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Os melhores jogadores italianos da história de La Liga

Redação

Colaboração de Victor Mendes, especialista em futebol espanhol do Doentes por Futebol e repórter da Rede Mais Esportes

Apesar da proximidade geográfica e até mesmo cultural, Espanha e Itália, historicamente, não costumam “compartilhar” jogadores de forma tão frequente. A prova disso está na atual temporada: há somente seis italianos disputando a edição 2017-18 da Liga Espanhola, espalhados por quatro clubes. O Villarreal é quem mais tem representantes e mesmo assim o número é relativamente baixo: são três italianos que fazem parte do plantel amarillo (Sansone, Soriano e Bonera). Completam a lista Las Palmas (Aquilani), Sevilla (Vázquez) e Valencia (Zaza).

Aliás, por mais que escolas como argentina, brasileira e holandesa tenham marcado seu nome no futebol do país das touradas, entre os principais campeonatos europeus, a Espanha é quem tem a menor porcentagem de estrangeiros na atualidade, com 42,8%. A exemplo de comparação, a Premier League tem 64%, a Jupiler Pro League Belga tem 60,1% e a Bundesliga, 53%. Até a abertura da janela de inverno, a Serie A contabilizava 54,3%.

Não podemos nem afirmar com tanta convicção que a influência italiana em solo espanhol pode ser vista entre os treinadores. Ainda que a Itália tenha formado os técnicos mais vitoriosos ao longo dos anos, desde 1928-1929, somente oito italianos trabalharam em um clube hispânico. Logicamente, nos dois quesitos, houve quem obtivesse sucesso. Por exemplo, Carlo Ancelotti, que venceu a famosa ‘La Décima’ Liga dos Campeões com o Real Madrid, em 2014.

Sete anos antes, Fabio Capello retornava a Chamartín para quebrar um incômodo jejum de quatro temporadas sem título nacional, no mesmo Real no qual também havia sido campeão de La Liga em 1996-97. Ainda na capital, a mesma sorte não teve Claudio Ranieri, rebaixado com o Atlético de Madrid em 1999-2000. Ranieri, no entanto, pode se orgulhar de uma passagem positiva pelo Valencia, em 1998-99, quando foi campeão da Copa do Rei contra o Barcelona.

Ao todo, 70 italianos vestiram uniformes de uma equipe espanhola. O primeiro foi Aridex Calligaris, pela Real Sociedad, em 1949-50, seguido por Angelo Bollano, pelo Real Murcia, e Sergio Del Pinto, pelo Lleida, na temporada seguinte. A Espanha chegou a ficar 46 anos sem receber um atleta sequer da Itália, até Damiano Longhi quebrar a escrita, ao ser contratado pelo Hércules, (re)abrindo espaço para os compatriotas: uma história que teve fracassos, como Antonio Cassano, e sucessos, como Christian Vieri. Confira, abaixo, os 15 maiores jogadores italianos da história da Liga Espanhola. Os mais curiosos podem clicar aqui para ver todos os italianos que jogaram em clubes espanhóis. Boa leitura!

15º – Marco Lanna

Posição: zagueiro
Clubes em que atuou: Salamanca (1997-99); Zaragoza (1999-2001)
Título: Copa do Rei (2001)

Provavelmente o nome mais “anônimo” da lista. Lanna foi revelado pela Sampdoria, fez parte dos momentos mais gloriosos da história do clube e chegou à Espanha após uma passagem irregular pela Roma. O zagueiro foi campeão da Copa do Rei com o Zaragoza em 2001, mas foi no Salamanca em que marcou seu nome. Em especial em 1997-98, no Salamanca que ficou conhecido como “mata-gigantes”.

Nos confrontos diretos contra os quatro times da zona de Liga dos Campeões, o pequeno Salamanca levou a melhor em todos, assim como contra Atlético de Madrid e Valencia (este goleado por 6 a 0), em uma partida em que Lanna marcou um polêmico gol de mão. Elegante e clássico, é um dos maiores nomes do clube de Castilla y León. Com 71 partidas, Lanna é o estrangeiro que mais vezes vestiu a camisa charronista. No Zaragoza, na penúltima temporada da carreira, foi relegado ao banco de reservas, apesar do troféu citado. Aposentou-se em 2002, na sua Sampdoria.

