Jogos históricos

A Juventus teve show de seus dois Baggios para superar o Dortmund na Copa Uefa de 1993

Não é comum para um clube enfrentar a mesma equipe de um outro país por anos consecutivos. Os encontros dependem de um bom momento futebolístico delas, afinal, ambas precisam estar disputando alguma competição continental, ter méritos para seguir no torneio e, claro, contar com a sorte, com a coincidência, das bolinhas escolhidas ao acaso colocarem os dois times frente a frente. Juventus e Borussia Dortmund, da Alemanha, misturaram esses elementos na década de 1990.

No duelo inaugural entre as duas equipes, pesou mais a competência do que a sorte: as duas potências se encontraram pela primeira vez em jogos oficiais na decisão da Copa da Uefa 1993. E quem levou a melhor, sem muitas dificuldades, foram os italianos, que conquistaram o seu terceiro troféu no torneio sob o comando de um velho conhecido.

Pela segunda vez à frente dos bianconeri, Giovanni Trapattoni retornou em 1991, depois de uma passagem vitoriosa por Turim: de 1976 a 1986, venceu seis vezes a liga italiana, duas copas nacionais, uma Copa dos Campeões, um Mundial de Clubes e também foi o responsável pelo primeiro título internacional da história da Juve, conquistando a Copa Uefa, em 1977.

Conte foi um dos nomes mais importantes da Juve na partida de ida contra o Dortmund (imago/Kicker/Liedel)

Antes de voltar para Turim, o técnico comandou a Inter e também deixou sua marca por lá, ao vencer um Campeonato Italiano, uma Supercopa nacional e, mais uma vez, a Copa Uefa. Esse segundo título da competição continental o colocou como treinador mais vitorioso do torneio, ao lado do espanhol Luis Molowny, ambos com duas conquistas. Porém, para Trap, isso ainda não foi o suficiente.

Se hoje em dia conhecemos Unai Emery como o grande mister Europa League, até a terceira conquista do espanhol, em 2016, somente Trapattoni havia conseguido vencer três vezes a competição e manteve o recorde por mais de duas décadas e meia. Segunda no nível hierárquico dos torneios continentais, a Copa Uefa já teve um modelo diferente dos dias atuais, e concentrava mais times do alto escalão europeu.

Real Madrid, Manchester United, Benfica, Borussia Dortmund e a própria Juventus foram vice-campeões em suas ligas nacionais em 1992. Como somente o time vitorioso de cada país ia para a Champions League, a Copa Uefa acabava por ter um nível altíssimo de disputa por receber segundos, terceiros e até quartos colocados de Itália, Inglaterra, Alemanha, Espanha e outros países.

Então na Juventus, Möller também foi jogador do Dortmund (imago/Kicker/Liedel)

Na Serie A da temporada 1991-92, a Juve de Trapattoni ficou em segundo lugar, oito pontos atrás do Milan do artilheiro Marco van Basten, treinado por Fabio Capello e primeiro campeão invicto da liga italiana. Do lado bianconero, quem mais se destacou na campanha do vice foi Roberto Baggio, artilheiro da equipe com 15 gols no torneio e 22 em todas as competições. Na conquista continental do ano seguinte, foi peça-chave, marcando seis vezes na Copa Uefa e levantando a taça como capitão.

Junto de Baggio, Gianluca Vialli acabara de chegar da Sampdoria e viria a balançar as redes cinco vezes na Copa Uefa, formando excelente ataque com o craque italiano e com mais uma contratação da temporada, Andreas Möller, o titular menos definitivo. Sendo esse o trio que mais atuou junto, Fabrizio Ravanelli, Pierluigi Casiraghi e Paolo Di Canio apareceram poucas vezes durante o torneio.

