Gênova é uma das cidades mais peculiares da Itália quando o assunto é futebol. Importante porto europeu desde os tempos de Cristóvão Colombo, a cidade recebeu muitos britânicos, que levaram o futebol e o críquete com eles. Não à toa, o Genoa foi o primeiro clube de futebol italiano, fundado em 1893. Mas não é sobre o maior rival da Sampdoria de que falaremos aqui, claro.
Dois anos depois, Gênova ganhava a Andrea Doria, outra equipe de futebol da cidade. Em 1899, era a associação Sampierdarenese que fundava a sua divisão futebolística. Em 1946, as duas, militantes na Serie A, se uniram, formando a Sampdoria. Dessa forma, a Samp já nasceu jogando a primeira divisão, um luxo para poucos times. No entanto, à parte um quarto lugar em 1960-61 e algumas outras boas campanhas, a Samp sempre foi um time do meio da tabela para baixo. Até que um presidente mudou o patamar dos blucerchiati.
Em 1979, um ex-negociador de petróleo e ex-assessor de imprensa do clube foi o responsável por elevar a Sampdoria em cenário nacional. Paolo Mantovani adquiriu o clube na Serie B e traçou um plano ambicioso, que se cumpriu. Primeiro com o técnico Eugenio Bersellini – já campeão italiano com a Inter –, depois com o sérvio Vujadin Boskov e o sueco Sven-Göran Eriksson, que já haviam conquistado títulos nacionais por onde passaram.
Com esses três treinadores, e com jogadores de altíssimo calibre, como Graeme Souness, Trevor Francis, Srečko Katanec, Liam Brady, Oleksiy Mykhaylychenko, Hans-Peter Briegel, Vladimir Jugović, Ruud Gullit, David Platt, Roberto Mancini, Gianluca Vialli, Moreno Mannini, Attilio Lombardo, Gianluca Pagliuca e Pietro Vierchowod, a Samp conseguiu todos os títulos de sua história. Após a morte de Mantovani, em 1993, o time seguiu sendo gerido pela família, até 2000.
Somente em 2002, Riccardo Garrone, dono da ERG – petroleira que patrocinou a Samp em grande parte de seus bons momentos –, comprou o time, salvando-o da falência e levando a equipe ao seu segundo melhor momento na história. Não à toa, todos os jogadores do nosso Top 10 (e grande parte do Top 25) atuaram na equipe nestes anos. Nos anos de ouro, entre 1986-92, e a partir de 2002.
Hoje a Sampdoria trocou de mãos – seu presidente é o cineasta Massimo Ferrero – e é dirigida por Sinisa Mihajlovic, contratado pelos Garrone. Sérvio e ex-jogador blucerchiato, como Boskov, está fazendo a Sampdoria sonhar novamente com títulos. Alguns outros técnicos ou auxiliares técnicos de sucesso também passaram anos em Gênova e são identificados com a torcida. Casos de Marcello Lippi, Attilio Lombardo, Giovanni Invernizzi e Fausto Salsano.
Outra curiosidade sobre a Sampdoria é que muitos craques passaram por lá, mas boa parte deles em momento inicial ou descendente da carreira e por pouco tempo. Além daqueles que estão no nosso Top 10, podemos citar Clarence Seedorf, Juan Sebastián Verón, Vincenzo Montella, Christian Karembeu e o próprio Mihajlovic entre os que atuaram lá na parte inicial de suas carreiras, e Luis Suárez, Lennart Skoglund, Graeme Souness, Trevor Francis, Hans-Peter Briegel, Jürgen Klinsmann, Ruud Gullit, David Platt e Walter Zenga entre os que chegaram próximos ao ocaso.
Ao longo dos anos, poucos brasileiros passaram pelos blucerchiati. Dos 12 que jogaram pelo clube do Marassi, Toninho Cerezo marcou época e o atacante China teve boa passagem, assim como Éder, que lá está atualmente.
Brasileiros da história da Sampdoria
Angelo da Costa, Angelo Sormani, Catê, Demósthenes, Doriva, Éder, Elisio Gabardo, José Ricardo da Silva (China), Paco Soares, Renan Garcia, Silas e Toninho Cerezo.