14º – Alessio Tacchinardi

Posição: meio-campista
Clube em que atuou: Villarreal (2005-07)

Tacchinardi teve um desempenho fundamental no memorável Villarreal de Manuel Pellegrini, com auge em 2005-06. Depois de onze anos defendendo a Juventus, o volante surpreendeu pela rápida adaptação ao clube castellonense. No 4-3-1-2 que variava para um 4-4-2 sem a bola, na fase ofensiva Tacchinardi ficava uma linha à frente de Marcos Senna, posicionado à direita, e na fase defensiva se situava na mesma altura do volante hispano-brasileiro. O senso de posicionamento e a sensibilidade para cobrir espaços foi crucial para o desenvolvimento da principal arma daquele time: a liberdade a Juan Román Riquelme. Dessa forma, recuperando bolas com facilidade e acionando o argentino, o Villarreal encantou o mundo.

Quem não lembra das aventuras do Submarino Amarelo na Liga dos Campeões daquela temporada? Na primeira fase, avançou de fase em primeiro num grupo com Manchester United e Benfica. No mata-mata, despachou Rangers e Internazionale, antes dos épicos confrontos contra o Arsenal. Quis o destino que Riquelme, o grande líder técnico do time, ficasse marcado pelo pênalti perdido no jogo da volta que, caso aproveitado, levaria para a prorrogação. Tacchinardi ainda permaneceu uma temporada no Villarreal e ajudou o clube a concluir La Liga na quinta posição, em 2007.

13º – Marco Di Vaio

Posição: atacante
Clube em que atuou: Valencia (2004-06)
Título: Supercopa Uefa (2004)

Di Vaio aterrissou no futebol espanhol como estrela. Proveniente da Juventus por 10 milhões de euros, Marco foi a grande contratação dos che no verão de 2004. “Será a peça-chave do meu projeto”, disse Claudio Ranieri, que pediu a contratação de outros três italianos: o zagueiro Emiliano Moretti, o meia Stefano Fiore e o centroavante Bernardo Corradi se juntavam ao lateral Amedeo Carboni, já estabelecido entre os murciélagos. Se não chegou a ser estrela ou peça-chave, Di Vaio ao menos teve rendimento satisfatório, sobretudo em seu ano de estreia. Coletivamente, o início foi ótimo e criou alta expectativa: título da Supercopa da Uefa contra o Porto (com gol de Di Vaio) e a liderança de La Liga, com 14 pontos em 18 disputados. No entanto, a ilusão dos torcedores que acreditavam no bi nacional foi passando a partir do terceiro mês de competição, quando os problemas começaram a aparecer. O estopim foi a trágica goleada para a Inter em pleno Mestalla, por 5 a 1, com show de Adriano.

O Valencia seria eliminado na fase de grupos da competição e o trabalho de Ranieri nunca mais foi o mesmo – inclusive, durou somente até fevereiro de 2005, quando a queda na Copa Uefa derrubou o italiano. Ainda assim, Di Vaio deixou sua marca: artilheiro do time na Liga com 15 gols e na temporada com 18. Em 2005-06 começaram as adversidades: Quique Sánchez Flores, sempre deixou claro a preferência pelo 4-2-3-1, esquema no qual o recém-chegado (e cheio de pompa) David Villa levava vantagem. Primeiramente, Villa partia do lado esquerdo do campo com Di Vaio de referência, mas gradativamente Quique foi encaixando Angulo na equipe com Villa de 9. Com o tempo, perdeu espaço inclusive no banco de reservas: a opção para substituir Villa passou a ser o veterano Patrick Kluivert. Ainda assim, a torcida valenciana e o atacante romano guardam carinho mútuo até hoje.