No meio-campo, o xará de Baggio, Dino, sem nenhuma relação de parentesco, foi outro reforço e compôs o setor junto de Roberto Galia e Antonio Conte, todos então médios mais defensivos. Na defesa, jogavam o alemão Jürgen Kohler e o brasileiro Júlio César, que futuramente viriam a mudar do lado e vestir as cores aurinegras do adversário da final, e os italianos Massimo Carrera e Moreno Torricelli – sendo o último uma contratação inesperada mas que acabou vingando na lateral direita bianconera. O “pequeno”, porém talentoso, Angelo Peruzzi fechava a meta. Vale também a ressalva para o defensor Marco De Marchi, que atuou diversas vezes na competição, principalmente pela ala esquerda.

Kohler e Dino Baggio dobram a marcação sobre Chapuisat (imago)

Na primeira rodada, que seria um 32 avos de final, a Juventus passou sem problemas pelo Anorthosis Famagusta. Um agregado de 10 a 1 contou com gols de Robi Baggio, Möller, Vialli (dois), Torricelli e uma pintura de Conte na ida, na vitória por 6 a 1. Na volta, no Chipre, outra vitória, agora por 4 a 0. Casiraghi deixou a sua marca duas vezes e Kohler e Ravanelli completaram a segunda goleada.

Na eliminatória seguinte, contra o Panathinaikos, a Juve passou de forma bem mais apertada. Uma vitória magra por 1 a 0 na Grécia, com gol de David Platt, mais uma das contratações da temporada, foi o que garantiu a vaga na próxima fase. Aos 79 minutos, Roberto Baggio, no papel de pivô, dominou de costas para a meta e ajeitou para o inglês, que vinha de trás como um foguete. O meia acertou uma paulada no cantinho e o arqueiro, imóvel, pouco pode fazer para evitar o único tento nos dois jogos – a volta, em Turim, foi 0 a 0.

O último adversário da Juventus antes dos nomes mais notáveis foi o modesto Sigma Olomouc, da Checoslováquia. A classificação foi tranquila: uma vitória por 2 a 1 fora e outra em casa por 5 a 0, com gols de Möller e Dino Baggio na primeira mão, e Vialli (dois), Casiraghi, Ravanelli e mais uma vez Möller na volta, em solo italiano. A partir dali, começou a vida difícil para a equipe de Trapattoni.

Além de marcar forte, Dino Baggio era vital na conclusão das jogadas da Juventus (imago/Kicker/Liedel)

Nas quartas de final, ocorreu a primeira derrota bianconera. Jogando em Portugal, o Benfica venceu o duelo de ida por 2 a 1. Vialli chegou a empatar a partida, mas os dois gols de Vítor Paneira garantiram o triunfo português. Já no Delle Alpi, a Juve mostrou sua força abrindo o placar logo aos dois minutos, com Kohler. O arqueiro Silvino saiu para cortar o cruzamento, errou o tempo de bola, se lesionou e a pelota ainda sobrou para o defensor alemão anotar. Em outro escanteio, aos 43 minutos, Dino Baggio ampliou e Ravanelli, saindo do banco, fechou o placar em 3 a 0, aos 67.

A um passo da final, a Juventus voltou a vencer ambas as pelejas contra o Paris Saint-Germain. Sem Peruzzi, Michelangelo Rampulla assumiu provisoriamente o lugar na baliza e quase deu conta do recado. Na partida de ida, na Itália, não tentou impedir o tento de George Weah, já que ficou reclamando de impedimento na jogada, mas viu o seu camisa 10, Roberto Baggio, em uma noite inspirada, marcar dois golaços, sendo o segundo numa cobrança de falta magistral nos acréscimos da etapa complementar, garantindo uma vitória importantíssima.

Enfrentando o PSG na França, mais uma vez o meia-atacante Baggio liderou a vitória, marcando o único gol no triunfo por 1 a 0. Rampulla foi importante fazendo boas defesas e Robi fez seu único tento desviando um chute de Vialli aos 77 minutos, em lance de bola parada. A final, que acabou sendo tranquila, prometia ser bem mais disputada pela campanha do adversário.