Critérios
Para montar as listas, o Quattro Tratti levou em consideração a importância de determinado jogador na história do clube, qualidade técnica do atleta versus expectativa, identificação com a torcida e o dia a dia do clube (mesmo após o fim da carreira), grau de participação nas conquistas, respaldo atingido através da equipe e prêmios individuais. Listas são sempre discutíveis, é claro, e você pode deixar a sua nos comentários!
Além do “top 10”, com detalhes sobre os jogadores, suas conquistas e motivos que os credenciam a figurar em nossa listagem, damos espaço para mais alguns grandes. Quem não atingiu o índice necessário para entrar no top 10 é mostrado no ranking a seguir.
Observações: Para saber mais sobre os jogadores, os links levam a seus perfis no site. Os títulos e prêmios individuais citados são apenas aqueles conquistados pelos jogadores em seu período no clube. Também foram computadas premiações pelas seleções nacionais, desde que ocorressem durante a passagem dos jogadores nos clubes em questão.
Top 25 Sampdoria
11. Graeme Souness; 12. Sinisa Mihajlovic; 13. Vincenzo Montella; 14. Attilio Lombardo; 15. Srecko Katanec; 16. Luis Suárez; 17. Enrico Chiesa; 18. Giampaolo Pazzini; 19. Ernst Ocwirk; 20. Trevor Francis; 21. Juan Sebastián Verón; 22. Gaudenzio Bernasconi; 23. Ernesto Cucchiaroni; 24. Lennart Skoglund; 25. Adriano Bassetto.
10º – Ruud Gullit
Posição: atacante
Período em que atuou no clube: 1993-94 e 1994-95
Títulos conquistados: Coppa Italia (1993-94)
Prêmios Individuais: nenhum
Um dos maiores mitos do futebol mundial, Gullit jogou pouco tempo na Sampdoria, mas ao contrário de outros medalhões que passaram pelo lado blucerchiato de Gênova, ainda viveu parte vitoriosa de sua carreira no Marassi. Assim como Graeme Souness, 11º colocado em nosso ranking – saiba mais sobre a passagem do escocês pelo clube aqui –, Gullit brilhou como principal referência do time e ajudou o time a conquistar ótimas colocações na Serie A e também a conquistar uma Coppa Italia. No caso de Souness, foi a primeira da história do clube, e no de Gullit, a última. Com o holandês em campo, em 1994, o Doria conquistou sua segunda melhor posição na história do campeonato: um terceiro lugar – antes, com Ernst Ocwirk, Ernesto Cucchiaroni, Sergio Brighenti e Lennart Skoglund, em 1961, Souness, em 1985, e depois, com Antonio Cassano, Giampaolo Pazzini e Angelo Palombo, em 2010, o time ficou em quarto.
Simba, como era chamado pelo mítico jornalista Gianni Brera, chegou em Gênova com uma simples missão – ao menos para jogadores de seu calibre, atacantes completos e já consagrados. Após um ano em que Enrico Chiesa não conseguiu substituir Vialli, negociado com a Juventus, Gullit chegava emprestado pelo Milan para dar ao ataque a mesma força que tinha anos antes, e faria dupla com Mancini – ambos auxiliados por David Platt, à esquerda na foto. O sucesso foi imediato: a Samp teve o ataque mais positivo da competição, com 64 gols, 15 do bomber holandês – que usava a camisa 4 – e outros 12 do fantasista italiano. Na Coppa Italia, Gullit também jogou bem, e marcou um gol fundamental na partida de volta das quartas de final contra a Inter, já nos últimos minutos. Após retornar ao clube de Milão e vencer a Supercopa Italiana contra sua antiga equipe, Gullit se desentendeu com a direção e, gratuitamente, voltou a defender a Sampdoria. Na segunda passagem, menos prolífica, fez apenas nove gols, mas seguiu sendo importante para um equipe que tentava se classificar para competições europeias.