12º – Demetrio Albertini

Posição: meio-campista
Clubes em que atuou: Atlético de Madrid (2002-03); Barcelona (2005)
Título: La Liga (2005)

Depois de fazer história no Milan, a idade bateu à porta de Albertini em 2002. Após a Copa do Mundo de 2002, o meia já não entrava mais nos planos de Carlo Ancelotti. A transferência era iminente, e ela aconteceu. O destino? Madrid, Vicente Calderón. Albertini chegou ao Atlético de Madrid em um tempo de vacas magras. Era um período de retorno à primeira divisão após dois anos disputando a segundona nacional, com o clube vivendo uma profunda crise administrativa e incapaz de fazer grandes contratações. A estrela da companhia era um jovem Fernando Torres, advindo da base para ganhar o coração de todos os colchoneros. Na equipe treinada por Luis Aragonés, o italiano, que vestiu a camisa 8, foi titular durante toda a temporada enquanto esteve à disposição, já que ficou de fora durante seis semanas por uma lesão muscular. Dentro de campo, ainda que os números indiquem o contrário (28 jogos e somente dois gols), não tardou a cair nas graças da torcida. Muito pela eterna capacidade criativa, organizando o time desde uma faixa mais recuada do campo. Luis Aragonés o definia como “dinâmico”.

O momento de destaque veio logo no Santiago Bernabéu. Era a 18ª rodada de La Liga e o Real vencia o dérbi da capital por 2 a 1 até os 49 minutos. Isso porque Albertini tirou da cartola uma falta mágica para silenciar Chamartín e levar para Manzanares um ponto na bagagem. Ao ver o lance, de imediato pensamos que, dali, a lógica era levantar a bola para a área, pelo ângulo e pelo posicionamento dos outros companheiros. Mas Demetrio resolveu surpreender Casillas e colocou a pelota no ângulo direito do goleiro espanhol e fez a festa colchonera no Bernabéu. O Atlético terminou a temporada na 12ª colocação, sem competição europeia e eliminado surpreendentemente para o Recreativo nas quartas de final da Copa do Rei. No verão, Albertini voltou à Itália, dessa vez para defender a Lazio, deixando saudades nos torcedores atleticanos. Retornou à Espanha no inverno de 2005, no Barcelona de Ronaldinho. Na Catalunha, disputou poucos minutos, nunca foi unanimidade e saiu sem deixar lembranças positivas, ainda que tenha colocado no currículo o título do Campeonato Espanhol.

11º – Emiliano Moretti

Posição: lateral-esquerdo
Clube em que atuou: Valencia (2004-09)
Títulos: Supercopa Uefa (2004) e Copa do Rei (2008)

Moretti chegou à Paterna depois de realizar uma boa temporada pelo Bologna. O defensor foi contratado juntamente aos compatriotas Di Vaio, Fiore e Corradi, mas teve uma passagem de maior prestígio, sobretudo pela longevidade. Foram seis anos no clube, nos quais Moretti pode viver o fim da safra bicampeã espanhola e duas vezes finalistas da Champions e a transição para a geração dos Davids – Villa e Silva. De início, com a acirrada disputa pela titularidade com Fábio Aurelio e Carboni, Moretti começou a exercer uma função diferente da habitual, e que lhe daria mais destaque na carreira: passou a atuar como quarto zagueiro. A partir de 2005-06 tornou-se figura habitual na lateral esquerda valenciana, mantendo seu estilo de avançar pouco e dar maior solidez e consistência à retaguarda – o que acabou lhe empurrando de vez para a zaga com o passar dos anos.

Campeão da Supercopa da Uefa em 2004 e da Copa do Rei em 2008, disputou 135 partidas vestindo a camisa blanca. Deixou o Mestalla após o título da Copa no Vicente Calderón contra o Getafe, e voltou à Itália para reforçar o Genoa na disputa da Liga Europa. Pelo contexto, o troféu da copa espanhola tirou um peso enorme das costas do clube: durante toda temporada, o Valencia flertou com o rebaixamento e a possibilidade de queda chegou a ser comentada com medo nos bastidores. A conquista da taça pelos che aliviou a pressão do projeto que viria no ano seguinte. Com Unai Emery no comando, aos poucos o Valencia voltou ao top 4 do futebol espanhol.