A Juventus não temeu a “Muralha Amarela”: virou ante o Dortmund em pleno Westfalenstadion (imago/Kicker/Liedel)

Esse Borussia Dortmund viria a ser bicampeão alemão nos anos seguintes ao vice europeu, além de obter um título da Liga dos Campeões em cima da própria Juventus. Na temporada 1992-93, a equipe foi liderada pelo goleador suíço Stéphane Chapuisat, que foi o artilheiro aurinegro ao lado de Michael Zorc. Quem também estrelava o time era Michael Rummenigge, irmão mais novo do famosíssimo Karl-Heinz.

A equipe treinada por Ottmar Hitzfeld, que ficou à frente dos aurinegros (ou Schwarzgelben, em alemão) entre 1991 e 1997, jogava habitualmente em um 3-5-2: Günter Kutowski, Stefan Reuter e Bodo Schmidt foram os que mais fardaram na zaga, com participações significativas de Michael Schulz e Ned Zelic. No meio-campo, Knut Reinhardt e Michael Lusch fizeram as alas com Gerhard Poschner, Michael Rummenigge e Zorc formando o trio central. Na frente, Flemming Povlsen atuou oito vezes como titular ao lado de Chapuisat.

Com um caminho menos tranquilo do que o oponente na final, o BVB só teve facilidade contra o Floriana, na primeira rodada eliminatória, em que despachou o time de Malta por 7 a 2 no agregado. Na sequência, contra um forte Celtic, venceu os dois confrontos mesmo com um susto no jogo da volta na Escócia. Em casa, fez 1 a 0 com gol de Chapuisat, mas foi para o descanso em Glasgow perdendo, graças ao tento anotado por Gerry Creaney. Na segunda etapa, conseguiu virar com mais uma bola na rede de seu artilheiro e outra de seu capitão, Zorc, fechando a conta em 2 a 1.

Sufocante, a Juventus deu pouco espaço para o time aurinegro produzir (imago/Kicker/Liedel)

Nas oitavas de final, a vida ficaria mais tranquila para os alemães, que abriram 3 a 0 contra o Real Zaragoza em casa, mas viram a vantagem ser reduzida a um gol após o time espanhol descontar na ida e abrir o placar na volta. No entanto, com outra virada no segundo tempo, a vaga foi assegurada com mais um 2 a 1.

Enfrentando a Roma de Vujadin Boskov na quartas-de-final, os comandados de Hitzfeld conheceram sua primeira derrota. No Olímpico, Sinisa Mihajlovic fez um belo gol ao acertar um chutaço da entrada da área, com o pé direito. Porém, não foi o suficiente: na Alemanha, o Dortmund venceu por 2 a 0 e passou.

Assim como a Juventus, o Borussia também eliminou um time francês antes de chegar à decisão – e sofreu bastante. Após vencer o Auxerre em casa, por 2 a 0, e perder fora pelo mesmo placar, os schwarzgelben precisaram dos pênaltis para avançar. Stefan Klos foi o grande herói ao pegar a sexta cobrança do oponente, com todas as outras sendo convertidas. A moral alta para receber os italianos no Westfalenstadion após tamanha adrenalina foi útil, pelo menos no início.

O brasileiro Júlio César, que também jogou no Dortmund, teve papel importante como líbero bianconero (imago/Kicker/Liedel)

A primeira mão da final foi na Alemanha. Nos momentos iniciais da partida, o dia parecia dos aurinegros. Com menos de dois minutos, Poschner arrancou pela esquerda, Dino tentou desarmá-lo e o germânico achou Reinhardt livre próximo à linha de fundo. Marcado por Júlio César, ele tocou para trás e achou Rummenigge, que chutando de trivela, venceu Peruzzi ao acertar o ângulo direito do arqueiro.