9º – Francesco Flachi
Posição: atacante
Período em que atuou no clube: 1999-2007
Títulos conquistados: nenhum
Prêmios Individuais: Artilheiro da Coppa Italia (1999-2000 e 2006-07)
Pode ser que Flachi não seja uma grande estrela do futebol italiano e que esteja longe de ser conhecido pelo grande público. Mas o atacante é lembrado por qualquer torcedor verdadeiro da Sampdoria. Depois de perambular sem muito sucesso por Fiorentina, Bari e Ancona, o atacante chegou a Gênova em um momento muito complicado e passou oito temporadas sendo leal às cores dorianas. Após 18 anos, a Samp teria de jogar novamente a Serie B. O jogador nascido em Florença chegou para compor elenco e só ganhou a titularidade no ano seguinte, quando ficou entre os três primeiros colocados na artilharia da segundona. Em 2001-02, Flachi ganhou de vez o respeito da torcida após marcar 16 gols e ter sido o principal responsável por evitar a queda do time à Serie C. Após a temporada vexatória, Riccardo Garrone comprou o clube, que retornou à elite sob o comando de Walter Novellino – Flachi teve participação mais discreta, servindo como garçom ao centroavante Fabio Bazzani.
Com a chance de atuar na Serie A de novo, 10 anos depois de ter estreado pela Fiorentina, Flachi acabou relegado ao banco por desentendimentos com o treinador. Porém, era claro que um jogador tão habilidoso e importante não poderia ficar no banco. Destro, mas muito bom com a canhota, Flachi era técnico e ficou famoso por marcar gols acrobáticos. Ao longo de 2003-04 ganhou a posição e, juntamente com Bazzani – e depois com Emiliano Bonazzoli – se tornou o terminal das jogadas do time. O ataque não era dos mais prolíficos, mas Flachi sempre acabava ultrapassando os dois dígitos na artilharia, e ajudou o time a garantir uma histórica classificação à Copa Uefa, o que não acontecia há quase uma década. Até hoje, Flachi é o terceiro maior artilheiro da história doriana, com 110 gols – perde apenas para os mitos Gianluca Vialli e Roberto Mancini. Uma pena que, no final de sua passagem em blucerchiato, ele tenha se envolvido em problemas. Primeiro, foi suspenso por dois meses por tentar ajudar apostadores de forma ilegal e, depois, suspenso por dois anos por uso de cocaína. Sua carreira se encerraria em 2009, já no Brescia, quando foi novamente pego no exame antidoping e recebeu gancho de 12 anos.
8º – Gianluca Pagliuca
Posição: goleiro
Período em que atuou no clube: 1987-1994
Títulos conquistados: Serie A (1990-91), Recopa Europeia (1989-90), Supercopa italiana (1990-91) e Coppa Italia (1987-88, 1988-1989 e 1993-94)
Prêmios Individuais: nenhum
Pagliuca é o terceiro colocado em número de jogos pela Serie A. 592, contra 615 de Javier Zanetti e 647 de Paolo Maldini, 198 deles pela Sampdoria. O goleiro chegou a Gênova com 21 anos, depois de ser formado no Bologna. Após uma primeira temporada como reserva, na qual conquistou a Coppa Italia, em 1987-88, Pagliuca assumiria aos 22 anos a titularidade que nunca mais perderia. Em sete anos, ele foi uma das caras de um time com destaques em todas as posições e que mudou muito pouco no período vitorioso, que durou uma década, entre 1984 e 1994.
Ágil, sortudo, seguro e capaz de fazer defesas espetaculares (além de pegador de pênaltis), Pagliuca se destacou tanto nos primeiros anos vestindo blucerchiato que foi convocado para a Copa de 1990, como reserva de Walter Zenga e Stefano Tacconi. Após o Mundial disputado em solo italiano, ganhou a titularidade na Squadra Azzurra, sobretudo por suas grandes exibições no clube. Na campanha do único scudetto doriano, foi fundamental. Faltando quatro rodadas para o final do campeonato, em confronto direto contra a Inter, defendeu cobrança de pênalti de Lothar Matthäus, em pleno estádio Giuseppe Meazza – depois disso, a Sampdoria venceu por 2 a 0 e abriu pontos de vantagem. Pagliuca ficou mais três anos no Luigi Ferraris, conquistou mais um título e alguns vices. Em 1994 foi o goleiro titular da Squadra Azurra, que chegou ao vice-campeonato mundial depois de perder para o Brasil, e acabou rumando à Inter, em uma troca que levou Zenga a Gênova.