10º – Pablo Daniel Osvaldo

Posição: centroavante
Clube em que atuou: Espanyol (2010-11)

O Espanyol 2010-11 teve um destino inglório, mas os meses de bom futebol sob a batuta de Mauricio Pochettino ficarão guardados na memória do fã de futebol espanhol. A reunião de talentosos jogadores como Joan Verdú, Javi Márquez, José Callejón, Dídac Vilà, Víctor Ruiz, Álvaro Vázquez e Osvaldo formou um dos melhores “medianos” times desta década. No primeiro semestre, os péricos ousaram: terminaram o primeiro turno oito pontos atrás do líder Barcelona e na zona de classificação para a Champions League. Fisicamente, o elenco não era dos mais privilegiados, o que ficou evidenciado no sprint final da campanha: nas últimas dez rodadas, foram somente seis pontos conquistados. Resultado? O Espanyol ficou de fora até mesmo da Liga Europa.

Individualmente, Osvaldo brilhou: foi na Catalunha que viveu alguns dos melhores momentos da carreira. O ítalo-argentino chegou ao Espanyol em janeiro de 2010, por empréstimo junto ao Bologna: com apenas 24 anos, já somava o sexto clube da carreira. Pelos péricos, enfim se firmou, anotando sete gols em apenas cinco meses e fazendo o Espanyol ativar a cláusula de compra a que tinha direito. A diretoria desembolsou cerca de cinco milhões de euros para tê-lo em definitivo. E valeu a pena: foram 13 gols na campanha da equipe em La Liga, o suficiente para chamar a atenção dos rivais de elite. Em 2011, acertou com a Roma por 15 milhões de euros e deixou saudades na Catalunha. O atacante decidiu se aposentar cedo, aos 30 anos, para seguir carreira como músico.

9º – Franco Vázquez

Posição: meia-atacante
Clubes em que atuou: Rayo Vallecano (2012-13); Sevilla (2016-)

Após uma insossa passagem pelo Rayo Vallecano, Franco “El Mudo” Vázquez parecia destinado ao fracasso na Europa: afinal, também já havia ido mal no Palermo. No entanto, o meia-atacante voltou do empréstimo aos franjirrojos obstinado por dar a volta por cima. Conseguiu: se destacou na Sicília, obteve a cidadania italiana e retornou à Espanha em 2016, para mostrar toda sua qualidade no Sevilla. Primeiramente no esquema de Jorge Sampaoli, emulou o que foi Valdívia para o argentino na seleção chilena. Os primeiros meses de Mudo foram fantásticos: atuava em campo como um típico senador, como se já fosse jogador do Sevilla há anos, sempre na faixa central, próximo à área. Aos poucos, Sampaoli foi deslocando-o à ponta-direita. De início, uma queda esperada, até a adaptação completa a uma nova região do campo.

No Sevilla 2017-18, inicialmente treinado por Eduardo Berizzo, Vázquez sempre teve liberdade para sair da direita e buscar um maior jogo entre as linhas. O impacto do ítalo-argentino no jogo sevillista é grande. Exemplo disso foi a recente atuação diante do Liverpool na Liga dos Campeões: o Sevilla perdia por 3 a 0 em casa e se via sem reação. A entrada de Mudo em campo mudou completamente o panorama do jogo. Explorando o espaço nas costas de Henderson, o camisa 22 conseguiu estabelecer a posse de bola rojibalanca no campo de ataque e o Sevilla conseguiu o improvável empate por 3 a 3. Agora, já sem Berizzo e treinado por Vincenzo Montella, Mudo espera dar sequência ao bom futebol visto no Ramón Sánchez-Pizjuán desde a sua chegada.

8º – Gianluca Zambrotta

Posição: lateral-direito
Clube em que atuou: Barcelona (2006-08)
Títulos: Supercopa da Espanha (2006)

Quando se pensa em Zambrotta no Barcelona logo se vem a cabeça a decisiva falha na semifinal da Champions League 2007-08 contra o Manchester United, que resultou no gol de Paul Scholes e na classificação dos Red Devils à decisão de Moscou. Foram 82 jogos e um desempenho na medida do possível bom. Regular, vá lá – ainda mais se considerarmos o contexto. Zambrotta, é verdade, chegou em um Barcelona bicampeão espanhol e campeão europeu. Mas já não era o mesmo Barcelona. Nem os mesmos Ronaldinho, Deco e Samuel Eto’o, tridente protagonista da era de ouro de Frank Rijkaard.