Saindo atrás de forma precoce, a Juventus abusou das entradas mais fortes nos momentos iniciais, e o adversário também não deixava barato. A primeira oportunidade dos visitantes veio aos sete minutos. O Borussia bobeou na saída de bola e Möller conseguiu roubá-la na entrada da área. Mesmo não estando nas melhores condições para finalizar, o meia-atacante bianconero ousou com uma cavadinha e carimbou o travessão.

O jogo continuou bem disputado, com poucas chances para ambos os lados, mas muitos erros individuais. Um deles, de Giancarlo Marocchi, quase cedeu um novo gol ao Dortmund. Perto dos 16 minutos, Reinhardt cruzou na segunda trave e o meio-campista italiano cabeceou para baixo, na entrada da área. A bola encontrou Lusch, que ajeitou de peito e emendou um belo chute sem deixar ela cair, rente à trave de Peruzzi. Pouco tempo depois, outra chegada perigosa dos mandantes. Poschner recebeu de Thomas Franck, em profundidade pela esquerda, invadiu a área e bateu no canto do arqueiro, que espalmou para escanteio.

Imparável: com velocidade, Robi Baggio desarrumou a defesa alemã (Getty)

As chances perdidas fizeram falta e a Vecchia Signora pode aproveitar para virar o confronto. Mesmo com dificuldades na criação, o time de Trapattoni buscou o empate em uma jogada ensaiada de bola parada. Aos 25 minutos, Möller ameaçou bater uma falta de longa distância, mas tocou para Vialli na entrada da área. O atacante, de costas para o gol, devolveu para o companheiro, que vinha de trás e achou Dino Baggio com um simples e preciso passe de primeira. Com tempo de dominar, pensar, driblar e finalizar com calma, o xará de Robi chutou no cantinho, sem chances para o arqueiro Klos.

A curiosidade do tento fica pelo defensor que sofreu a finta. Jovem zagueiro na época, Uwe Grauer faria naquela final seu primeiro e único jogo dentro da Copa Uefa. A surpresa de Hitzfeld não deu certo, apesar de manter a estrutura principal do time: além do titular absoluto Klos no gol, Schmidt e Reuter formavam o trio defensivo junto ao novato. Na meia cancha central, o capitão Zorc fez dupla com Franck, que também não vinha atuando regularmente na competição. Reinhardt ocupava a ala esquerda e Lusch fechava a direita. Na frente, o treinador apostou na mobilidade, com Poschner e Rummenigge tendo bastante liberdade e Chapuisat um pouco mais preso à última linha defensiva da Juve.

Grauer se destacaria negativamente em outro vacilo. Com 29 minutos, Júlio César cortou um cruzamento na área bianconera e Dino Baggio acionou Marocchi em velocidade pela esquerda. Na sequência, o meia deixou para Vialli perto da grande área: o ex-doriano ficou no mano a mano com o zagueiro alemão, entortou o defensor com duas fintas, trouxe para a esquerda e cruzou na medida para Roberto Baggio completar, livre de marcação.

Eficiente na ida, Möller ainda marcou no duelo de volta (Bongarts/Getty)

A Juve passou a ficar bem mais confortável no jogo, sofrendo e se expondo menos enquanto os alemães tentavam aumentar, sem sucesso, a intensidade. Na volta do intervalo, Conte levou amarelo com apenas um minuto de bola rolando, por uma falta dura na entrada da área. Pendurado, ficou fora da segunda partida das finais.

O jogo seguiu nessa toada até os 17 minutos, quando pela primeira vez os bianconeri conseguiram encaixar um contra-ataque rápido, respondendo às investidas frustradas do adversário. Möller recebeu próximo à linha lateral, no meio-campo, e começou a progredir rumo ao centro. Quando viu Robi Baggio disparar, deu um belo passe de trivela, deixando o companheiro de frente para Klos. O camisa 10 até tirou do goleiro, porém, viu a fraca finalização ser desviada já em cima da linha por Schmidt.