7º – Toninho Cerezo
Posição: meia
Período em que atuou no clube: 1986-92
Títulos: Serie A (1990-91), Recopa Europeia (1989-90), Supercopa italiana (1990-91) e Coppa Italia (1987-88 e 1988-1989)
Prêmios individuais: nenhum
Nós, brasileiros, já conhecíamos Cerezo muito bem quando ele foi para a Itália defender a Roma. Craque de estilo clássico, passadas largas, lançamentos precisos e muita elegância, o brasileiro, apelidado na Itália como Pluto, teve passagem destacada de três anos pelo Olímpico, encerrada de forma inusitada. Cortado da Copa do Mundo de 1986 e já de saída acertada da Roma, ele deixou o México e disputou a final da Coppa Italia. Com um gol de cabeça, no segundo tempo, evitou o bicampeonato do seu futuro time, a Sampdoria, e deixou a equipe giallorossa de alma lavada. Foi a única vez que ele deu tristezas ao torcedor blucerchiato. Se sua passagem por Trigoria foi boa, por Bogliasco foi melhor ainda.
Em seis anos pelo clube genovês, Cerezo foi um dos pilares do mágico meio de campo em seus anos de ouro, todos sob o comando de Boskov. Além de marcar, apoiar o ataque e dar assistências primorosas, o brasileiro anotou vários gols e foi um dos maiores craques do Campeonato Italiano no final da década de 80 e início dos anos 90. Conquistou o bicampeonato da Coppa Italia em 1988 e 1989 e foi essencial na conquista do único scudetto da história do clube, em 1990-91. Marcou seu nome na memória de todos os blucerchiati fazendo gol no 3 a 0 sobre o Lecce que decidiu a competição. No ano seguinte, ao lado dos atacantes Mancini e Vialli, Pluto comandou a equipe até a final da Copa dos Campeões, perdida para o Barcelona. Deixou Gênova em 1992 para continuar a brilhar no São Paulo.
6º – Moreno Mannini
Posição: lateral direito
Período em que atuou no clube: 1984-99
Títulos: Serie A (1990-91), Recopa Europeia (1989-90), Supercopa italiana (1990-91) e Coppa Italia (1984-85, 1987-88, 1988-1989 e 1993-94)
Prêmios individuais: nenhum
Moreno Mannini é um dos maiores exemplos recentes de fidelidade a um clube no futebol. Depois de passar por Forlì, Imola e Como, equipes de pouca expressão nacional no começo dos anos 80, o lateral direito escreveu sua história de sucesso na Sampdoria, para onde migrou em 1984. O bom relacionamento entre o presidente Mantovani com o presidente comasco, por causa do precedente negócio que levou Vierchowod para a Ligúria, facilitou as tratativas. E propiciou que a Samp tivesse mais uma futura bandeira em seu elenco.
Regular no apoio, mas muito sólido na marcação e sempre com atuações consistentes, Mannini foi titular em todas as grandes conquistas da equipe naquele final de anos 1980 e inicio dos anos 1990. Inicialmente, o jogador teve dificuldades de se firmar por causa de lesões musculares, mas garantiu de vez seu nome no onze inicial ideal do time de Boskov na conquista da Recopa Europeia. No ano do histórico scudetto, Mannini, com tão poucos gols pela Serie A com a Samp anotou um importantíssimo: no 3 a 0 que garantiu o título, ele foi o autor do segundo tento. Leal às cores dorianas, Mannini só não ficou no clube mesmo após o rebaixamento em 1999 por causa de divergências com o técnico Luciano Spalletti. Em 15 anos de clube, o lateral conquistou, ao lado de Vierchowod e Mancini, todos os títulos da história doriana, e se tornou o segundo na hierarquia de jogadores com mais participações com a camisa da
Samp, com 510 jogos disputados, abaixo apenas de Mancini.
5º – Antonio Cassano
Posição: atacante
Período em que atuou no clube: 2007-11
Títulos conquistados: nenhum
Prêmios Individuais: nenhum
Simplesmente Fantantonio. Jogador de talento indiscutível e de gênio indomável – ao menos até então – Cassano demorou para decolar no futebol. Após aparecer como joia rara no Bari, se transferiu para a Roma, onde dividiu grandes momentos em campo com as famosas “cassanatas”, atos de indisciplina e problemas de relacionamento com Fabio Capello, Francesco Totti e Luciano Spalletti. No Real Madrid, problemas de sobrepeso e novamente atritos com Capello o fizeram se transferir, ainda com 25 anos, para a Sampdoria. Em um clube menos badalado, ele poderia ter a chance de provar que não era um desperdício de talento. Ou, ao contrário, mostrar que poderia ser ainda maior, caso tivesse a cabeça no lugar. O talento de Bari Vecchia chegou inicialmente por empréstimo a uma equipe redimensionada, que ainda engatinhava para tentar chegar a vivenciar algo similar ao que houve no fim dos anos 1980 e início dos 1990. Cassano conseguiu um pouco disso tudo e ainda fez a Sampdoria voltar a viver dias de ouro.