Consequentemente, o poder de agressividade na frente foi perdido, o que gerou também perda de controle e uma defesa mais instável. Aí está Zambrotta. A sensatez para equilibrar as linhas de marcação e a boa marcação individual evitaram maiores problemas para o Barcelona. Em um período, o tetracampeão mundial chegou até a ser escalado pelo holandês como terceiro zagueiro, num 3-4-3. Com a chegada de Pep Guardiola e Daniel Alves em 2009, foi oferecido a Zambrotta um papel secundário. Uma proposta do Milan de Ancelotti, no entanto, o levou de volta à Itália. Atualmente, é auxiliar de Fabio Capello no Jiangsu Suning, da China.

7º – Enzo Maresca

Posição: meio-campista
Clubes em que atuou: Sevilla (2005-09); Málaga (2010-12)
Títulos: Copa Uefa (2006 e 2007), Supercopa Uefa (2006), Copa do Rei (2007) e Supercopa da Espanha (2007)

Maresca e Sevilla nasceram para triunfarem juntos. Isso porque Enzo foi uma daquelas contratações que muda a história de um clube. Não foi o único responsável, é lógico, mas se tornou um dos italianos de maior sucesso na Península Ibérica ao fazer parte da espinha dorsal do EuroSevilla, bicampeão da Copa Uefa, campeão da Copa do Rei e da Supercopa da Espanha, que também lutou pelo título da Liga Espanhola 2006-07 até a última rodada contra Real Madrid e Barcelona. Inclusive, na final da Copa Uefa de 2006, diante do Middlesbrough, Enzo marcou dois gols e foi eleito o melhor jogador em campo. “Tem pedigree sevillista”, disse o técnico Juande Ramos após o jogo, rendendo-se ao meia. E, de fato, tinha.

Falar de Maresca em Sevilha é lembrar, também, do histórico gol no dérbi da cidade contra o Betis em 2005-06, quando o Sevilla estava em cenário de desconforto total e com dois jogadores a menos. Anos depois, retornou ao Pizjuán como jogador do Málaga e foi aclamado pelos torcedores, que nunca o esquecerão. No Málaga, mais velho e sem a velocidade de outrora, vimos um Maresca mais astuto: abusando dos primeiros toques e da criatividade, com muita personalidade, atraía sempre os adversários para Isco e Joaquín (abertos na esquerda e na direita, respectivamente) terem a oportunidade de ficar no mano a mano. Hoje em dia, o ex-meia exerce o cargo de auxiliar técnico de Montella, numa clara tentativa de levar as raízes de um Sevilla vencedor ao atual elenco.

6º – Thiago Motta

Posição: meio-campista
Clubes em que atuou: Barcelona (2002-07); Atlético de Madrid (2007-08)
Títulos: Liga dos Campeões (2006), La Liga (2005 e 2006) e Supercopa da Espanha (2005 e 2006)

Vamos começar pelo fim. Thiago Motta chegou ao Atlético de Madrid com a promessa de ser titular. Afinal de contas, seria o sucessor do francês Peter Luccin, que rumou ao Zaragoza. Mas foi uma temporada complicada. Não pelo que Motta fez, mas sim pelo que não fez: as lesões foram uma tormenta para o ítalo-brasileiro, que não conseguiu ter sequência e fez apenas oito jogos pelo clube – a maior parte deles quando Raúl García estava lesionado ou após o empréstimo de Maniche à Inter, em janeiro de 2008. O DNA culé de Thiago Motta era visível: seus toques e perspicácia eram sempre uma bênção para a dupla de ataque formada por Sergio Agüero e Diego Forlán.