O Dortmund, tendo a bola por mais tempo, começava a encontrar algumas brechas na retranca italiana. Porém, quando perdia a posse, concedia muitos espaços para Baggio, Vialli e Möller, que aproveitavam os chutões vindo da defesa. E foi em um deles que placar da ida foi sacramentado.

Vialli mostrou um pouco de sua habilidade com assistência primorosa em Turim (Onze/Icon Sport)

Conte, aos 73 minutos, interceptou uma boa tabela ofensiva do time aurinegro e jogou a bola para longe, encontrando Möller. Com participação de todos do tridente ofensivo, o contra-ataque, desta vez letal, terminou com o alemão encontrando Robi Baggio na entrada da área. Il Divin Codino finalizou desequilibrado, caindo, mas acertou bem no contrapé de Klos. Imóvel, o goleiro viu a pelota entrar em sua meta devagarinho, após bater na trave.

Com menos de 10 minutos para o fim, Möller apareceria novamente como garçom, deixando Vialli na cara do gol, mas Gianluca se atrapalhou ao tentar driblar Klos e perdeu uma chance muito boa de matar o confronto já na ida. Não fez falta, afinal, na volta a Juventus encararia ainda menos dificuldades para construir um placar agregado elástico.

Sem Conte, e com Torricelli disponível, Trapattoni foi forçado a alterar seu onze inicial. Galia entrou no meio-campo e fez uma dupla de médios defensivos com Dino Baggio, enquanto Marocchi foi para o banco. Na retaguarda, Kohler e Carrera faziam uma dupla de zaga enquanto Júlio César assumia o papel de líbero e De Marchi compunha pela esquerda. Na frente, Vialli era o último homem e contava com o apoio de Robi Baggio e Möller vindo de trás.

De Marchi e Robi Baggio comemoram o triunfo na Copa Uefa (LaPresse)

Hitzfeld, precisando reverter a pesada derrota em seus domínios, mudou cinco titulares: os atacantes Lothar Sippel e Frank Mill contavam com o apoio de Rummenigge no trio ofensivo. Reuter passou para ala direita e Poschner ficou mais recuado, fazendo dupla com Steffen Karl no meio de campo. Reinhardt manteve a titularidade na ala esquerda e Schulz entrou na defesa junto de Zelic para formar a trinca de defensores com Schmidt. Apesar de tantas mudanças, o resultado foi praticamente o mesmo: outra vitória tranquila dos bianconeri.

Se na Alemanha o Borussia abriu o placar rapidamente, a mesma história se repetiu com a Juventus como mandante no Delle Alpi. Logo perto dos cinco minutos, Júlio César lançou para o ataque e, no bate-rebate, Vialli fez magia. Com apenas um toque de primeira, de calcanhar, o centroavante desmarcou Dino Baggio, que invadiu a área e bateu forte e no alto com a perna esquerda, estufando o teto da rede.

A vantagem, no agregado, já estava em três gols e a situação começava a se tornar irreversível para os visitantes. Conseguindo ameaçar a meta de Peruzzi apenas em arremates de longa distância, o Dortmund ainda enfrentava muitas dificuldades para segurar a força ofensiva bianconera. A Juve abusava dos lançamentos longos de Júlio César e era bastante incisiva quando tinha a posse, ameaçando também nos contra-ataques.

Festa após o apito final: Peruzzi, Torricelli e Vialli celebram a conquista bianconera no Delle Alpi (Allsport)

E foi em um deles que a Juve conseguiu ampliar a vantagem e, praticamente, liquidar a fatura. Aos 42 minutos, Möller ligou rapidamente para Baggio na ponta esquerda. No mano a mano, o camisa 10 driblou Schmidt, fez Zelic passar lotado em um carrinho, depois de ameaçar o chute, e Klos evitou que a pintura fosse concluída. Na sequência, a defesa do clube alemão fez falta na lateral da área, e no cruzamento, Dino subiu sozinho e testou firme, para baixo, tirando qualquer chance de defesa.