Após cair para a segundona, o time lutava na zona intermediária da tabela e às vezes beliscava vaga na Copa Uefa. Sob o comando de Walter Mazzarri o jogador de excelente visão de jogo e classe finíssima foi o destaque em duas temporadas seguidas, na qual a Samp voltou a decidir um título: a Coppa Italia, em 2008-09. Na semifinal, contra a Inter, seu time do coração, ele marcou um gol, mas perdeu um pênalti na final contra a Lazio. Na temporada seguinte, treinado por Luigi Delneri, iniciou a temporada com atritos com a torcida, que cobrava melhores atuações – em resposta, Cassano deu declaração polêmica e disse que poderia sair de Gênova. Depois, as boas atuações voltaram a acontecer e ele fez com Giampaolo Pazzini uma das duplas de ataque mais mortíferas da Itália em tempos recentes. Graças a 9 gols e inúmeras assistências – gols contra Juventus, Genoa e Bari como destaques –, Cassano ajudou a Sampdoria a jogar a Liga dos Campeões pela primeira vez em sua fase moderna – antes, os dorianos haviam disputado a Copa dos Campeões, e perdido na final para o Barcelona. No ano seguinte, Fantantonio se desentendeu com o presidente Riccardo Garrone e acabou afastado, multado e negociado com o Milan. Mesmo assim, por causa de suas prestações em três anos e meio, até hoje tem seu nome ligado a um possível retorno à Ligúria.
4º – Angelo Palombo
Posição: volante
Período em que atuou no clube: 2002-12 e 2012-hoje
Títulos conquistados: Europeu sub-21 (2004) e Bronze olímpico (2004)
Prêmios Individuais: nenhum
A história de 12 anos de Palombo com a Sampdoria começa em um bar no aeroporto de Malpensa, em Milão. Com apenas 21 anos, estava sem clube após a falência da Fiorentina, e assinou apressadamente um contrato de quatro anos com a equipe genovesa, que estava na Serie B. Decisão acertada. Tornou-se titular imediatamente no time de Novellino e contribuiu para o acesso à elite. Nos anos seguintes, solidificou-se como um leão à frente da defesa blucerchiata, fez história com seleções de base italianas e chegou a ganhar um bronze olímpico. Também participou de uma histórica campanha, que quase levou a Sampdoria de volta à Liga dos Campeões: o time ficou em 5º, classificou-se à Copa Uefa, um ponto atrás da Udinese, que foi à LC. Além da garra e do senso de posicionamento acima da média, Palombo também se destacava – e se destaca – pela boa saída de bola, pela habilidade em lançamentos longos e pelos potentes e colocados chutes de fora da área. Foi assim ao lado de Sergio Volpi, companheiro de meia-cancha de quem herdou a braçadeira de capitão, em 2007.
Entre os principais meias centrais do campeonato, ganhou oportunidades com a camisa da seleção, pela qual chegou a ser convocado ao Mundial de 2010. Palombo também é lembrado pela lealdade: permaneceu no clube genovês depois da campanha do fatídico rebaixamento, em 2011. Com um bom elenco, mas sem Cassano e Pazzini, que se transferiram para Milan e Inter, o time protagonizou um dos rebaixamentos mais estranhos dos últimos anos. Por isso, em lágrimas, Palombo se desculpou imediatamente após a queda com a torcida, no estádio, em cena emocionante. Ele ficou para a disputa da Serie B, embora tivesse propostas de times da elite e disputasse vaga na seleção, e foi fundamental nos primeiros seis meses da campanha de resgate doriano. Passou seis meses emprestado à Inter, onde jogou pouco, e, de volta a Gênova, com o time já na Serie A, foi dado como descartado pela diretoria. Porém, decidiu ficar. Reintegrado ao grupo, chegou a atuar como zagueiro, e como teve desempenho excepcional nas partidas iniciais, não saiu mais do time, auxiliando a equipe em duas campanhas em que o objetivo era permanecer na elite. Hoje, novamente como capitão e volante, Palombo se destaca na equipe sensação de 2014-15 como o maior ídolo da tifoseria doriana que ainda está em atividade pelo clube.