DNA culé, logicamente, adquirido na base do Barcelona. Era 1999 e Thiago Motta aterrissava na Catalunha com somente 17 anos. “Era diferente”, disse o diretor técnico Serra Ferrer, que o contratou após um torneio sub-17 disputado em Toulon. Os primeiros anos, até pela fase do Barça, foram complicados. O cenário mudou a partir da chegada de Ronaldinho e o projeto de Rijkaard. Em 2004-05, teve presença substancial no triângulo de meio-campo junto de Deco e Edmílson, permitindo, com seu impacto físico, que o luso-brasileiro tivesse maior gás para construir as jogadas. Campeão espanhol, o Barcelona quebrava um incômodo jejum de seis temporadas sem conquistar um troféu. Na campanha seguinte, mais uma La Liga no currículo e a taça mais desejada: a Liga dos Campeões da Uefa. Ainda que não fosse o dono da posição, Motta teve sua importância no mata-mata, em especial nos confrontos contra o Chelsea de José Mourinho. E a torcida não esquece. Em suas visitas recentes ao Camp Nou, como jogador da Inter ou do Paris Saint-Germain, o volante foi bem recepcionado pelos culés.

5º – Fabio Cannavaro

Posição: zagueiro
Clube em que atuou: Real Madrid (2006-09)
Títulos: La Liga (2007 e 2008) e Supercopa da Espanha (2008)

Um mês após impactar o mundo com exibições acima da média na Copa do Mundo vencida por sua Itália, Il Capitano chegou ao Santiago Bernabéu junto de seu companheiro Emerson, por sete milhões de euros. O rebaixamento da Juventus, envolvida no Calciopoli, maior escândalo de manipulação de resultados da história do futebol italiano, motivou a saída em massa de muitos dos seus destaques. Já vestindo o uniforme blanco, venceu a Bola de Ouro da France Football e o Fifa World Player, no final de 2006. Dono da camisa 5 deixada por Zinédine Zidane, Cannavaro não repetiu as monumentais apresentações em território germânico, mas ainda assim teve uma fase para ficar marcada. Foram dois títulos espanhóis para a conta e uma firme dupla de zaga formada com Pepe em 2007-08.

Nesta temporada, inclusive, marcar gol no Real foi uma tarefa árdua: os merengues tiveram a melhor defesa do campeonato com somente 21 gols sofridos. Nomes como Diego Forlán, Sergio Agüero, Lionel Messi, Ronaldinho, Samuel Eto’o ou Diego Milito passaram em branco perante o muro construído por Bernd Schuster. Um paredão que tinha Canna como expoente máximo da segurança, solidez e constância. O Real liderou La Liga de ponta a ponta, mas a instabilidade psicológica demonstrada após a queda nas oitavas de final da Champions League para a Roma colocou em xeque o título blanco. Com o Barça aproximando-se na tabela com um promissor Messi atuando a um ritmo brutal, o Real, contudo, mostrou firmeza de campeão no último terço do campeonato: dez vitórias em dez jogos, incluindo um 4 a 1 acachapante para cima dos culés, e o troféu garantido, com Cannavaro afirmando-se como melhor zagueiro da temporada. Em maio de 2009, em fim de contrato, trocou Madrid pela Juventus e foi ovacionado pela torcida merengue em seu último jogo pelo clube.

4º – Christian Panucci

Posição: lateral-direito
Clube em que atuou: Real Madrid (1997-99)
Títulos: Liga dos Campeões (1998), Mundial Interclubes (1998), La Liga (1997) e Supercopa da Espanha (1997)

Primeiro italiano da história a vestir a camisa do Real Madrid, Panucci esteve na capital por dois anos e meio, de janeiro de 1997 a junho de 1999. Das 93 partidas que disputou, uma jamais será esquecida: a final europeia contra a Juventus em Amsterdam. Também, pudera: desde 1965-66, o Real não levantava uma orelhuda. Panucci a havia conquistado com o Milan três anos antes, mas não com o status de peça-chave como foi com Jupp Heynckes no Real Madrid.

