa leitura de mercado, técnico e diretoria foram atrás de três reforços de peso para a temporada 2000-01. A contratação mais cara foi a de Gabriel Batistuta, que se tornaria artilheiro da Roma na campanha da Serie A, com 20 gols. O cabeludo argentino se juntou aos giallorossi após sair da Fiorentina pela bagatela de 36,15 milhões de euros. Além de Batigol, Walter Samuel e Emerson chegaram para, de cara, se tornarem peças indispensáveis para a futura campeão nacional.

Sem faturar o scudetto desde 1983, a Roma estava faminta por conquistas, principalmente porque a Lazio havia conquistado o seu segundo título italiano justamente na temporada anterior. Com um elenco que tinha cinco brasileiros (Aldair, Antônio Carlos Zago, Cafu, Marcos Assunção e o já citado Emerson) e muito talento, a Roma teve uma excelente campanha em 2000-01, vencendo 22 dos 34 jogos, empatando nove e perdendo apenas três. Seu ataque fora de série foi responsável por 68 gols, sendo que 20 deles foram marcados por Batistuta, 13 por Totti e 13 por Vincenzo Montella.

Batistuta foi uma das estrelas da Roma em 2000-01 (Action Images/Reuters)

A consistência da equipe da capital foi uma das chaves para a conquista do seu terceiro caneco. O time de Capello assumiu a ponta da tabela pela primeira vez já na segunda rodada, perdendo-a para a Udinese na quinta e a recuperando imediatamente, logo na sexta. Dali em diante, voo de cruzeiro: foram, ao todo, 30 rodadas na primeira colocação.

O feito foi impressionante, principalmente para um time conhecido por nem sempre manter o psicológico em ordem quando está sob pressão. E a Juventus pressionava: tanto é que terminou o campeonato apenas dois pontos atrás dos giallorossi. Para que essa vantagem se concretizasse, a Roma precisou arrancar um empate contra os bianconeri no Delle Alpi, na 29ª rodada do campeonato. E isso uma semana depois de ter sofrido com a frustração de a Lazio ter reagido ao 2 a 0 parcial e ter empatado o dérbi com gol aos 95 minutos.

A seis jornadas do fim, a Juventus tinha a chance de reduzir a distância para a Roma. Em menos de 10 minutos, com dois gols seguidos, a Velha Senhora fez 2 a 0 sobre os capitolinos no confronto direto. Porém, os visitantes acreditaram e buscaram o empate, com gols de Hidetoshi Nakata, aos 79, e Montella, aos 91: o problema criado no clássico romano estava resolvido. Aquele empate foi vital, porque a Loba tropeçou duas vezes nos cinco compromissos seguidos e permitiu a aproximação juventina. O título giallorosso só seria confirmado na última rodada, com vitória por 3 a 1 sobre o Parma, no Olímpico.

Outro fator que contribuiu para a campanha do scudetto foi a variação tática produzido por Capello. O time jogava, na maioria das vezes, em um 3-5-2, mas mudava para um 3-4-1-2 em algumas ocasiões e para um 5-3-2 em jogos contra times mais fortes do ponto de vista ofensivo. Para atingir tal excelência na performance, o balanço defensivo proporcionado pelos volantes Cristiano Zanetti (ou Emerson) e Damiano Tommasi era essencial, até porque Cafu e Vincent Candela eram laterais que subiam ao ataque com frequência.

Torcedores invadem o gramado do Olímpico para comemorar: Capello, sempre sério, os encara de jeito peculiar (Allsport)

A defesa romanista começava com um camisa 1 improvável: sem grife, Francesco Antonioli foi o goleiro do título no ano em que viveu sua melhor fase como profissional. Outro jogador pouco badalado do setor era o francês Jonathan Zébina, que alternava com o veterano Aldair e fazia o trio de zaga com Samuel e Antônio Carlos.

Na frente, tudo passava por Totti, que jogava como trequartista, mas também podia ser mais recuado ou mais avançado, a depender do adversário. O capitão e camisa 10 era o coringa de Capello e foi um dos jogadores mais regulares em toda a campanha, com momentos de brilhantismo absoluto, como no golaço contra a Udinese. Protagonista, Francesco foi eleito como melhor jogador italiano de 2001 e ficou em quinto na premiação da Bola de Ouro.

Logo à frente do craque, Batistuta foi o goleador do time, com 20 tentos em todo o campeonato. A seu lado, tinha um Marco Delvecchio muito dedicado à função de garçom e um Montella que só despontou no segundo turno. E que despertar: foram 11 gols no returno. Batigol, Totti e o Aeroplanino foram os autores dos gols do título, contra o Parma.

Com um treinador do mais alto escalão e muita qualidade técnica, a Roma deu para sua torcida o seu terceiro scudetto. A seu capitão, a única experiência de ser campeão nacional e levantar o troféu como símbolo máximo do clube ao qual dedicou grande parte da sua vida. O talento encontrado em Samuel, Cafu, Montella, Batistuta e Totti foi único, assim como o seu feito. Imortais na Cidade Eterna, seus nomes jamais serão esquecidos pelo lado giallorosso da capital.

Roma 2000-01

Time-base: Antonioli; Zago, Samuel, Zébina (Aldair); Cafu, Zanetti (Emerson), Tommasi, Candela; Totti; Delvecchio (Montella), Batistuta. Técnico: Fabio Capello.
Grandes jogos: Juventus 2-2 Roma (29ª rodada), Roma 3-2 Inter (21ª) e Lazio 0-1 Roma (11ª).

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