O BVB, mesmo precisando de quatro gols, não voltou atônito. Logo com três minutos, teve uma boa chance com Sippel. O atacante conseguiu vencer pelo alto em cruzamento na área, mas cabeceou fraco para a fácil defesa de Peruzzi. A tentativa de remontada parou por aí e em alguns chutes de longa distância. Mais tarde, a lei do ex daria seu ar da graça no Delle Alpi para finalizar o atropelo.

Aos 59 minutos, Galia tocou forte para Robi Baggio. Combatido por dois defensores na altura da marca do pênalti, o camisa 10 tirou da cartola um toque de letra preciso para Möller. O ex-jogador do BVB não chegou na bola, mas o desarme de Franck a mandou de encontro à canela do meia bianconero: sem querer, o alemão marcou seu tento na finalíssima. Com 3 a 0 para a Juventus e 6 a 1 no agregado, não havia nada que tirasse o título de Turim.

Assim como aconteceu em 1977, jogadores da Juventus alçam Trapattoni aos céus após um título da Copa Uefa (imago)

Praticamente consagrado como o melhor do torneio, Roberto Baggio quase fez um gol antológico para coroar sua participação na Copa Uefa. Partindo do meio-campo, ele deixou dois marcadores para trás e Klos caído já dentro da grande área, mas foi desarmado por um carrinho por trás na hora da conclusão.

Capitão, Robi foi quem levantou a taça do torneio continental no estádio lotado, frente a quase 63 mil torcedores. Trapattoni vivia ali sua última conquista como treinador da Juventus, saboreando pela segunda vez a primeira taça que faturou no comando da Vecchia Signora. Para o Borussia Dortmund, o revés era apenas o capítulo inaugural de uma série de encontros que perduraram durante toda a década de 1990.

Dois anos depois do veredito da Copa Uefa de 1993, Juve e BVB voltaram a se enfrentar nas semis. Mais uma vez os italianos levaram a melhor, mas perderam a decisão para o Parma. Na temporada seguinte, mas ainda em 1995, uma vitória para cada lado após os dois clubes serem sorteados na fase de grupos da Champions League. Só em 1997 os aurinegros conseguiram dar o troco: na final da competição daquele ano, Karl-Heinz Riedle foi o grande nome da vitória alemã por 3 a 1.

Borussia Dortmund 1-3 Juventus (ida)

Borussia Dortmund: Klos; Schmidt, Reuter, Grauer; Lusch, Franck (Mill), Poschner, Zorc (Karl), Reinhardt; Chapuisat, Rummenigge. Técnico: Ottmar Hitzfeld.
Juventus: Peruzzi; Júlio César; Kohler, De Marchi, Carrera; Conte, D. Baggio, Marocchi; Möller (Galia), R. Baggio (Di Canio); Vialli. Técnico: Giovanni Trapattoni.
Gols: Rummenigge (2’); Dino Baggio (27’), Roberto Baggio (30’ e 74’)
Árbitro: Sándor Puhl (Hungria)
Local e data: Westfalenstadion, Dortmund (Alemanha), em 5 de maio de 1993

Juventus 3-0 Borussia Dortmund (volta)

Juventus: Peruzzi; Júlio César; Torricelli (Di Canio), Kohler, Carrera, De Marchi; D. Baggio, Galia; Möller, R. Baggio; Vialli (Ravanelli). Técnico: Giovanni Trapattoni.
Borussia Dortmund: Klos; Schulz, Zelic, Schmidt; Reuter (Lusch), Poschner, Karl, Reinhardt; Rummenigge (Franck); Mill, Sippel. Técnico: Ottmar Hitzfeld.
Gols: Dino Baggio (5’ e 39’), Möller (65’)
Árbitro: John Blankenstein (Holanda)
Local e data: Delle Alpi, Turim (Itália), em 19 de maio de 1993

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