Panucci foi um pedido de Capello. Chegou na janela de inverno, em janeiro de 1997, para suprir a carência de um lateral-direito. De início, gerou certa desconfiança, devido às características mais defensivas do que ofensivas. Havia um certo temor de “Panucci não somar no ataque”. Temor este que foi deixado de lado logo na estreia. Também, não poderia ser diferente: uma goleada contra o rival Atlético no Vicente Calderón por 4 a 1. Durante sua passagem, o lígure entregou sempre um alto nível: regularidade, sobriedade e segurança eram suas características. Panucci também atuou como zagueiro e primeiro volante, quando preciso. Está marcado na história do clube.

3º – Giuseppe Rossi

Posição: atacante
Clubes em que atuou: Villarreal (2007-12); Levante (2016); Celta de Vigo (2016-17)

Rossi chegou ao Villarreal sob pressão. A tarefa inicial seria a de substituir Diego Forlán, até então o grande artilheiro amarillo no século, que rumava para o Atlético de Madrid. E logo no primeiro ano, Rossi mostrou que, após salvar o Parma do rebaixamento praticamente sozinho, nada lhe abalava. Pepito fez 11 gols em 27 jogos e faturou o prêmio de revelação da Liga, aos 21 anos. Foi uma temporada de muito sucesso do Villarreal, que terminou como vice-campeão espanhol, sua melhor colocação na história – já em 2008-09, o time cairia nas quartas de final da Champions League para o Arsenal. Nas temporadas seguintes, o italiano protagonizou o início de uma das parcerias mais carismáticas do campeonato no século, ao lado do brasileiro Nilmar. É como se tivessem sido formados para jogar um com outro. Juntos, anotaram 25 gols no primeiro ano e 34 no segundo, conduzindo o submarino amarelo para a Champions.

O desempenho acima da média sempre o ligou a diversos clubes durante as aberturas de mercados. A Juventus teria chegado a oferecer 18 milhões de euros e o passe do veterano David Trezeguet. Contrariando a todos, Rossi assinou sua renovação por cinco anos em 2011. Justamente o ano em que seus problemas físicos começaram. Em outubro, rompeu os ligamentos do joelho direito num jogo contra o Real Madrid. Em abril de 2012, na reta final da recuperação, teve uma recaída durante um treinamento, ficando mais seis meses fora. Terminada a passagem no Villarreal, Pepito passou pela Fiorentina e, após uma temporada brilhante, viveu novo drama com as lesões, que lhe afastaram do futebol por mais de um ano. O italiano retornou à Espanha em janeiro de 2016, para atuar pelo Levante. Os granotes viviam situação delicada e o rebaixamento era inevitável. Apesar disso, Rossi por pouco não liderou o milagre: em 15 jogos, marcou cinco gols e adiou o descenso por rodadas. Pepito chegou a passar pelo Celta, mas sem tanto sucesso – e ainda lesionou o joelho esquerdo por lá. Se não fossem as contusões, poderia ter tido ainda mais glórias.

2º – Christian Vieri

Posição: atacante
Clube em que atuou: Atlético de Madrid (1997-98)

Dentro de campo, a curta passagem de Vieri pela Espanha foi um espetáculo: afinal, com 24 gols, Bobo foi artilheiro da Liga e é o único italiano a ter vencido o troféu Pichichi. Veloz e físico, o atacante caiu como uma luva no vertical esquema de Radomir Antic, auxiliado por Juninho e Kiko. O problema foi o extracampo, com entreveros justamente com o treinador. A bomba explodiu ao final da temporada. O Atlético de Madrid perdia um jogo para o Mallorca pelo placar de 2 a 1, correndo o risco de ficar de fora da Champions. Antic decidiu substituir Vieri com menos de 10 minutos do segundo tempo, levando o italiano à loucura. Vieri não cumprimentou Antic e, ainda por cima, xingou o sérvio.