3º – Pietro Vierchowod
Posição: zagueiro
Período em que atuou no clube: 1983-95
Títulos conquistados: Serie A (1990-91), Recopa Europeia (1989-90), Supercopa italiana (1990-91) e Coppa Italia (1984-85, 1987-88, 1988-1989 e 1993-94)
Prêmios Individuais: nenhum
Vierchowod já era visto como um zagueiro de bom futuro quando foi contratado pela Sampdoria em 1981, após cinco anos jogando pelo Como. Porém, como a Doria estava na segundona, a diretoria decidiu emprestá-lo. Sabendo do seu potencial, o presidente Mantovani o repassou à Fiorentina, em 1981. O zagueirão foi titular na campanha do surpreendente vice-campeonato viola – o time ficou um ponto atrás da Juventus – e acabou fazendo parte do tricampeonato mundial da Itália, em 1982 – ele ainda jogaria as duas Copas seguintes. No entanto, a Samp seguiu na segunda divisão e ele acabou sendo emprestado à Roma, onde foi novamente titular e fazia , desta vez, garantiu o scudetto. Mesmo com uma carreira que tendia a decolar, Vierchowod aceitou de bom grado jogar na Sampdoria a partir de 1983. Afinal, a equipe estava de volta à elite e tinha um projeto ambicioso. Apesar dos primeiros anos de ouro na carreira, foi na Sampdoria que Vierchowod se sagrou de vez como um dos maiores zagueiros da história da Itália e um dos mais temidos pelos atacantes também – Diego Maradona chegou a dizer, após aposentar-se, que ele foi o adversário mais duro que teve na carreira.
Filho de um combatente do Exército Vermelho soviético, o “czar” Vierchowod levava a campo um estilo militar. Forte, rápido, marcador implacável, excelente nos desarmes e antecipações e, principalmente, extremamente competitivo, o zagueiro marcou época em seus 12 anos de Samp, conquistando, ao lado de Mannini e Mancini, todos os títulos que o clube tem até hoje. Vierchowod foi muito cortejado por outras equipes, mas havia feito um pacto com Vialli e Mancini de que só sairia de Gênova depois de conquistar um scudetto. Ficou outros quatro anos depois de ter alcançado o objetivo e só saiu com a morte do presidente Mantovani. Ao todo, jogou mais de 490 partidas pela Sampdoria: é o terceiro na lista dos que mais vezes vestiram a camisa da equipe, e, até hoje, o sexto com mais partidas entre todos aqueles que atuaram na Serie A. Poderiam ser ainda mais partidas em blucerchiato. A carreira do zagueirão ainda durou mais cinco anos e se encerrou em 2000, depois de passagens por Juventus e Milan e um título da Liga dos Campeões. E, ah, com o privilégio de ter anulado um Ronaldo 17 anos mais novo e no auge, na época em que jogava no Piacenza.
2º – Gianluca Vialli
Posição: atacante
Período em que atuou no clube: 1984-92
Títulos conquistados: Serie A (1990-91), Recopa Europeia (1989-90), Supercopa italiana (1990-91) e Coppa Italia (1984-85, 1987-88 e 1988-1989)
Prêmios Individuais: Artilheiro do Europeu sub-21 (1986), artilheiro da Coppa Italia (1988-89), artilheiro da Recopa Europeia (1989-90), artilheiro da Serie A (1990-91) e seleção da Euro (1988)
Vialli formou juntamente com Mancini uma das mais letais duplas já vistas pelo futebol italiano. Conhecidos como “Gêmeos do Gol”, os dois se tornaram os principais jogadores e símbolos da maior Sampdoria de todos os tempos. O atacante desembarcou em Gênova em 1984, depois de despontar no Cremonese e nos oito anos em que viveu na Ligúria mostrou o que dele se esperava: um atacante completo, ambidestro e bom em jogadas aéreas, com técnica suficiente para entortar adversários e marcar gols acrobáticos. Rápido, inteligente, preciso e letal, Vialli e consgarou como um dos maiores ídolos do clube em todos os tempos ao marcar 141 gols em 321 atuações.