O momento mais lembrado? O “gol impossível” contra o Paok, pela Copa Uefa. Vieri ganhou uma disputa com o goleiro grego na linha de fundo e, sem ângulo, arriscou uma finalização inesperada que acabou morrendo nos fundos das redes – naquela ocasião, Bobo anotou uma tripletta. Com 24 gols em 24 jogos, garantiu a artilharia da Liga, com seis gols a mais do que Rivaldo. Vieri alcançou registros “messiânicos” para a época: 29 gols em 32 jogos, somando todas as competições, que lhe fizeram ser o titular da Itália e autor de cinco tentos na Copa de 1998. O vigor de Vieri impressionava. Tinha potência, velocidade, força, o que colocava os zagueiros adversários em um cenário de desconforto total ao marcá-lo. Até por isso, o Atlético tinha muita confiança em sair jogando de trás através de uma ligação direta: Vieri dominava todas as bolas. Tinha potencial para marcar muito mais do que marcou seu nome na história do clube colchonero, não fosse pelo citado problema no vestiário. Ao fim da temporada, acabou vendido a peso de ouro para a Lazio.

1º – Amedeo Carboni

Posição: lateral-esquerdo
Clube em que atuou: Valencia (1997-2006)
Títulos: Copa Uefa (2004), Supercopa Uefa (2004), La Liga (2002 e 2004), Copa do Rei (1999), Supercopa da Espanha (1999) e Copa Intertoto (1998)

Italiano como bandeira no futebol espanhol? Tem, sim senhor. Símbolo de um dos maiores times da história do Valencia, Carboni tem um espaço de privilégio na galeria dos ídolos dos ches. Seu currículo conta com sete títulos (incluindo alguns dos mais comemorados pelos valencianos desde a fundação do clube) e dois vices consecutivos da Champions League, em 2000 e 2001. Como não lembrar do elenco com Gaizka Mendieta, Kily González, Santiago Cañizares, Gerard, Claudio López, Jocelyn Angloma e Francisco Farinós? Ou do time que teve Pablo Aimar, Vicente, Rubén Baraja, John Carew, Mista, Rufete e Roberto Ayala? Pois bem, Carboni atravessou estas duas gerações: chegou ao clube já como veterano, em 1997, e ainda assim ocupou posição de destaque durante quase uma década.

Carboni era um líder nato em campo. Além de ter sido capitão da Roma, clube que defendeu por sete temporadas, também ostentou a braçadeira no Valencia em suas últimas temporadas como profissional. O toscano vestiu a camisa che dos 32 aos incríveis 41 anos e, até hoje, é o jogador mais velho que entrou em campo pelo clube. Em nove anos como valencianista, Carboni disputou 337 jogos e entrou para a lista dos 10 jogadores que mais vezes vestiram a camisa blanquinegra. Em todos os anos na Espanha, o lateral teve mais importância para o sistema defensivo do que para o ataque, mas também sabia se virar no campo adversário. Não à toa, não era raro vê-lo posicionado por dentro, na linha dos meias.  Após a aposentadoria dos gramados, virou diretor técnico do clube, entre 2006 e 2008, e também teve uma passagem como consultor de Rafa Benítez na Inter.

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2 comentários

  • Aqui também, primeiro nome que me veio à cabeça foi Amedeo Carboni hahaha!

    Era um jogadoraço. Curioso nunca ter tido muitas oportunidades na Azzurra, mas deu azar de pegar uma geração em que defensor italiano era sinônimo de craque…

    E eu não fazia ideia da história do Enzo Maresca no Sevilha, porque nunca gostei muito do campeonato espanhol e, de meados dos anos 2000 em diante, pouco pude acompanhar futebol. A imagem que tenho do Maresca é de um jovem muito promissor que foi pra Inglaterra antes dos 20 anos de idade, voltou à Itália e nunca se firmou em um clube do seu país. Também por pouco ter acompanhado futebol de 2005 em diante, não lembrava da passagem do Tacchinardi pelo Villareal e nem do Di Vaio pelo Valencia. Minha imagem do Tacchinardi é de garoto iniciando na Juventus e do Di Vaio garoto jogando pela Salernitana. Também lembro vagamente do Albertini com a camisa do Barcelona.

    Já o Vieri pelo Atletico de Madrid me lembro bem. Saiu da Juventus pra lá, fez muito sucesso, foi convocado como centroavante titular pra Copa de 98 e, logo após, comprado a peso de ouro pelo Lazio, endinheirado pelo aporte financeiro da Cirio.

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