Versátil, Vialli podia atuar pelos flancos ou mais centralizado no ataque. Atuando das duas formas, conquistou seis títulos pela Samp, e no mais importante deles, o Campeonato Italiano, sagrou-se artilheiro máximo com 19 gols – deixando os seus contra os principais rivais; Milan, Inter, Juventus, Napoli e Roma. Foi também com a camisa da Samp que Vialli alcançou o recorde de 13 gols marcados numa só edição de Coppa Italia, em 1989, quando também levantou a taça. O matador acumulava gols importantes e também foi o artilheiro e herói da primeira e única conquista continental do clube italiano, a Recopa, quando marcou os dois gols da final contra o Anderlecht. O atacante integrou a seleção italiana na Eurocopa 1988, quando teve boa atuação e integrou a seleção do torneio., e também nas Copas de 1986 e 1990 – só não jogou em 1994 por desentendimentos com Arrigo Sacchi. Deixou a Samp em 1992, para defender a Juventus, em uma das transações mais caras do futebol italiano à época.
1º – Roberto Mancini
Posição: atacante
Período em que atuou no clube: 1982-97
Títulos conquistados: Serie A (1990-91), Recopa Europeia (1989-90), Supercopa italiana (1990-91) e Coppa Italia (1984-85, 1987-88, 1988-1989 e 1993-94)
Prêmios Individuais: Guerin d’Oro (1988 e 1991), Melhor Jogador da Serie A (1997) e Melhor Jogador Italiano da Serie A (1997)
Acima de Vialli, somente mesmo Roby Mancini, um jogador que, como ele, poderia ter tido mais sorte na seleção italiana – por causa de suas diferenças com os treinadores, o atacante só atuou em uma competição oficial pela Itália, a Euro 1988. Porém, o azul da história de Mancini era outro: o da Sampdoria. Mancio é, de longe, o maior ídolo da história do clube, por combinar todas as características que os nove jogadores citados anteriormente carregam em si – mas em maior intensidade. O fantasista é, simplesmente, o jogador que mais vezes entrou em campo pela Sampdoria e o maior artilheiro da história do clube: 566 partidas e 171 gols marcados em 15 anos, período no qual ajudou a sociedade blucerchiata a faturar todos os títulos de sua história. Técnico, goleador, decisivo, líder, com personalidade forte e identificado com o clube, o qual capitaneou. Este é Mancini. E sua história se confunde completamente com a da Sampdoria – apesar de ele ainda ter defendido outros três clubes na carreira; Bologna, Lazio e Leicester. A história do clube pode tranquilamente ser dividida em a.M. e d.M. – antes e depois de Mantovani e, claro, Mancini.
O presidente contratava, mas nada poderia fazer se as apostas não dessem certo. A principal delas se converteu no maior ídolo do clube. Mantovani fez de Mancio, então com apenas 17 anos, uma de suas primeiras grandes e ambiciosas contratações: 4 bilhões de liras mais o passe de três atletas. O sucesso em campo fez com que o atacante se tornasse o seu pupilo. Antes de Mancini, que liderava uma trupe de ótimos companheiros, a Sampdoria era um time de alguma tradição, mas amplamente inferior ao seu rival, o Genoa. A equipe não tinha um título sequer e não era mais do que uma equipe da parte baixa da tabela. Depois de Mancini, a Samp se tornou uma força na Itália, levantou taças e fez história. Ao lado de Vialli, Mancini marcava gols, mas era mais responsável por organizar as jogadas. Sem o bomber, assumiu a artilharia da equipe e se tornou ainda mais completo e importante para a equipe. A forte ligação com a torcida doriana fez com que ele ficasse no time até quando não dava mais: sem Paolo Mantovani (seu filho Enrico, o substituto, era pouco ligado ao clube), e com uma Lazio endinheirada – e com Sven-Göran Eriksson, ex-Samp, no comando –, Mancini deixou o Marassi. Mas o Marassi nunca deixou Mancini.
Bom amigos, belo trabalho sobra a Samp! Gostaria de saber sobre um jogador chamado Paco Soares ( no Brasil era chamado de Edvan). Jogou na Samp entre 1997 e 1999. Como posso encontrar tal informação?